Zoroastro, um nome genérico

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:48
É natural, por conseguinte, que vejamos no nome de Zoroastro não um nome, mas um termo genérico a descoberta de cujo significado deixamos aos filósofos. Guru, em sânscrito, é um mestre espiritual; e, como Zaruastara significa, na mesma língua, aquele que reverencia Sol, por que seria impossível que, graças a algumas mudanças natural da linguagem, devido ao grande número de diferentes nações que se converteram ao culto do Sol, a palavra guru-astara, o mestre espiritual do culto do Sol, que se assemelha estreitamente ao nome do fundador dessa religião, se transformou gradualmente em sua forma primitiva Zuryastara ou Zoroastro? Opinam os cabalistas que houve apenas um Azaratusta e muitos guruastaras ou mestres espirituais, e que apenas um desses guru, ou antes, huru-aster, como é chamado nos antigos manuscritos, foi o instrutor de Pitágoras. À filosofia e aos nossos leitores deixamos a explicação pelo que ela vale. Pessoalmente, acreditamos nela, como acreditamos, quanto a esse assunto, muito mais na tradição cabalística do que na explicação dos cientistas, que até hoje ainda não conseguiram entrar em acordo sobre qualquer tema.
 
Aristóteles afirma que Zoroastro viveu 6.000 anos antes de Platão; Hermippus de Alexandria, que teria lido os livros genuínos dos zoroastrianos, embora Alexandre Magno seja acusado de tê-los destruído, mostra Zoroastro como pupilo de Agonaces (Agon-ach, ou o Deus Ahon), vivendo 5.000 anos antes da queda
de Tróia. Er ou Eros, cuja visão é relatada por Platão, na República, teria sido, segundo Clemente de Alexandria, Zardosht. Embora o mago que destronou Cambises tenha sido um meda, e Dario proclame que aboliu os ritos mágicos para estabelecer os de Ormasde, Xanthus de Lídia declara que Zoroastro havia sido o chefe dos magos!
 
Qual dos dois está errado? Ou ambos certos, falhando os intérpretes modernos em explicar a diferença entre Reformador e os seus apóstolos e seguidores? Esse lapso de nossos comentaristas lembra-nos o de Suetônio, que confundiu os cristãos com um certo Cristos, ou Cresto, como o grafa, e informa a seus leitores que Cláudio o baniu por causa da agitação que provocara entre os judeus.
 
Finalmente, e para voltar outra vez ao nazars, Plínio faz menção a Zaratus nas seguintes palavras: "Ele era Zoroastro e Nazareno". Visto que Zoroastro é chamado de princeps dos magos, e que nazar significa separado ou consagrado, não é tal palavra uma tradução hebraica de mag? Volney assim o crê. A palavra persa na-zaran significa milhões de anos, e diz respeito ao "Ancião dos Dias" caldeu. Daí o nome de nazars ou nazarenos, que se consagraram ao Deus Supremo, o Ain Soph cabalístico, ou o Ancião dos Dias, o "Ancião dos Anciãos".
 
Mas a palavra nazar pode ser encontrada também na Índia. No hindustani, nazar é a visão interna ou sobrenatural; nazar-bandî significa fascinação, um encantamento mesmérico ou mágico; e nazarân é a palavra para visão.
 
Contudo nosso ponto de vista de que as doutrinas secretas dos magos, dos budistas pré-védicos, dos hierofantes do Thoth ou Hermes egípcio, e dos adeptos de qualquer século ou nacionalidade, incluindo os cabalistas caldeus e os nazars judeus, eram idênticos desde o início. Quando empregamos o termo budistas, não fazemos em absoluto menção ao Budismo exotérico instituído pelos seguidores de Gautama Buddha, nem à moderna religião budista, mas à filosofia secreta de Sâkyamuni, que em sua essência é certamente idêntica à antiga religião da sabedoria do santuário, o Bramanismo pré-védico. O "cisma" de Zoroastro, tal como é chamado, é uma prova direta disso. Pois não houve um cisma, estritamente falando, mas apenas uma exposição parcialmente pública de verdade religiosas estritamente monoteísta, até então ensinadas apenas nos santuários, e que ele havia aprendido dos brâmanes. Zoroastro, o fundador original do culto solar não pode ser chamado de fundador do sistema dualista, nem foi ele o primeiro a ensinar a unidade de Deus, visto que nada ensinou além do que os brâmanes lhe haviam comunicado.
 
Se agora podemos provar - e podemos fazê-lo com base na evidência da Cabala e das tradições mais antigas da religião da sabedoria, a filosofia dos antigos santuários - que todos esses deuses, seja os dos zoroastristas, seja os do Veda, são apenas poderes ocultos da natureza personificados, servidores fiéis dos adeptos da sabedoria secreta - a Magia -, estaremos em terra firme.
 
Por conseguinte, quando dizemos que o Cabalismo e o Gnosticismo procedem do asdeísmo ou do Zoroastrimo, queremos afirmar a mesma coisa, a menos que lhes demos o significado de oculto exotérico - o que não é o caso. Assim também, e nesse mesmo sentido, fazemos eco a King, o autor de The Gnostics, e a diversos outros arqueólogos, afirmando que as duas primeiras escolas procedem do Budismo, que é ao mesmo tempo a mais simples e a mais satisfatória das filosofias, e que resultou numa das mais puras religiões do mundo. É apenas uma questão de cronologia decidir qual dessas religiões, que diferem apenas na forma externa, é a mais antiga, e, por conseguinte, a menos adulterada. Mas mesmo isso só toca indiretamente no assunto de que aqui tratamos. Já há muito tempo antes de nossa era, os adeptos, exceto na Índia, haviam cessado de se congregar em grandes comunidades; mas seja entre os essênios, seja entre os neoplatônicos, seja, ainda, entre as inúmeras seitas dissidentes que nasceram para morrer, as mesmas doutrinas, idênticas em substância e espírito, se não sempre em forma, são sempre encontradas. Por Budismo, por conseguinte, entendemos a religião que significa literalmente a doutrina da sabedoria e que precede em muitos séculos à filosofia metafísica de SIDDHÂRTHA-SÂKYAMUNI (Nome do fundador do Budismo).

Outras páginas interessantes: