Quem nunca parou para imaginar do que somos feitos?
Oxigênio e hidrogênio constituem 76% do corpo - eis aí sua água. Carbono, cerca de 17,5%. Nitrogênio, mais 2,5%. Cálcio, que eu antes achava que devia ser uma parcela significativa, é pouco mais de 1,5%. Estes cinco respondem sozinhos por 97,5% de nosso corpo. Os outros 2,5% são fósforo, potássio, sódio, cloro, e uma infinidade de elementos.
Nosso código genético está praticamente todo mapeado. Algum tempo atrás, vimos uma certa comoção devido à descoberta de um novo ligamento - foi algo espantoso, pois temos nosso organismo extensivamente mapeado, analisado, compreendido. Acredito que em não muitos anos, teremos um mapa extremamente detalhado da totalidade de nosso corpo. Talvez eu viva para assistir esse momento.
Hoje construímos próteses, desenvolvemos órgãos em laboratório, manipulamos o DNA para conseguir melhorar nossas condições de vida, ou simplesmente escolher um dentre vários potenciais embriões. Transplantamos pedaços de seres humanos para outros seres humanos de forma corriqueira. Pesquisamos células tronco buscando um grande coringa biológico que nos permitiria reproduzir qualquer tipo de célula ou curar doenças hoje terminais.
Mas por mais que já estejamos aptos a manipular a vida de uma forma assombrosa, um fato permanece: não conseguimos criar vida. E, sob a luz dos ensinamentos teosóficos ou de Djwal Khul, isso não se deve simplesmente a uma limitação técnica, que os anos venceriam (vejam os comentários sobre o sutratma no artigo "o antahkarana"). O problema é que não somos simplesmente um aglomerado de elementos químicos estruturados de uma forma quase inacreditavelmente complexa - e harmônica - por obra de algum plano divino ou da evolução. A matéria, da forma que lidamos nas aulas de química, é apenas uma minúscula fração do que constitui um ser humano.
Mas o que constitui, então, um ser humano?
Alguns anos atrás vi um desenho, em um slide durante uma aula, que me esforcei em esboçar para análise futura, sem saber que era extremamente conhecido. Encontrei uma versão dele no google sem muito esforço depois:
Muitos dos conceitos representados por esse esquema são de conhecimento geral, como as naturezas física, emocional e mental do homem, porém uma das principais utilidades em conhecer (ao menos em linhas gerais) essa representação nem sempre é percebida. Entender de onde podem vir impressões que afetem nossa consciência previne confusões e nos ajuda a identificá-las de forma mais precisa, separando por exemplo o astral do mental e intuicional - porém é sempre bom ter em mente que a "localização" dessas forças sutis é uma questão muito mais vibracional do que posicional. Além disso, esse "mapa", aliado a um senso de autocrítica e o estudo ao longo da vida nos dá uma idéia de em que ponto do caminho nos encontramos, e consequentemente qual deve ser nosso próximo passo.
Vamos "atacá-lo" por etapas, buscando entender os principais conceitos nele representados.
Existem sete grande divisões no desenho, representando os sete planos. Acima vemos a representação do plano físico, que corresponde ao que podemos "tocar": matéria sólida, líquida, gasosa, e também matéria em menores graus de densidade, como elétrons. À esquerda existe uma numeração que vai de 1 a 7, sendo 7 o subplano mais denso, e 1 o subplano menos denso. O primeiro subplano de cada plano (chamado de atômico) contém o "tipo" básico de matéria daquele plano que, agrupando-se em densidades cada vez maiores, forma o restante dos subplanos.
Falando do que nos constitui deste plano, temos:
- O que chamamos de corpo etérico, formado pela matéria do primeiro ao quarto subplano. Sua função é principalmente conduzir a vitalidade do nosso organismo.
- Nosso "corpo físico denso", formado por matéria do quinto ao sétimo subplano. Este é o que estamos habituados a chamar de "nosso corpo", e cujo funcionamento é tão conhecido pela medicina e ciência.
Sabemos, porém, que não somos formados apenas pelo nosso corpo físico denso mais o corpo etérico. Na figura abaixo vemos o que mais compõe o que chamamos de "personalidade", nossa identidade nesta encarnação em particular:
Na imagem acima vemos, além de uma parte do plano físico, os planos astral e mental. E em cada um dos planos, vemos um "átomo permanente" - o átomo permanente físico, o astral, e a "unidade mental", ligados por uma linha tracejada. Esses três "pontos" representam pequenos centros de força em torno dos quais são criados os três veículos de expressão da personalidade:
- O corpo físico, que nos permite interagir com o mundo a nossa volta em nosso dia a dia e já foi tratado acima;
- O corpo astral, construído com matéria do plano astral, e que nos permite vivenciar e interagir no campo emocional;
- O corpo mental, construído com matéria dos 4 subplanos inferiores do plano mental, também chamados de "mental concreto" ou "mental inferior", e que nos permite estruturar idéias e ter pensamentos.
Os três pequenos centro de forças que originam esses corpos de expressão estão contidos em um "envólucro" de matéria do 3° subplano mental conhecido como "corpo causal", ou "alma". O corpo causal está representado como um pequeno triângulo amarelo. Quando reencarnamos, esses três centros são utilizados para criar novos corpos (e portanto uma nova personalidade), porém as experièncias de todas as nossas vidas são "armazenadas" através deles no corpo causal. Nossa alma, portanto, sobrevive à morte da personalidade, e "retorna" através de novos corpos de expressão em cada nova encarnação. De forma simplista, podemos dizer que tudo o que está representado do quarto subplano mental "para baixo" faz parte do domínio da personalidade, e portanto é transitório.
Existe uma razão para a representação da alma como um triângulo. Para chegar à ela, vamos dar um salto para a parte superior do gráfico, e falar do que está no segundo plano, conhecido como monádico:
O aspecto mais elevado de nossa natureza como ser humano é a Mônada, o "eterno peregrino". E ela, como vários outros aspectos de nossa constituição, é trina. O "cerne" da mônada é puro espírito, emanando de Adi, o plano Divino, o "mar de fogo" de onde vem a energia que anima todo o plano físico cósmico. Ela é una, porém também é trina. Aqui entramos no mistério da trindade - um, ainda que três; três, ainda que um. Esses três aspectos, conhecidos como o Pai, o Filho e o Espírito Santo no cristianismo, ou simplesmente como Vontade, Amor/Sabedoria e Inteligência Ativa, dão origem, como veremos, a tudo que está "abaixo" deles.
A Mônada portanto encerra os aspectos:
- Vontade, ou "O Pai"
- Amor/Sabedoria, ou "O Filho"
- Inteligência Ativa, ou o "Espírito Santo"
Falando de forma bastante "prática", lidamos com esses aspectos diretamente apenas a partir da quarta iniciação, embora recebamos algum impacto deles na segunda e terceira também.
Os três aspectos da Mônada vistos acima (Vontade, Sabedoria e Inteligência) se refletem nos planos mais densos dando forma ao que chamamos de Ego, ou tríade superior dando origem a:
- Vontade Espiritual, como reflexo da Vontade Monádica
- Intuição, como reflexo da Sabedoria Monádica
- Mente abstrata, como reflexo da Inteligência Ativa
A Mônada e o Ego são os aspectos mais impessoais de nossa natureza. A Mônada, embora trina, enfatiza a unidade entre os três aspectos divinos. Pode-se dizer que a tríade superior enfatiza a distinção entre eles, embora o sentido de unidade seja verdadeiro também neste nível.
O Ego começa a se fazer sentir nos homens que estão avançando no caminho espiritual. Pode-se dizer que o esforço da personalidade em se elevar provoca uma reação no ego, tornando-o "magnético" à esses esforços, e assim auxiliando nessa subida. A partir da primeira iniciação certamente o Ego já começa a exercer essa atração, e chegando à terceira iniciação ele já exerce decisivo controle sobre a personalidade. Talvez a quarta iniciação marque a conclusão desse processo, dando ao Ego controle completo da personalidade.
Com esse conhecimento podemos complementar nossas informações sobre a personalidade, dizendo que ela também é um reflexo do Ego:
- O corpo físico reflete o aspecto da Vontade Espiritual
- O corpo astral reflete o aspecto da Intuição
- O corpo mental (mente concreta) reflete o aspecto da Mente Abstrata
O objetivo imediato do homem é controlar os três corpos inferiores (personalidade), colocando-os à serviço da alma. Este é um objetivo aparentemente simples, porém está longe de ser de fácil execução, e muitas, muitas vidas são necessárias para concluir esse processo. E o método para isso é basicamente meditação, estudo e serviço.
É interessante observar esses reflexos do ponto de vista das afinidades entre os corpos. Por exemplo, existe um vínculo entre o corpo astral e o búdico/intuicional, como foi um pouco explorado no artigo sobre o estudo dos símbolos. E de forma geral, o esquema reproduzido no início do artigo sintetiza muitas outras informações. Como sempre, os livros de Alice Bailey e muitos autores teosóficos podem expandir esse tema e valem o tempo dedicado ao seu estudo.
Fico por aqui nesta introdução ao tema da "constituição humana". Caso tenham algum comentário ou sugestão de como expandir o assunto, não deixem de escrever!
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