Se queremos nos assegurar de que Jesus era um verdadeiro nazareno - embora com idéias de uma nova reforma -, não devemos buscar a prova nos Evangelhos traduzidos, mas nas versões originais de que dispomos. Tischendorf, em sua tradução do grego, da passagem de Lucas, IV, 34, chama-o "Iesou Nazarene"; e no texto siríaco lê-se "iasua, tu o nazaria". Portanto, se levarmos em conta tudo o que é enigmático e incompreensível nos quatros Evangelhos, revisados e corrigido em sua forma atual, veremos facilmente por nós mesmos que o verdadeiro e original Cristianismo, tal como pregado por Jesus, encontra-se apenas chamadas heresias sírias. Somente delas podemos extrair noções claras sobre o que era o Cristianismo original. Tal era a fé de Paulo, quando Tertulo, o orador, acusou o apóstolo diante do governador Félix. Ele se queixava de que "encontramos esse homem (...) suscitador de tumultos (...) chefe da seita dos nazarenos"; e, ao passo que Paulo nega todas as outras acusações, confessa que "segundo o caminho que chamam de heresia, sirvo ao Deus de meus pais". Essa confissão vale por toda uma revelação. Ela mostra 1º: que Paulo admitia pertencer à seita dos nazarenos; 2º: que ele servia ao Deus de seus pais, não ao Deus cristão trinitário, de quem ele nada sabe, e que só foi inventado depois de sua morte; e 3º: que essa infeliz confissão explica satisfatoriamente que o tratado dos Atos dos Apóstolos, juntamente com o Apocalipse de João, que num dado momento foi completamente rejeitado, ficaram ambos fora do cânone do Novo Testamento durante um longo período de tempo.
Em Biblos, os neófitos, assim como os hierofantes, após terem participado dos mistérios, eram obrigados a jejuar e a ficar em solidão por algum tempo. Um jejum e uma preparação muito rigorosa eram exigidos, tanto antes como depois das orgias báquicas e eleusinas; e Heródoto menciona, com medo e veneração, o LAGO de Baco, no qual "eles [os sacerdotes] davam, de noite, representações de sua vida e de seus sofrimentos Nos sacrifícios mítricos, durante a iniciação, uma cena preliminar de morte era simulada pelo neófito, que precedia à cena que o mostrava "renascendo pelo rito do batismo". Uma parte dessa cerimônia ainda é encenada nos dias de hoje pelos maçons, quando o neófito, qual o seu Grande Mestre Hiram Abiff, jaz morto, sendo despertado pelo forte aperto da garra do leão.
Os sacerdotes eram circuncidados. O neófito não podia ser iniciado sem ter participado dos mistérios solenes do LAGO. Os nazarenos eram batizados no Jordão, e não podiam ser batizados em qualquer outro lugar. Eles também eram circuncidados, e deviam jejuar antes e depois da purificação pelo batismo. Afirma-se que Jesus jejuou no deserto durante quarenta dias, imediatamente após o seu batismo. Até os dias de hoje há, na parte exterior de todos os templos na Índia, um lago, uma corrente ou um reservatório cheio de água sagrada, no qual os brâmanes e os devotos hindus se banham diariamente. Tais locais de água consagrada são necessários em todos os templos. Os festivais de banho, ou ritos batismais, ocorrem duas vezes por ano; em outubro e abril. Cada um dura dez dias; e, como no Egito e na Grécia antiga, as estátuas de seus deuses, deusas e ídolos são imersas nas águas pelos sacerdotes, sendo o objetivo da cerimônia livrá-las do pecado de seus adoradores, com os quais elas são carregadas e poluídas, até serem purificadas pela água sagrada. Durante o ârati, a cerimônia de banho, o deus principal de todos os templos é transportado em solene profissão para ser batizado no mar. Os sacerdotes brâmanes, que carregam as imagens sagradas, são seguidos geralmente pelo Mahârâja - os pés descalços, e quase nu. Por três vezes os sacerdotes entram no mar; na terceira vez, levam consigo todas as imagens. Erguendo-as com orações repetidas por toda a congregação, o Sumo Sacerdote mergulha as estátuas dos deuses por três vezes, em nome da Trindade mística, na água, após o que ficam todos purificados. O hino órfico afirma que a água é o maior purificador dos homens e dos deuses.
Nossa seita nazarena, como se sabe, organizou-se por volta de 150 d.C., e viveu nas margens do Jordão, e na costa ocidental do Mar Morto, de acordo com Plínio e Flávio Josefo. Mas no Gnostics de King descobrimos, citada, outra afirmação de Josefo (Antiq., XV, 15), que diz que os essênios se haviam estabelecido nas costas do Mar Morto "milhares de séculos" antes do tempo de Plínio.