A Vontade Deve Dominar as Forças Intelectuais e Materiais

Enviado por Estante Virtual em qui, 22/12/2011 - 03:01

"Certa vez, enquanto eu e outros estávamos no café com Sir Maswell, ele ordenou à sua doméstica que introduzisse o encantador. Pouco depois um esquálido hindu, quase nu, com um rosto ascético e bronzeado, fez a sua entrada. Em torno do pescoço, dos braços, das coxas e do corpo estavam enroladas as serpentes de diversos tamanhos. Depois de saudar-nos, ele disse: `Deus esteja convosco, sou Chibh-Chondor, filho de Chibh-Gontnalh-Mava'.

"`Desejamos ver o que sois capaz de fazer', disse nosso anfitrião.

"`Eu obedeço às ordens de Shiva, que me enviou para cá', replicou o faquir, instalando-se sobre uma das lajes de mármore.

"As serpentes levantaram as cabeças e silvaram, mas sem mostrar a menor cólera. Tomando então uma pequena flauta, presa numa mecha do cabelo, ele emitiu sons quase inaudíveis, imitando o tailapaca, um pássaro que se alimenta de cocos quebrados. As serpentes se desenrolaram e uma após outra desceram ao chão. Assim que tocaram o solo, elevaram um terço de seus corpos, e começaram a acompanhar o ritmo da música de seu mestre. Subitamente o faquir largou o seu instrumento e fez diversos passes com as mãos sobre as serpentes, que eram em número de dez, e todas das espécies mais mortíferas de serpentes indianas. Seus olhos assumiram uma estranha expressão. Todos sentidos uma indefinível agitação, e tentamos desviar nossos olhos dele. Nesse momento um pequeno shocra (macaco), cuja tarefa era oferecer fogo num pequeno braseiro para acender cigarro, sucumbiu à sua influência, deitou-se e adormeceu. Cinco minutos se passaram, e sentimos que se as manipulações continuassem por mais alguns segundos todos adormeceríamos. Chondor então se ergueu e, fazendo mais dois passes sobre o shocra, disse-lhe: `De fogo ao comandante'. O jovem macaco levantou-se, e sem hesitar aproximou-se de seu senhor e lhe ofereceu fogo. Ele foi beliscado, empurrado, até não se ter nenhuma dúvida de que ele estivesse adormecido. Ele não quis afastar-se de Sir Maswell até que o faquir lho ordenasse.

"Examinamos então as serpentes. Paralisada pela influência magnética, elas estavam estendidas ao longo do chão. Pegando-as, encontramo-las rígidas como bastões. Estavam num estado de completa catalepsia. O faquir então as despertou, após o que elas voltaram e novamente se enrolaram em torno de seu corpo. Perguntamo-lhe se podia fazer-nos experimentar a sua influência. Ele fez alguns poucos passes sobre nossas pernas e imediatamente perdemos o controle sobre esses membros; não podíamos deixar nossos assentos. Ele nos libertou tão facilmente quando nos tinha paralisado.

"Chibh-Chondor encerrou a sessão com experiências feitas sobre objetos inanimados. Por meio de passes simples na direção do objeto sobre o qual se desejava agir, e sem deixar o assento, ele diminuiu e extingui as lâmpadas das partes mais distantes da sala, deslocou a mobília, incluindo os divãs em que estávamos sentados, abriu e fechou portas. Percebendo um hindu que estava retirando água de um poço do jardim, ele fez um passe em sua direção, e a corda subitamente parou de descer, resistindo a todos os esforços do atônito jardineiro. Com outro passe, a corda desceu novamente.

"Perguntei a Chibh-Chondor: `Empregais para agir sobre objetos inanimados o mesmo processo que utilizais sobre criaturas vivas?'

"`Tenho apenas um processo', respondeu.

"`Qual é ele?'

"`A vontade. O homem, que é o fim de todas as forças intelectuais e materiais, deve dominar a todas. Os brâmanes nada sabem além disso.'"

"Sanung Setzen", o Cel. Yule, "enumera uma variedade de atos maravilhosos que podem ser realizados através do Dharani (encantamentos místicos hindus). Tais são fincar um prego numa rocha sólida; dar vida ao morto; transformar uma cadáver em outro; penetrar em todos os lugares, como o faz o ar (sob forma astral); voar; agarrar feras selvagens com as mãos; ler pensamentos; fazer remontar a corrente de água; comer ladrilhos; sentar-se no ar com as pernas dobradas, etc." Antigas lendas atribuem a Simão, o Mago, exatamente os mesmos poderes. "Ele fazia as estátuas andar; ele saltava no fogo sem se queimar; voava no ar; transformava as pedras em pão; modificava suas formas; apresentava dois rostos ao mesmo tempo; transformava-se em coluna; fazia as portas fechadas abrirem-se espontaneamente; fazia os utensílios de uma casa moverem-se, etc.

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