Os Fenômenos Psíquicos e as Artes Mágicas

Enviado por Estante Virtual em qui, 22/12/2011 - 03:03

Existem certos homens que os tártaros veneram acima de tudo no mundo" diz o monge Ricold, "a saber, os baxitae, que são uma espécie de sacerdotes-ídolos. Eles são originários da Índia, pessoas de profunda sabedoria, de boa conduta e de moral austera. Eles são versados nas artes mágicas (...) exibem muitas ilusões, e predizem os eventos futuros. Por exemplo, dizia-se que o mais eminente deles era capaz de voar; mas a verdade, contudo, como ficou provado, é que ele não voava, mas caminhava perto da superfície do solo sem o tocar; e ele parecia sentar-se sem ter qualquer suporte para sustentá-lo. Este último fenômeno foi testemunhado por Ibn Batuta, em Delhi", acrescenta o Cel. Yule, que cita o monge em Book of Ser Marco Polo, "na presença do sultão Mahomet Tughlak"; e foi formalmente exibido por um brâmanes em Madras no presente século, um descendente dos brâmanes que Apolônio viu caminhando a dois côvados do solo. Isso foi descrito também pelo ilustre Francis Valentyn como sendo um espetáculo conhecido e praticado em seu próprio tempo na Índia. Conta-se, diz que um homem começa por sentar-se sobre três bastões reunidos para formar um trípode, após o que, primeiro um, depois o segundo e então o terceiro, todos os bastões são retirados, não caindo o homem, mas permanecendo sentado no ar! Falei com dois amigos que haviam testemunhado um fato dessa natureza, e um deles, posso acrescentar, não acreditando em seus próprios olhos, deu-se ao trabalho de verificar com um bastão se não havia algo sobre o qual o corpo se apoiasse; mas, como contou, ele não pôde sentir ou ver qualquer coisa.

Proezas como essas nada são se comparadas com as que fazem os prestidigitadores profissionais; "proezas", assinala o autor acima citado, "que poderiam passar por meras invenções se narradas por apenas um autor, mas que parecem merecer uma séria atenção quando são relatadas por vários autores, certamente independentes uns dos outros e escrevendo a longos intervalos de tempo e lugar. Nossa primeira testemunha é In Batuta, e será necessário citá-lo por extenso, assim como a outros, a fim de mostrar até que ponto as suas evidências concordam entre si. O viajante árabe estava presente por ocasião de um grande espetáculo na corte do Vice-rei de Khansa. "Nessa mesma noite um prestidigitador, que era um dos escravos de Khan, fez sua aparição, e o Emir lhe disse: `Vem e mostra-nos algumas de tuas maravilhas!' Ele tomou então uma bola de madeira, com vários furos, pelos quais passaram longas correias de couro, e, segurando uma delas, arremessou a bola ao ar. Ela se elevou tão alto que a perdemos de vista (...) (Estávamos no interior da corte do palácio.) Restou então apenas uma parte da ponta de uma correia na mão do mágico, e ele pediu a um dos rapazes que o assistiam que a pegasse e que montasse nela. Ele o fez, subindo pela correia, e nós o perdemos de vista também! O mágico então o chamou por três vezes, mas, não obtendo nenhuma resposta, tomou uma faca, como se estivesse tomado de cólera, subiu pela correia, e desapareceu também! Logo ele jogou uma das mãos do rapaz, depois um pé, a outra mão, e o outro pé, depois o tronco, e por fim a cabeça! em seguida ele próprio desceu ofegante, e com as vestes manchadas de sangue beijou o solo à frente do Emir, e lhe disse algo em chinês. O Emir deu alguma ordem em resposta, e nosso amigo então apanhou os membros do rapaz, reuniu-os juntos em seus lugares, e deu-lhes um chute, e eis que lá estava o rapaz, que se plantou à nossa frente! Tudo isso me surpreendeu extraordinariamente, e tive um ataque de palpitações semelhante ao que em sobreveio outrora na presença do Sultão da Índia, quando ele me mostrou algo do mesmo gênero. Deram-me no entanto um cordial, que me curou do ataque. O Kaji Afkharuddin estava próximo de mim e disse: `Senhor! creio que não houve nem subida, nem descida, nem mutilação, nem remendo! Tudo não passa de um hocus-pocus'"!

E quem duvida de que não se trata de uma "hocus-pocus", de uma ilusão, ou Mâyâ, como os hindus a chamam? Mas um tal ilusão é produzida, por assim dizer, diante de milhares de pessoas ao mesmo tempo, como a vimos durante um festival público, os meios pelos quais uma alucinação tão extraordinária pode ser produzida merecem a atenção da ciência! Quando por uma tal mágica um homem que está à vossa frente, numa sala, cujas portas tivestes o cuidado de fechar, estando as chaves em vossa mão, subitamente desaparece, se desvanece como um raio de luz, e não o vedes em lugar nenhum mas ouvis a sua voz de diferentes partes da sala chamando-vos e rindo de vossa perplexidade, tal arte certamente não é indigna do Sr. Huxley ou do Dr. Carpenter. Não vale a pena consagrar-se tal estudo da mesma maneira que a esse outro mistério menor - como por que os galos cantam à meia-noite?

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