Os Elementais Descritos Pormenorizadamente

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 04:10

As criaturas inferiores na escala dos seres são as criaturas invisíveis que os cabalistas chamam de "elementares". Existem três classes distintas de tais seres. A mais elevada, em inteligência e em discernimento, é a dos chamados espíritos terrestres. Basta dizer, por enquanto, que eles são as larvas, as sombras dos que viveram sobre a Terra, recusaram toda luz espiritual, permaneceram e morreram profundamente imersos no barro da matéria, e de cujas almas pecaminosas o espírito imortal gradualmente se afastou. A segunda classe é composta dos antitipos invisíveis dos homens a nascer. Nenhuma forma pode vir à existência objetiva - da mais alta à mais baixa - antes que o ideal abstrato desta forma - ou, como Aristóteles a chamaria, a privação desta forma - seja evocado. Antes que um artista pinte um quadro, todos os traços deste já estão em sua imaginação; e para que sejam capazes de discernir um relógio, este relógio particular deve ter existido em sua forma abstrata na mente do relojoeiro. Dá-se o mesmo com os futuros homens.

Segundo a doutrina aristotélica, existem três princípios de corpos naturais; privação, matéria e forma. Estes princípios podem aplicar-se neste caso particular. A ideação da criança que vai nascer localiza-se na mente individual do grande Arquiteto do universo - pois na doutrina aristotélica não se considera a ideação como um princípio na composição dos corpos, mas como uma propriedade externa em sua produção; pois a produção é uma modificação pela qual a matéria passa da forma que não tem para aquela que assume. Embora a ideação da forma futura de um relógio ainda não construído não seja uma substância, nem uma extensão, nem uma qualidade, nem qualquer espécie de existência, mesmo assim é algo que é, embora seus contornos, para existir, devam adquirir uma forma objetiva - em suma, o abstrato deve tornar-se concreto. Assim, logo que esta ideação da matéria é transmitida pela energia ao éter universal, ela se torna uma forma material, ainda que sublimada. Se a ciência moderna ensina que o pensamento humano "afeta simultaneamente outro universo simultâneo a este", como pode aquele que acredita numa Causa Primária Inteligente negar que o pensamento divino seja igualmente transmitido, pela mesma lei da energia, ao nosso mediador comum, o éter universal - a alma do mundo? E, sendo assim, segue-se que, uma vez lá, o pensamento divino se manifesta objetivamente, com a energia reproduzindo fielmente os contornos daquilo cuja "ideação" nasceu em primeiro lugar na mente divina. Apenas não se deve entender que este pensamento cria matéria. Não; ele cria apenas o plano da forma futura, uma vez que a matéria que serve para fazer este plano sempre existiu, e foi preparado para formar um corpo humano, através de uma série de transformações progressivas, com os resultado da evolução. As formas passam; as idéias que as criaram e o material que lhe deu objetividade ficam. Estes modelos, ainda desprovidos de espíritos imortais, são "elementais" - embrião psíquicos, propriamente dito - que, quando chega seu tempo, morrem no mundo invisível, e nascem no mundo visível como crianças humanas, recebendo in transitu o sopro Divino chamado Espírito que completa o homem perfeito. Esta classe não pode comunicar-se objetivamente com os homens.

A terceira classe são os "elementais", que jamais se transformam em seres humanos, mas ocupam um grau específico na escala de seres, e, em comparação com os outros, podem ser justamente chamados de espíritos da Natureza, ou agentes cósmicos da Natureza, uma vez que cada ser se acha confinado ao seu próprio elemento e nuca transgride os limites dos outros. São aqueles que Tertuliano chamava de "príncipes das potestades do ar".

Crê-se que esta classe possui apenas um dos três atributos do homem. Não tem espíritos imortais nem corpos tangíveis; apenas formas astrais, que participam, num grau notável, do elemento ao qual pertencem e também do éter. Eles são uma combinação da matéria sublimada e de uma mente rudimentar. Alguns são imutáveis, mas ainda não têm individualidade distinta, agindo coletivamente, por assim dizer. Outros, de alguns elementos e espécies, alteram-se sob uma lei fixa que os cabalistas explicam. O mais sólido de seus corpos é imortal o bastante para escapar à percepção de nossa visão física, mas não tão insubstancial que não possa ser perfeitamente reconhecido pela nossa visão interna ou clarividente. Eles não apenas existem e podem viver no éter, mas podem maneja-lo e dirigi-lo para a produção de efeitos físicos, tão facilmente quanto podemos comprimir o ar ou a água para o mesmo propósito com aparelhos pneumáticos e hidráulicos; e nessa ocupação eles são de bom grado ajudados pelos "elementares humanos". Mais do que isso; eles podem condensá-lo ao ponto de fazer corpos tangíveis para si, que, pelos seus poderes protéicos, podem fazer assumir a forma que desejarem, tomando como modelo os retratos que encontraram estampados na memória das pessoas presentes. Não é necessário que o circundante esteja pensando no momento na pessoa cujo retrato é apresentado. Sua imagem pode ter desaparecido muitos anos antes. A mente recebe impressões indeléveis mesmo de relações causais ou de pessoas encontradas apenas uma vez. Assim como alguns segundos de exposição de uma chapa fotográfica sensível bastam para preservar indefinidamente a imagem do circunstante, o mesmo ocorre com a mente.

De acordo com a doutrina de Proclo, as regiões superiores, do zênite do universo à Lua, pertenciam aos deuses ou aos espíritos planetários, segundo suas hierarquias e classes. Os mais elevados dentre eles eram os doze hyper-ouranioi, ou deuses celestiais, que têm legiões internas de demônios subordinados aos seu comando. Eles são seguidos em ordem e poder pelos egkosmioi, os deuses intercósmicos, cada um dos quais preside um grande número de demônios, aos quais comunicam seu poder, transformando-o de um a outro à vontade. São evidentemente as forças personificadas da Natureza em sua correlação mútua, e estas últimas são representadas pela terceira classe ou os ‘elementais” que descrevemos.

Mais adiante ele mostra, de acordo como o princípio do axioma hermético dos tipos e protótipos, que as esferas têm suas subdivisões e classes de seres como as esferas celestiais superiores, as primeiras estando sempre subordinadas às últimas. Ele afirma que os quatro elementos estão repletos de demônios, sustentando com Aristóteles que o universo é pleno e que não existe vácuo na Natureza. Os demônios da Terra, do ar, do fogo e da água são de uma essência fluída, etérea, semicorpórea. São estas classes que atuam como agentes intermediários entre os deuses e os homens. Embora inferiores em inteligência à sexta ordem dos demônios mais elevados, estes seres governam diretamente sobre os elementais e a vida orgânica. Eles dirigem o crescimento, o florescimento, as propriedades e as diversas transformações das plantas. Eles são as idéias ou virtudes personificadas derramadas do hylê celeste na matéria inorgânica; e, como o reino vegetal é um grau mais elevado que o reino mineral, estas emanações dos deuses celestiais tomam forma e existência na planta, e tornam-se sua alma. Isto é o que a doutrina aristotélica chama de forma nos três princípios dos corpos naturais, classificados por ele como privação, matéria e forma. Sua filosofia ensina que, além da matéria original, outro princípio é necessário para completar a natureza trina de toda partícula, e esse é a forma; um ser invisível, mas ainda, no sentido antológico da palavra, substancial, realmente distinto da matéria propriamente dita. Portanto, num animal ou numa planta, além dos ossos, a carne, os nervos, o cérebro e o sangue no primeiro, e além da matéria polposa, tecidos, fibras e seiva no segundo, sangue e seiva que, circulando pelas veias e fibras, nutrem todas as partes do animal e da planta; e além dos espíritos animais, que são os princípios de movimento; e da energia química que se transforma em força vital na folha verde, deve haver uma forma substancial, que Aristóteles chamava, no cavalo, a alma do cavalo, Proclo, o demônio de todo mineral, planta ou animal, e os filósofos medievais, os espíritos elementares dos quatro reinos.

Tudo isso é tido em nosso século como Metafísica e grosseira superstição. No entanto, segundo princípio estritamente ontológicos, há, nestas antigas hipóteses, alguma sombra de possibilidade, algum índice para os desconcertantes "elos perdidos" da ciência exata.

No Panteão hindu há nada menos do que 330.000.000 de várias espécies de espíritos, incluindo os elementais, que os brâmanes chamavam de daityas. Sabem os adeptos que estes seres são atraídos a certos quadrantes dos céus por algo dessa mesma propriedade misteriosa que faz a agulha magnética orientar-se para o norte, e certas plantas a obedecer à mesma atração. Acredita-se também que as diversas raças têm uma simpatia especial por certos temperamentos humanos, e que exercem mais facilmente o poder sobre uns do que sobre outros. Assim, uma pessoa biliosa, linfática, nervosa ou sangüínea é afetada favoravelmente ou não pelas condições da luz astral, que resulta de diferentes aspectos dos corpos planetários.

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