O Eterno Conflito Entre as Religiões do Mundo

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 04:09

O eterno conflito entre as religiões do mundo - Cristianismo, Judaísmo, Bramanismo, Budismo - provêm exclusivamente desta razão: apenas uns poucos conhecem a Verdade; os demais, não desejando retirar o véu de seus corações, imaginam que ela cega os olhos de seu vizinho. O deus de toda religião exotérica, incluindo o Cristianismo, não obstante as suas pretensões ao mistério, é um ídolo, uma ficção, e não pode ser outra coisa. Moisés, cuidadosamente velado, fala às multidões obstinadas de Jehovah, a divindade cruel, antropomórfica, como do altíssimo Deus, que oculta no fundo de seu coração a Verdade que "não pode ser dita ou revelada". Kapila golpeia com a espada afiada de seu sarcasmo os iogues bramânicos que em suas visões místicas pretendiam ver o ALTÍSSIMO. Gautama Buddha oculta, sob um manto impenetrável de sutilezas metafísicas, a Verdade, e é visto pela posteridade como um ateu. Pitágoras, com seus misticismo alegórico e sua metempsicose, é tido como um hábil impostor, e outros filósofos têm essa mesma reputação, como Apolônio e Plotino, dos quais se diz geralmente que são visionários, senão charlatões. Platão, muito provavelmente porque diz, no que toca ao Supremo, que "um assunto dessa espécie não pode ser expresso em palavras, como as outras coisas que podem ser aprendias"; e porque faz Protágoras exagerar o uso dos "véus". A caraterística mais importante deste mistério aparentemente incompreensível reside talvez no hábito inveterado da maioria dos leitores de julgar uma obra por suas palavras e pelas idéias insuficientemente expressas, deixando seu espírito fora de questão. Como os milhares de raios divergentes de nosso globo de fogo, em que cada um deles conduz, não obstante, ao ponto central, assim todo filósofo místico, seja ele um entusiasta devotadamente piedoso como Henry More; um irascível alquimista que use expressões vulgares, como seu adversário, Eugênio Filaletes; ou um ateu (?) como Spinoza, todos têm um único e mesmo objetivo em vista - o HOMEM. É Spinoza, contudo, quem talvez forneça a chave mais certa para uma porção desse segredo não revelado. Enquanto Moisés proíbe "imagens esculpidas" DELE, cujo nome não deve ser tomado em vão, Spinoza vai mais longe. Ele infere claramente que Deus não deve ser descrito. A linguagem humana é totalmente insuficiente para dar uma idéia deste "SER" que é absolutamente único. Deixamos para o leitor julgar por si se é Spinoza ou a teologia cristã o que está mais certo em suas premissas e conclusões. Toda tentativa em contrário conduz uma nação a antropomorfizar a divindade em que acredita, e o resultado é aquele indicado por Swedenborg. Em lugar de estabelecer que Deus faz o homem segundo a sua própria imagem, deveríamos em verdade dizer que "o homem imagina Deus de acordo com a sua imagem", esquecendo que ele erigiu o seu próprio reflexo para adoração.

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