A Significação Secreta dos Ciclos e Kalpas. A Manifestação de Brahmã

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 12:49

As especulações de Dupuis, Volney e Godfrey Higgins sobre a significação secreta dos ciclos, ou dos kalpas e dos yugas dos bramânicos e dos budistas, pouco significaram, pois não possuíam a chave da doutrina espiritual esotérica neles contida. Nenhuma filosofia especulou sobre Deus como uma abstração mas considerou-O sob as Suas várias manifestações. A "Causa Primeira" da Bíblia dos hebreus, as "Monas" pitagóricas, a "Existência Una" do filósofo hindu e o "Ain-Soph" cabalístico - o Ilimitado - são idênticos. O Bhagavat hindu não cria; ele entra no ovo do mundo e emana dele como Brahmâ, da mesma maneira que a Díada pitagórica se desenvolve das Monas mais elevadas e solitárias. A Monas do filósofo de Samos é o Monas hindu (mente), "que não tem primeira causa (apûrva) ou causa material, nem está sujeito à destruição". Brahmâ, como Prajâ-pati, manifesta-se antes de tudo como "doze corpos", ou atributos, representados pelos doze deuses, que simbolizam: 1º) o Fogo; 2º) o Sol; 3º) o Soma, que dá a onisciência; 4º) todos os Seres Vivos; 5º) Vâyu, ou o éter material; 6º) a Morte, ou o corpo de destruição -Shiva; 7º)a Terra; 8º) o Céu; 9º) Agni, o Fogo Imaterial; 10º) Âditya, o Sol imaterial e feminino invisível; 11º) a Mente; 12º) o grande Ciclo Infinito, "que não pode ser interrompido". Depois disso, Brahmâ se dissolve no Universo visível, de que cada átomo é ele mesmo. Feito isto, a Monas não-manifesta, indivisível e indefinida, retira-se para a solidão imperturbada e majestosa da sua unidade. A divindade manifesta, uma Díada em princípio, torna-se agora uma Tríada; a sua qualidade trina emana incessantemente poderes espirituais, que se tornam deuses imortais (Almas). Cada uma dessas Almas deve unir-se por sua vez a um ser Humano e, a partir do momento que surge a sua consciência, iniciar uma série de nascimentos e mortes. Um artista oriental tentou dar expressão pictórica à doutrina cabalista dos ciclos. O quadro cobre toda uma parede interior de um templo subterrâneo situado na proximidade de uma grande pagode budista e é extremamente sugestivo. Tentemos fornecer uma idéia do seu plano, tal como nos lembramos dele.

Imaginai um ponto no espaço como o ponto primordial; depois, como um compasso, traçai um círculo ao redor desse ponto; onde o começo e o fim da circunferência se unem, a emanação e a reabsorção também se encontram. O próprio círculo é composto de inumeráveis círculos menores, como os elos de um bracelete, e cada um desses elos menores forma o cinto da deusa que representa aquela esfera. Onde a curva do arco se aproxima do ponto extremo do semicírculo - o nadir do grande ciclo - em que o pintor místico situou o nosso planeta, a face de cada deusa sucessiva torna-se mais sombria e horripilante do que a imaginação européia possa conceber. Cada cinto está coberto de representações de plantas, animais e seres humanos, pertencentes à flora, à fauna e à antropologia dessa esfera em particular. Há uma certa distância entre casa uma dessas esferas, marcada propositalmente; pois, após o cumprimento dos círculos, através das diversas transmigrações, é atribuído à alma um templo de Nirvana temporário, um espaço de tempo em que o Âtman perde toda lembrança das penas passadas. O espaço etéreo intermediário é então preenchido com seres estranhos. Aqueles que se encontram entre o éter mais elevado e a Terra são as criaturas de "natureza mediana", espíritos da Natureza ou, como os cabalistas às vezes os chamam, elementais.

Este quadro é ou uma cópia de uma quadro descrito para a posteridade por Berosus, o sacerdote do templo de Belo, na Babilônia, ou o original. Mas a parede está coberta precisamente de criaturas análogas àquelas que foram descritas pelo semidemônio, ou semideus, Oannes, o homem-peixe caldeu, (...) seres horripilantes, produzidos por um princípio duplo" - a luz astral e a matéria grosseira.

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