Oriente, a Terra do Conhecimento

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 00:32

Teoricamente a mais benigna, nenhuma outra escola da Ciência, entretanto, exibe tantos exemplos de preconceito mesquinho, de materialismo, de ateísmo e de obstinação malévola quanto a Medicina. As predileções e a tutela dos principais médicos são raramente medidas pela utilidade de uma descoberta. A sangria por sanguessugas e por ventosas e a lanceta tiveram a sua epidemia de popularidade, mas finalmente caíram em desgraça merecida; a água livremente administrada aos pacientes febris, foi-lhes, durante muito tempo, negada; os banhos quentes foram suplantados pela água fria e, durante um período de vários anos, a hidroterapia se tornou uma mania. A quina. A quina - que um paladino moderno da autoridade bíblica se esforça seriamente em identificar à paradisíaca "Árvore da Vida", e que foi trazida à Espanha em 1632 - foi desprezada durante muito tempo.

Admite-se desde tempos imemoriais que o distante Oriente era a terra do conhecimento. Nem mesmo no Egito foram a Botânica e a Mineralogia tão profundamente estudadas quanto pelos sábios da Ásia Central arcaica.

No entanto, todas as vezes em que se discute o assunto Magia, a Índia raramente se insinua a alguém, pois que a sua prática geral nesse país é menos conhecida que a de qualquer outro povo da Antigüidade. Entre os hindus, ela foi e é mais esotérica, se possível, do que foi mesmo para os próprios sacerdotes egípcios. Era considerada tão sagrada que a sua existência sé era admitida pela metade e era praticada apenas em casos de emergência públicas. Ela era mais do que uma matéria religiosa, pois era considerada divina. Os hierofantes egípcios, apesar da prática de uma moralidade rígida e pura, não podiam ser comparados aos ascetas ginosofistas, nem pela santidade de sua vida nem pelos poderes miraculosos desenvolvidos neles pela abjuração sobrenatural de coisas terrenas. Todos os que conheciam bem os tinham em reverência maior do que aos feiticeiros da Caldéia. "Recusando os confortos mais simples da vida, eles habitavam em florestas e aí levavam a vida dos eremitas mais isolados", ao passo que os seus irmãos egípcios ao menos formavam comunidades. A despeito da censura feita pela História a todos os que praticaram a magia e a adivinhação, foram eles proclamados possuidores dos maiores segredos do conhecimento médico e de habilidade insuperada em sua prática. Inúmeras são as obras conservadas nos mosteiros hindus em que estão registradas as provas da sua erudição. Tentar dizer se esses ginosofistas foram os verdadeiros fundadores da magia na Índia, ou se eles apenas praticavam o que fora transmitido por herança dos Rishis (os sete sábios primordiais) seria considerado como uma mera especulação pelos eruditos exatos. "O cuidado que eles tinham em instruir a juventude, em familiarizá-la com os sentimentos generosos em virtuosos, concedeu-lhes uma honra peculiar, e suas máximas e os seus discursos, tal como registrados pelos historiadores, provam que eles eram peritos em assuntos de Filosofia, Metafísica, Astronomia, Moral e Religião", diz um autor moderno. Eles preservaram a sua dignidade sob o domínio dos príncipes mais poderosos, que eles não condescenderam em visitar, ou que eles não perturbaram para obter deles o mínimo favor. Se estes últimos desejassem o conselho ou as preces desses homens santos eram obrigados a ir até eles, ou a lhes enviar mensageiros. Para esses homens não havia poder secreto das plantas ou dos minerais que lhes fosse desconhecido. Eles haviam sondado a Natureza até as suas profundezas, ao passo que a Psicologia e a Fisiologia eram para eles livros abertos, e o resultado foi aquela ciência ou machagiotia que agora é denominada, desdenhosamente, de Magia.

Enquanto os milagres registrados pela Bíblia - dos quais desacreditar é visto como infidelidade - tornaram-se fatos aceitos pelos cristãos, as narrativas de maravilhas e de prodígios no Atharva-Veda - (O QUARTO VEDA) ora provocam o seu desprezo, ora são vistas como provas de diabolismo. E entretanto, em mais de um aspeto, e apenas da relutância de certos eruditos sânscritos, podemos provar a identidade das duas tradições. Além disso, como foi provado pelos eruditos que os Vedas antecedem de muitos séculos a Bíblia judaica, é fácil inferir que, se um dos dois livros fez empréstimos ao outro, não são os livros sagrados hindus que devem ser acusados de plágio.

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