Em conseqüência, o Diabo, em suas várias metamorfoses, só pode ser uma falácia. Quando imaginamos que o vemos e o ouvimos e o sentimos, é mais freqüentemente o reflexo de nossa alma perversa, depravada e poluta que vemos, ouvimos e sentimos. O semelhante atrai o semelhante, dizem eles; assim, de acordo com a disposição segundo a qual a nossa forma astral escapa durante as horas de sono, de acordo com os nossos pensamentos, as nossas tendências e as nossas ocupações diárias, todos eles impressos claramente sobre a cápsula plástica chamada alma humana, esta última atrai para si seres semelhantes a si mesma. Donde alguns sonhos e visões serem puros e bonitos; outros, perversos e bestiais. A pessoa desperta, ou se dirige com pressa ao confessionário, ou se ri desse pensamento com indiferença empedernida. No primeiro caso, é-lhe prometida a salvação final, ao curso de algumas indulgências (que ela deverá comprar à Igreja) e talvez um Agostinho de purgatório ou mesmo do inferno. Que importa? não está ela segura da eternidade e da imortalidade, faça ela o que fizer? É o Diabo. Afugentemo-lo, com o sino, com o livro e com o hissope! Mas o “Diabo” volta, e freqüentemente o verdadeiro crente é forçado a desacreditar de Deus quando ele percebe claramente que o Diabo leva a melhor sobre o seu Criador ou Senhor. Ele é levado então à segunda emergência. Torna-se indiferente e se dá todo inteiro ao Diabo. Morre e o leitor conheceu as conseqüências nos capítulos precedente.
Este pensamento está magnificamente expresso pelo Dr. Ennermoser: “A Religião não lançou aqui [Europa e China] raízes tão profundas quanto entre os hindus”, diz ele, fazendo alusão a essa superstição. “O espírito dos gregos e dos persas era mais volátil. (...) A idéia filosófica do princípio do bem e do mal e do mundo espiritual (...) deve ter auxiliado a tradição a formar visões (...) de formas celestiais e infernais e das distorções mais espantosas, que na Índia eram produzidas simplesmente por um fanático mais entusiasta; lá, o vidente recebido pela luz divina; aqui, perdido numa multidão de objetos externos com os quais confunde a sua identidade. Convulsões, acompanhadas da ausência do espírito longe do corpo, em países distantes, eram comuns aqui pois a imaginação era menos firme, e também menos espiritual.
“As causas externas também são diferentes; os modos de vida, a posição geográfica e os meios artificiais produzem modificações diversas. O modo de vida nos países asiáticos ocidentais sempre foi muito variável e, em conseqüência, ele perturba e distorce a ocupação dos sentidos, e a vida exterior, em conseqüência, se reflete no mundo interno dos sonhos. Os espíritos, portanto, são de uma variedade infinita de formas e levam os homens a satisfazerem as suas paixões, mostrando-lhes os meios para fazê-lo e descendo até mesmo aos mínimos detalhes, o que é tão contrário ao caráter elevado dos videntes indianos”.
Que os estudiosos de ciência oculta faça a sua própria natureza tão pura e os seus pensamentos tão elevados quanto os dos videntes indianos, e ele poderá dormir sem ser molestado pelo vampiro, íncubo ou súcubo. Ao redor da forma invisível daquele que dorme, o espírito imortal irradia um poder divino que o protege das investidas do mal, como se fosse uma parede de cristal.