Manifestações de Fenômenos Entre os Adeptos da Índia

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 13:40

Se tivermos de dar uma descrição completa das várias manifestações que ocorrem entre os adeptos na Índia e em outros países, encheríamos volumes inteiros, mas isso seria inútil, pois não haveria espaço para explicações. Eis por que escolhemos, de preferência, aqueles que têm equivalentes nos fenômenos modernos ou são autenticados por inquéritos legais. Horst tentou dar uma idéia de certos espíritos persas aos seus leitores e falhou, pois a mera menção de alguns deles pode colocar o cérebro de um crente ao inverso. Existem os devas (ou Devas - Um deus, uma divindade "resplandecente". (Deva-Deus, da raiz div, "brilhar", "esplandecer". Um Deva é um ser celestial, seja bom, mau ou indiferente.) e as suas especialidades; os darwands e os seus artifícios sombrios; os shedim e os jinn; toda a vasta legião de yazatas amshâspands, espíritos, demônios, duendes e elfos do calendário persa; e, por outro lado, os judaicos serafins, querubins, Sephiroth, Malchim, Alohim; e, acrescenta Horst, "os milhões de espíritos astrais e elementais, de espíritos intermediários, fantasmas e seres imaginários de todas as raças e cores".

Mas a maioria desses espíritos nada tem a ver com os fenômenos consciente e deliberadamente produzidos pelos mágico oriental. Estes repudiam tal acusação e deixam aos feiticeiros a ajuda de espíritos elementais e de espetros elementares. O adepto tem um poder ilimitado sobre ambos, mas ele raramente o utiliza. Para a produção de fenômenos físicos ele convoca os espíritos da Natureza como poderes obedientes, não como inteligências.

Como gostamos sempre de reforçar nossos argumentos com testemunhos outros que não apenas os nossos, talvez fizéssemos bem em aprender a opinião de um jornal, o Herald de Boston, quanto aos fenômenos em geral e os médiuns em particular. Tendo experimentado tristes decepções com algumas pessoas desonestas, que podem ou não ser médiuns, o articulista resolveu certificar-se de algumas maravilhas que se dizia serem produzidas na Índia e as comparou com as da taumaturgia moderna.

"O médium dos dias atuais", diz ele, "oferece uma semelhança mais estreita, em métodos e manipulações, com o conjurador bem conhecido pela história do que com qualquer outro representante da arte mágica. O que se segue demonstra que ele ainda está longe das performances dos seus protótipos. Em 1615, uma delegação de homens muito cultos e renomados da English East Índia Company visitou o Imperador Jahângîr. No curso de sua missão, testemunharam muitas performances maravilhosas que quase os fizeram duvidar dos seus sentidos e estavam longe de qualquer explicação. A um grupo de feiticeiros e prestidigitadores bengaleses, que exibia a sua arte diante do Imperador, solicitou-se produzissem no local, e por meio de sementes, dez amoreiras. Eles imediatamente plantaram as dez sementes, que, em poucos minutos, produziram o mesmo número de árvores. A terra em que a semente havia sido lançada abriu-se para dar passagem a algumas filhas miúdas, logo seguidas por brotos tenros que rapidamente se elevaram, desenvolvendo folhas e brotos e ramos, que finalmente ganharam o ar pleno, abotoando-se, florindo e dando frutos, que amadureceram no local e provaram ser excelente. Tudo isso se passou num piscar de olhos. Figueiras, amendoeiras, mangueiras e nogueiras foram produzidas da mesma maneira, em condições análogas, fornecendo os frutos que a cada uma competia. Uma maravilha se sucedeu à outra. Os ramos estavam cheios de pássaros de bela plumagem que voejavam por entre as folhas e emitiam notas plenas de doçura. As folhas amarelavam caiam dos seus lugares, ramos e brotos secavam, e finalmente as árvores adentraram o solo, donde haviam saído há menos de uma hora.

"Um outro possuía um arco e mais ou menos cinqüenta flechas com pontas de aço. Lançou uma delas ao ar, quando, vede! a flecha se fixou num ponto do espaço situado a uma altura considerável. Outra flecha foi atirada, e outra logo após, e cada uma delas fixava-se no alto da precedente, de maneira a formar uma cadeia de flechas no espaço, exceto a última flecha, que, rompendo a cadeia, trouxe ao chão todas as flechas separadas.

"Instalaram-se duas tendas comuns, uma em face da outra, à distância de uma flechada. Essas tendas cuidadosamente examinadas pelos espectadores, como o são os aposentos dos médiuns, e se concluiu que estavam vazias. As tendas estavam firmemente presas ao chão. Os espectadores foram então convidados a escolher que animais ou pássaros desejavam saíssem das tendas e lutassem entre si. Khaun-e-Jahaun pediu, com um acento muito marcado de incredulidade, para ver um combate entre avestruzes. Alguns minutos depois, um avestruz saiu de cada uma das tendas e se lançou ao combate com uma energia mortal, e logo o sangue começou a correr; mas estavam de tal maneira igualados em força que nenhum deles lograva vencer o outro, e foram finalmente separados pelos conjuradores e empurrados para dentro das tendas. Em seguida, todos os pedidos de animais e pássaros formulados pelos espectadores foram satisfeitos, sempre com os mesmos resultados.

"Instalou-se um grande caldeirão, dentro do qual se colocou uma grande quantidade de arroz. Sem o menor sinal de fogo, o arroz começou a cozinhar e do caldeirão foram retirados mais de uma centena de pratos de arroz cozido com um pedaço de ave sobre um deles. Esta façanha é realizada em escala muito menor pelos mais vulgares faquires dos nossos dias.

"Mas falta espaço para ilustrar, com exemplos do passado, como os exercícios miseravelmente monótonos - por comparação - dos médiuns dos nossos dias são pálidos e obscurecidos pelas façanhas de pessoas de outras épocas e mais hábeis. Não há uma só característica maravilhosa em qualquer um desses fenômenos ou dessas manifestações que não fosse, não, que seja hoje muito mais bem apresentado por outros executores hábeis cujas ligações com a Terra, e só com a Terra, são evidentes demais para serem negadas, mesmo quando o fato não fosse apoiado por seu próprio testemunho".

É um erro dizer que os faquires ou prestidigitadores sempre afirmarão que são auxiliados por espíritos. Nas evocações semi-religiosas - tais como as que o Govinda Svâmin de Jacolliot efetuou diante desse autor francês, que as descreveu, quando os espectadores desejavam manifestações psíquicas reais -, eles recorrerão aos pitris, seus ancestrais desencarnados, e a outros espíritos puros. Só os podem evocar por meio de preces. Quando a todos os outros fenômenos, eles são produzidos pelo mágico e pelo faquir de acordo com a sua vontade. Apesar do estado de abjeção aparente em que este último parece viver, ele é freqüentemente um iniciado dos tempos e está tão familiarizado com o ocultismo quando os seus irmãos mais ricos.

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