A Linguagem Simbólica Usada nos Livros Antigos. Os Fenômenos Mediúnicos.

Enviado por Estante Virtual em sex, 16/12/2011 - 14:40

Os maiores professores de Teologia concordam em reconhecer que todos os livros antigos foram escritos simbolicamente e numa linguagem inteligível apenas aos iniciados. O esboço biográfico de Apolônio de Tiana é um exemplo disso. Como qualquer cabalista o sabe, tal esboço enfeixa toda a Filosofia Hermética e forma, em muitos aspectos, a contrapartida das tradições que nos foram deixadas pelo rei Salomão. Ele se assemelha a um conto de fadas, mas, como no caso deste, às vezes os fatos e os acontecimentos históricos são apresentado ao mundo sob as cores da ficção. A viagem à Índia representa alegoricamente as provas de um neófito. Seus longos diálogos com os brâmanes, os sábios conselhos destes e os diálogos com o corinto Menipo, se interpretados, reproduziriam o catecismo esotérico. Sua visita ao império dos sábios, sua entrevista com o rei Hiarchas, o oráculo de Anfiarau, explicam de maneira simbólica muitos dos dogmas secretos de Hermes. Bem compreendidos, eles nos abririam alguns dos segredos mais importantes da natureza. Éliphas Lévi assinala a grande semelhança que existe entre o rei Hiarchas e o fabuloso Hiram, de quem Salomão obteve os cedros do Líbano e o ouro de Ofir.

Assim, os babilônios determinaram a duração do ano tropical com um erro de 25 segundos; seu cálculo do ano sideral acusa a diferença de apenas dois segundos a mais. Eles descobriram a precessão dos equinócios. Conheciam as causas dos eclipses e, com a ajuda de seu ciclo, chamado saros, podiam predizê-los. Seus cálculos do valor desse ciclo, que compreendia mais de 6.585 dias, tinha um erro de dezenove minutos e trinta segundos".

"Tais fatos fornecem a prova irrefutável da paciência e da habilidade com as quais a Astronomia foi cultivada na mesopotâmia e de que, apesar dos instrumentos inadequados, esta ciência atingiu um perfeição que não se deve desprezar. Esses antigos observadores fizeram um catálogo das estrelas, dividiram o zodíaco em doze signos; separaram o dia e a noite em doze horas. Devotaram-se, por longo tempo, como diz Aristóteles, à observação das ocultações das estrelas pela Lua. Corrigiram as idéias a respeito da estrutura do sistema solar, e conheceram a ordem de localização dos planetas. Construíram relógios solares, clepsidras, astrolábios, gnomos."

Falando do mundo das verdades eternas que se ocultam "no mundo das ilusões transitórias e das não-realidades", diz o Prof. Draper: "Esse mundo não será descoberto graças às vãs tradições que nos transmitiram a opinião dos homens que viveram nos albores da civilização, nem no sonhos dos místicos que se acreditavam inspirados. Ele será descoberto através das investigações da Geometria, e das interrogações práticas à Natureza.

Exatamente. A conclusão não poderia estar mais bem expressa. Esse eloqüente escritor fala-nos uma verdade profunda. Contudo, ele não nos fala toda a verdade, pois não a conhece. Ele não descreveu a natureza e a extensão dos conhecimentos ensinados nos mistérios. Nenhum povo posterior foi tão proficiente na Geometria quanto os construtores das pirâmides e de outros monumentos gigantescos antediluvianos e pós-diluvianos. Por outro lado, ninguém jamais os igualou na interrogação prática à Natureza.

Uma prova inegável disso é o significado de seus incontáveis símbolos. Cada um desses símbolos é uma idéia concretizada - que combina a concepção do Divino Invisível com o terreno e o visível. Um deriva do outro, por analogia, de acordo com a fórmula hermética - "como embaixo, assim é em cima". Seus símbolos mostram grande conhecimento das ciências naturais e um estudo prático do poder cósmico.

Schweigger prova que os símbolos de todas as mitologias têm base e essência cientificas. Foi apenas através das recentes descobertas das forças físicas eletromagnéticas da Natureza que alguns entendidos em Mesmerismo, como Ennemoser, Schweigger e Bart, na Alemanha, o Barão Du Potet e Regazzoni, na França e na Itália, conseguiram estabelecer, com rigorosa precisão, a verdadeira correlação que existe entre cada Theomythos e uma dessas forças. O dedo idéico, que tantã importância teve na arte mágica de curar, consiste num dedo de ferro que é alternativamente atraído e repelido por forças magnéticas naturais. Na Samotrácia, ele produziu prodígios de cura, devolvendo os órgão afetados ao seu estado normal

Bart vai mais longe do que Schweigger, ele trata extensamente dos dáctilos frígios, esses "mágicos e exorcistas das doenças", e dos teurgistas cabírios. E diz: "Enquanto tratamos da íntima união dos dáctilos com as forças magnéticas, não nos limitamos necessariamente à pedra magnética e nossas idéias a respeito da Natureza não fazem mais do que uma vista d'olhos sobre o magnetismo em conjunto. Assim se

compreende, então, como os iniciados, que a si próprios se chamavam dáctilo, despertam o assombro das gestantes com as suas artes mágicas, operando, como fizeram, milagres de natureza curativa. A isto eles próprios acrescentaram muitos outros conhecimentos que o clero da Antigüidade tinha o hábito de praticar: o cultivo da terra e da moralidade, o progresso da arte e da ciência, os mistérios e as consagrações secretas. Tudo isso foi feito pelos sacerdotes cabíros, " e por que não guiados e ajudados pelos misteriosos espíritos da Natureza?" Schweigger é da mesma opinião, e demonstra que os fenômenos da antiga teurgia eram produzidos por poderes magnéticos "sob a orientação dos espíritos".

Apesar do seu aparente politeísmo, os antigos - pelo menos os das classes esclarecidas - eram totalmente monoteístas; e isso, séculos e séculos antes dos dias de Moisés. Nos Papiros de Ebers esse fato é mostrado de maneira definitiva nas seguintes palavras, traduzidas das primeiras quatro linhas da Lâmina I: "Eu vim de Heliópolis com os grandes seres de Het-aat, os Senhores da Proteção, os mestres da eternidade e da salvação. Eu vim de Sais com as Deusas-Mães, que me protegeram. O Senhor do Universo disse-me como libertar os deuses de todas as doenças mortais". Os homens eminentes eram chamados de deuses pelos antigos.

Ninguém contesta o mérito de Champollion como egiptólogo. Ele declara que tudo faz crer que os antigos egípcios eram profundamente monoteístas. E confirma em seus mínimos detalhes a exatidão das obras do misterioso Hermes Trimegistro, cuja antigüidade se perde na noite dos tempos. Ennemoser diz também: "Heródoto, Tales, Parmênides, Empédocres, Orfeu e Pitágoras foram ao Egito e ao Oriente a fim de se instruírem na Filosofia Natural e na Teologia". Foi lá também que Moisés adquiriu seus conhecimentos, e Jesus passou os primeiros anos de sua vida.

Lá se reuniam os estudantes de todas as nações antes da fundação de Alexandria. "Por que razão", acrescenta Ennemoser, "se veio o conhecer tão pouco dos mistérios? A resposta está no silêncio universalmente rigoroso do iniciado. Outra causa se acha na destruição e perda completa de todos os relatos escritos do conhecimento secreto da mais remota Antigüidade." Os livros de Numa, descritos por Tito Lívio, que consistiam de tratados sobre a Filosofia Natural, foram encontrados em seu túmulo; não se permitiu divulgá-los, por receio de que revelassem os mais secretos mistérios da religião do Estado. O senado e os tribunos do povo determinaram que esses livros fossem queimados e tal decisão foi publicamente executada.

A Magia era considerada uma ciência divina que permitia a participação nos atributos da própria Divindade. "Ela desvenda as operações da Natureza", diz Fílon, o Judeu, “:e conduz à contemplação dos poderes celestiais”. Mais tarde, o abuso e a sua degeneração em feitiçaria a transformaram num objeto de abominação geral. Devemos, por isso, considerá-la apenas como era no passado remoto, quando toda religião verdadeira se baseava no conhecimento das forças ocultas da Natureza. Não foi a classe sacerdotal da Pérsia antiga que institui a Magia, como se acreditava comumente, mas sim os magi, que dela derivam o nome. Os mobeds, sacerdotes dos pârsis - os antigos ghebers -, chamam-se, ainda hoje, magoï, no dialeto dos pehlvis. A Magia surgiu no mundo com as primeiras raças de homens. Cassino menciona um tratado, muito conhecido nos séculos IV e V, que se atribuía a Cam, o filho de Noé, que por sua vez o teria recebido de Jared, a quarta geração após Seth, o filho de Adão.

Moisés devia seus conhecimentos à mãe da princesa egípcia Termutis, que o salvou das águas do Nilo. A mulher do Faraó, Batria, era ela própria uma iniciada e os judeus lhe deram a guarda de seu profeta, "educado em toda a ciência dos egípcios e poderoso em palavras e ações". Justino, o Mártire, baseando-se na autoridade de Trogo Pompeu, apresenta José como alguém que adquiriu um grande conhecimento das artes mágicas entre os sacerdotes do Egito.

Origines, que pertenceu à escola platônica de Alexandria, declara que Moisés, além dos ensinamentos da aliança, divulgou alguns importantíssimos segredos "provindos das profundezas mais ocultas da lei" aos setenta anciãos. Ele lhes ordenou que transmitissem tais segredos apenas àqueles que julgassem dignos.

O clero das três principais igrejas cristã, a grega, a romana e a protestante, confunde-se com todos os fenômenos espirituais que se manifestam através dos chamados "médiuns". E de fato há não muito tempo as duas últimas igrejas queimaram, enforcaram e de muitas maneiras assassinaram todas as vítimas indefesas através de cujos corpos os espíritos - e às vezes as forças cegas ainda inexplicadas da Natureza - se manifestavam. À testa das três igrejas, sobressai a Igreja de Roma. Ela está pronta e ansiosa para recomeçar. Mas os seus pés e mãos estão atados pelo espírito de progresso e de liberdade religiosa do século XIX que ela condena e amaldiçoa diariamente. A Igreja grego-russa é a mais doce e a mais cristã em sua simples e primitiva, ainda que cega, fé.

Os fenômenos mediúnicos ocorreram em todos os tempos, na Rússia como em outros países. Essa força ignora diferenças religiosas, ri-se das nacionalidades e invade, sem convite, qualquer individualidade, seja esta a de uma cabeça coroada ou a de um pobre mendigo.

O Príncipe de Holenlohe, tão célebre durante o primeiro quarto deste século por seus poderes de cura, era um grande médium. De fato, esses fenômenos e poderes não pertencem a nenhum país em particular. Fazem parte dos atributos psicológicos do homem - o microcosmo.

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