Crenças Cristã e Pagãs Comparadas

Enviado por Estante Virtual em qui, 22/11/2012 - 20:43
E portanto insensato os autores catolicos despejarem a sua bilis em frases como estas: "Em inumeros pagodes, a pedra falica assume com frequencia, como o baetylos grego, a forma brutalmente indecente do linga (...) o Maha-Deva". Antes de macularem um simbolo, cujo sentido metafisico e por demais profundo
para os modernos campeoes dessa religiao do sensualismo par excellence, o Catolicismo romano, eles deveriam destruir as suas igrejas mais antigas e modificar a forma da cupula de seus proprios templos. O Maha-Deva de Elefanta, a Torre Redonda de Bhagalpur, os minaretes do Islao - redondos ou pontudos - sao os modelos originais do Campanile de Sao Marcos, em Veneza, da Catedral de Rochester, e do moderno Duomo de Milao. Todos esses campanarios, torrinhas, zimborios e templos cristaos reproduzem a ideia primitiva do lithos, o falo ereto. "A torre ocidental da Catedral de Sao Paulo, em Londres", diz o autor de The Rosicrucians, "e um dos dois litoides que sempre se encontram na frente de todos os templos, sejam cristaos ou pagaos. Alem disso, em todas as igrejas crista, gparticularmente nas igrejas protestantes, onde figuram de modo mais conspicuo, as duas tabuas de pedra da Providencia Mosaica sao colocadas sobre o altar, disposta em diptico, como uma unica pedra, cuja parte superior e arredondada. (...) A da direita e masculina, a da esquerda, femininah. Portanto, nem os catolicos, nem os protestantes tem o direito de falar das gformas indecentesh dos monumentos pagaos, visto que eles ornamentam as suas proprias igrejas com seus simbolos do linga e do yoni, e ate mesmo escrevem das leis de seu Deus sobre eles.
 
Outro detalhe que nao hora de forma particular o clero cristao poderia ser traduzido pela Inquisicao. As torrentes de sangue humano derramados por essa instituicao crista e o numero de seus sacrificios humanos nao tem paralelo nos anais do Paganismo.
 
A Isis egipcia era representada como uma Virgem Mae por seus devotos, e segurando o seu filho, Horus, nos bracos. Em algumas estatuas e baixos-relevos, quando aparece so, ela esta completamente nua ou velada da cabeca aos pes, Mas nos misterios, em comum como quase todas as outras deusas, ela figura inteiramente velada da cabeca aos pes, como simbolo da castidade materna. Nada perderiamos se emprestassemos dos antigos um pouco do sentimento poetico de suas religioes e da inata veneracao que eles tinham por seus simbolos.
 
Nao e injusto dizer que o ultimo dos verdadeiros cristaos morreu com o ultimo dos apostolos diretos. Max Muller pergunta convincentemente: "Como pode um missionario em tais circunstancia fazer a surpresa e as perguntas de seus alunos, a nao ser que se refira a semente e lhes diga o que o Cristianismo pretendeu ser? A menos que lhes mostre que, como todas as outras religioes, o Cristianismo tambem tem a sua historia; que o Cristianismo do seculo XIX nao e o Cristianismo da Idade Media, e que o Cristianismo da Idade Media nao era o dos primeiros Concilios; que o Cristianismo dos primeiros Concilios nao era o dos apostolos, e que so o que foi dito por Jesus foi verdadeiramente bem dito?
 
Podemos assim inferir que a unica diferenca caracteristica entre o Cristianismo moderno e as antigas fes pagas e a crenca do primeiro num demonio pessoal e no inferno. "As nacoes arianas nao tinham nenhum demonio", diz Max Muller. "Platao, embora de carater sombrio, era um personagem respeitabilissimo; e Loki (o escandinavo), embora uma pessoa maligna, nao era um diabo. A deusa alema Hel, como Proserpina, tambem havia conhecido dias melhores. Assim, quando aos alemaes se falava na ideia de um semitico Seth, Sata ou Diabolus semita, nao se lhes infundia temor algum".
 
Pode-se dizer o mesmo do inferno. O Hades era um lugar muito diferente de nossa regiao eterna, e poderiamos qualifica-lo antes como um estagio intermediario de purificacao. Tambem nao o e o Amenti egipcio, a regiao de julgamento e purificacao; nem o Adhera - o abismo de trevas dos hindus, pois mesmo os anjos caidos que nele foram precipitados por Shiva sao autorizados por Parabrahman a considera-lo como um estagio intermediario, no qual uma oportunidade lhes e concedida para se prepararem para graus mais elevados de purificacao e redencao de seu miseravel estado. O Gehenna do Novo Testamento era uma localidade situada fora dos muros de Jerusalem; e, ao menciona-lo, Jesus empregava apenas uma metafora comum. Donde entao provem o triste dogma do inferno, essa alavanca de Arquimedes da Teologia crista, com a qual se conseguiu subjugar milhoes e milhoes de cristaos por dezenove seculos? Seguramente nao das Escrituras judaicas, e aqui chamamos em testemunho qualquer erudito hebreu bem-informado.
 
A unica mencao, na Biblia, a algo que se aproxima do inferno e o Gehenna ou Hinnom, um vale proximo a Jerusalem, onde se situava Tophet, local em que se mantinha perpetuamente acesa uma fogueira queimando os detritos para fins de higiene. O profeta Jeremias informa-nos que os israelitas costumavam sacrificar suas criancas a Maloch-Hercules nessa regiao; e mais tarde descobrimos os cristaos substituindo calmamente essa divindade por seu deus do perdao, cuja ira nao pode ser aplacada, a nao ser que a Igreja lhe sacrifique suas criancas nao batizadas e os seus filhos mortos em pecado no altar da "danacao eterna"!
 
Como chegaram os padres a conhecer tao bem as condicoes do inferno, a ponto de dividir as suas tormentas em duas categorias, a poena danni e a poena sensus, sendo a primeira a privacao da visao beatifica; a segunda, as penas eternas num lago de fogo e enxofre? Se eles responderem que foi atraves do Apocalipse (XX, 10), "E o demonio que os seduzira foi arrojado no lago de fogo e enxofre, onde ja se achavam a besta e o falso profeta que serao atordoados para todo o sempre", estamos preparados para demonstrar de onde o proprio teologo Joao retirou a ideia. Deixando de lado a interpretacao esoterica de que o "demonio" ou o demonio tentador significa o nosso proprio corpo terrestre, que depois da morte certamente se dissolvera nos elementos igneos ou etereos, a palavra "eterna" pela qual os nossos teologos interpretam as palavras "para todo o sempre" nao existe na lingua hebraica, nem como palavra, nem como sentido. Nao ha nenhuma palavra hebraica que expresse exatamente a eternidade; olam, segundo Le Clerc, significa apenas um tempo cujo comeco e cujo fim nao sao conhecidos. Embora demonstre que essa palavra nao significa duracao infinita, e que no Velho Testamento a expressao para sempre significa apenas um longo espaco de tempo, o Arcebispo Tillotson deturpou-lhe completamente o sentido, no que toca a ideia das tormentas do inferno. De acordo com a sua doutrina, quando se diz que Sodoma e Gomorra pereceram no "fogo eterno", devemos entender a expressao apenas no sentido de que o fogo nao se extinguiu ate as duas cidades terem sido inteiramente consumidas. Quanto ao fogo do inferno, deve-se entender as palavras no sentido estrito da duracao infinita. Tal e a sentenca do sabio teologo. Pois a duracao da punicao dos depravados deve ser proporcional a beatitude eterna dos justos. Diz ele, "Esses [falando dos depravados] terao, punicao eterna; mas os justos, vida eterna".

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