A Trindade do Homem, e a Dualidade dos Animais

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 04:17

As pessoas asseveram que não existem macacos no mundo, porque os macacos não tem "alma". Mas os macacos têm tantã inteligência, ao que parece, quanto muitos homens; por que, então, teriam estes homens - de maneira alguma superiores aos macacos, espíritos imortais - e os macacos, não? Os materialistas responderão que num um nem outro têm espírito, mas que a aniquilação alcança a todos na morte física. Mas os filósofos espiritistas de todos os tempos concordam em que o homem ocupa um lugar um degrau acima que o animal, e possui este algo que falta a este último, seja ele o mais ignorante dos selvagens ou o mais sábio dos filósofos. Os antigos, como vimos, ensinavam que enquanto o homem é uma trindade de corpo, espírito astral e alma animal, o animal é apenas uma dualidade - um ser que tem um corpo físico astral que o anima. Os cientistas não reconhecem qualquer diferença entre os elementos que compõem os corpos dos homens e dos animais; e os cabalistas concordam com eles quando sustentam que os corpos astrais (ou, como os físicos os chamariam, "o princípio de vida") dos animais e dos homens são idênticos em essência. O homem físico é apenas o desenvolvimento mais elevado da vida animal. Se como nos dizem os cientistas, até mesmo o pensamento é matéria, e toda sensação de dor ou prazer, todo desejo transitório é acompanhado por uma perturbação do éter; e os profundos especuladores que escreveram The Unseen Universe acreditam que o pensamento é concebido "para agir sobre a matéria de outro universo simultaneamente a este"; por que, então, o pensamento grosseiro e brutal de um orangotango, ou um cão, imprimindo-se nas correntes etéreas da luz astral, da mesma maneira que o do homem, não asseguraria ao animal uma continuidade da vida após a morte, ou "um estado futuro"?

Os cabalistas sustentavam e ainda sustentam que não é filosófico admitir que o corpo astral do homem pode sobreviver à morte corporal, e, ao mesmo tempo, afirmar que o corpo astral do macaco se dissolve em moléculas independentes. O que sobrevive como uma personalidade após a morte do corpo é a Alma Astral, que Platão, no Timeu e no Górgias, chama de Alma mortal, pois de acordo com a doutrina hermética, ela rejeita as suas partículas mais materiais a cada modificação progressiva para uma esfera superior. Sócrates relata a Calicles que essa alma mortal conserva todas as caraterísticas do corpo após a morte deste; ao ponto que um homem marcado de chicotadas terá o seu corpo astral "cheio de marcas e cicatrizes". O espírito astral é uma duplicata fiel do corpo, tanto no sentido físico como no espiritual. O Divino, o espírito mais elevado e imortal, não pode ser punido nem recompensado. Sustentar uma tal doutrina seria, ao mesmo tempo, absurdo e blasfemo, pois o espírito não é apenas uma chama alumiada na fonte central e inextinguível de luz, mas, na verdade, uma parte dela, e da mesma essência. Ele assegura a imortalidade do ser astral individual na proporção do grau de interesse que este último tem em recebê-la. Desde que o homem Duplo, i.e., o homem de carne e espírito, se mantém nos limites da lei da continuidade espiritual; desde que a centelha divina nele se conserva, ainda que fragilmente, ele está no caminho de uma imortalidade num estado futuro. Mas aqueles que se resignarem a uma existência materialista, ocultando o fulgor divino irradiado por seus espíritos, no início da peregrinação terrestre, e emudecendo a voz acauteladora dessa sentinela fiel, a consciência, que serve de foco para a luz na alma - seres como esses, que abandonaram a consciência e o espírito, e cruzaram os limites da matéria, deverão naturalmente segui-lhe as leis.

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