A representação do vinho nos mistérios do deus Baco

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 18:45

Durante os mistérios, o vinho representava Baco, e o pão, Ceres. O iniciador-hierofante apresentava simbolicamente, antes da revelação final, vinho e pão ao candidato que tinha de comer e beber de ambos, em sinal de que o espírito viria vivificar a matéria, i.e., a sabedoria divina iria entrar em seu corpo através do que lhe seria revelado. Jesus, em sua fraseologia oriental, assimilava-se constantemente ao verdadeiro vinho (João, XV, 1). Além disso, o hierofante, o revelador do Petroma, era chamado de "Pais". Quando Jesus diz, "Bebei (...) este é o meu sangue", tinha ele em mente apenas uma comparação metafórica de si mesmo com a vinha, que produz a uva, cujo suco é seu sangue - vinho. Era essa uma indicação de que, tendo ele sido iniciado pelo "Pai", desejava também iniciar os outros. Seu "Pai" era o agricultor, ele a vinha, seus discípulos os ramos. Seus seguidores, por ignorarem a terminologia dos Mistérios, ficaram surpresos; eles tornaram suas palavras como uma ofensa, o que é de surpreender, considerando a proibição mosaica do sangue.

Há vários indícios, nos quatro evangelhos, para indicar qual era a esperança secreta e mais ardente de Jesus, com a qual comeu a ensinar e com a qual morreu. Em seu imenso e desprendido amor pela Humanidade, ele considerou injusto priva-la dos resultados do conhecimento adquirido por uns poucos. Esse resultado, ele o prega coerentemente - a unidade de um Deus espiritual, cujo templo está dentro de cada um de nós, e em quem vivemos assim como Ele vive em nós - em espírito. Esse conhecimento estava nas mãos dos adeptos judeus da escola de Hillel e dos cabalistas. Mas os "escribas", ou legisladores, tendo mergulhado gradualmente no dogmatismo da letra morta, há muito haviam se separado dos Tannaim, os verdadeiros mestres espirituais; e os cabalistas práticos eram mais ou menos perseguidos pela Sinagoga. Eis por que Jesus exclama : "Ai de vós, legisladores, pois tomastes as chaves do conhecimento à Gnose: Vós mesmos não entrastes, e impedistes os que queriam entrar" (Lucas, XI,52). O sentido aqui é claro. Eles tomaram a chave, e não puderam tirar proveito dela, pois a Masorah (traição) se havia tornado um livro fechado, tanto para eles como para outros.

 

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