Hóstia, uma tradição pré-cristã

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 19:33

Nos mistérios míticos pré-cristãos, os candidatos que triunfavam intrepidamente das "doze provas", que precediam a iniciação, recebiam um pequeno bolo redondo ou hóstia de pão àzimo que simbolizava, em um dos seus significados, o disco solar, e era tido como pão celeste ou "maná" e que tinha figuras desenhadas sobre ele. Um carneiro ou um touro era morto e, com o seu sangue, o candidato era aspergido, como no caso da iniciação do imperador Juliano. As sete regras ou mistérios - representados no Apocalipse como sete selos que são abertos "em ordem" - eram então confiados ao "nascido de novo". Não há dúvida de que o Vidente de Patmos referia-se a essa cerimônia.

A origem dos amuletos católicos romanos e das "relíquias" abençoadas pelo Papa é a mesma do "Conjuro Efésio", ou caracteres mágicos gravados numa pedra ou desenhados sobre um pedaço de pergaminho, dos amuletos judaicos com versículos da Lei, chamados phylacteria, e dos encantamentos maometanos com versos do Corão. Todos eles usados como conjuros mágicos protetores e utilizados por todos os crentes. Epifânio, o digno ex-marcosiano, que fala desses encantamentos - quando eram usados pelos maniqueus como amuletos, isto é, coisas colocadas ao redor do pescoço (periapta) - e dessas "encantações e trapaças semelhantes", não pode lançar uma nódoa sobre a "trapaça" dos cristãos e dos gnósticos sem incluir aí os amuletos católicos romanos e papais.

Devemos um capítulo aos jesuítas neste capítulo sobre as sociedades secretas, pois mais do que qualquer outra, eles são um corpo secreto e têm uma velha ligação mais estreita com a Maçonaria atual - na França e na Alemanha pelo menos - do que as pessoas geralmente sabem. O clamor de uma moralidade pública ultrajada ergueu-se contra essa Ordem desde o seu nascimento. Apenas quinze anos haviam passado desde a bula [papal] que promulgara a sua constituição, quando os seus membros começaram a ser transferidos de um lugar para outro. Portugal e os Países-Baixos desfizeram-se deles em 1578; a França em 1594; Veneza em 1606; Nápoles em 1622. De São Petersburgo, eles foram expulsos em 1816, e, de toda a Rússia, em 1820.

Os jesuítas causaram mais danos morais neste mundo do que todos os exércitos infernais do mítico Satã. Toda extravagância dessa observação desaparecerá quando os nossos leitores da América, que sabem pouco sobre eles, forem inteirados dos seus princípios (principia) e regras que constam de várias obras escritas pelos próprios jesuítas. Pedimos licença para lembrar ao público que cada uma das afirmações foram extraídas de manuscritos autênticos ou fólios impressos por esse distinto corpo. Muitas delas foram copiadas de um grande Quarto publicado, verificado e coligido pelos Comissários do Parlamento Francês. As afirmações ali reunidas foram apresentadas ao Rei a fim de que, como enuncia o Arrest du Parlement du 5 Mars 1762, “o filho mais velho da Igreja fosse conscientizado da perversidade dessa doutrina. (...) Uma doutrina que autoriza o Roubo, a Mentira, o Perjúrio, a Impureza, toda Paixão e Crime, que ensina o Homicídio, o Parricídio e o Regicídio, destruindo a religião a fim de substituí-la pela superstição, favorecendo a Feitiçaria, a Blasfêmia, a Irreligião e a Idolatria (...), etc.” Examinemos as idéias dos jesuítas sobre a magia. Escrevendo a esse respeito em suas instruções secretas, Antonio Escobar diz:

“É lícito (...) fazer uso da ciência adquirida por meio do auxílio do diabo, desde que seja preservada e não utilizada em proveito do diabo, pois o conhecimento é bom em si mesmo e o pecado de adquiri-lo foi eliminado”. Portanto, por que um jesuíta não enganaria o Diabo, já que engana tão bem os leigos?

“Os astrólogos e os adivinhos estão ou não obrigados a restituir o prêmio de sua adivinhação, quando o evento não se realizar? Eu reconheço” - observa o bom Padre Escobar - “que a primeira opinião não agrada de maneira alguma, porque, quando o astrólogo ou adivinho exerceu toda diligência na arte diabólica que é essencial a seu propósito, ele cumpriu a sua tarefa, seja qual for o resultado. Assim como o médico (...) não é obrigado a restituir os honorários (...) se o paciente morrer, tampouco o astrólogo deve devolver os seus (...) exceto quando ele não se esforçou ou ignora sua arte diabólica, porque, quando ele se empenha, ele não falha”.

Essa nobre fraternidade, à qual muitos pregadores têm negado veementemente o fato de ser secreta, tem provado sê-lo. Suas constituições foram traduzidas, para o latim pelo jesuíta Polanco e impressas, no Colégio da Companhia, em Roma, em 1558. “Elas foram zelosamente mantidas em segredo e a maior parte dos próprios jesuítas só conhecia extratos delas. Elas nunca foram reveladas antes de 1761, quando publicadas pelo Parlamento Francês [em 1761, 1762], no famoso processo do Padre La Valette”. Os graus da Ordem são: I. Noviços; II. Irmãos Leigos ou Coadjuvantes temporais; III. Escolásticos; IV. Coadjuvantes espirituais; V. Professos de Três Votos; VI. Professos de Cinco Votos. “Há também uma classe secreta, conhecida apenas do Geral e de alguns poucos jesuítas fieis, que, talvez mais do que qualquer outra, tenha contribuído para o poder terrível e misterioso da Ordem”, diz Nicolini. Os jesuítas reconhecem, dentre as maiores consecuções de sua Ordem, o fato de Loiola ter conseguido, por um memorial especial do Papa, uma petição para a reorganização daquele instrumento abominável e repugnante de carnificina por atacado - o infame tribunal da Inquisição.

Mas devemos ver quais são as suas regras principais. Diz MacKenzie: “A Ordem possui sinais secretos e senhas diferentes para cada um dos graus a que os membros pertencem e, como não levam nenhuma vestimenta particular, é difícil reconhecê-los, a menos que eles próprios se revelem como membros da Ordem; eles podem apresentar-se como protestantes ou católicos, democratas ou aristocratas, infiéis ou beatos, segundo a missão especial que lhes foi confiada. Seus espiões estão por toda parte, pertencem a todas as classes da sociedade e podem parecer cultos e sábios ou simplórios e mentecaptos, conforme mandam as regras. Há jesuítas de ambos os sexos e de todas as idades; é bastante conhecido o fato de que membros da Ordem, de família distinta e de educação refinada, trabalham como criados para famílias protestantes e fazem outras coisas de natureza similar para melhor servir aos interesses da Sociedade.

 

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