Passos no Caminho

Enviado por Estante Virtual em dom, 22/01/2012 - 03:48

O curso normal da evolução humana leva o homem para o alto, estágio por estágio. Entretanto, uma distância imensa separa até os gênios e os santos do homem que “está no limiar da divindade” — e ainda mais daquele que cumpriu a ordem de Cristo: “Sede perfeitos, como Vosso Pai do Céu é perfeito.” Há alguns passos que levam à subida para a Passagem, da qual está escrito: “Estreita é a porta e árduo o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram.” Quem são “os perfeitos”, dos quais fala Paulo, o Apóstolo? Na verdade, há passos que levam a esse Portal, e poucos são os que palmilham o seu caminho árduo. A Porta é a da Iniciação, o segundo nascimento, o batismo do Espírito Santo e do Fogo, o Caminho que leva ao conhecimento de Deus, que é a Vida do Eterno.

No mundo ocidental, os estágios, ou passos, foram chamados de Purgação, Iluminação, União; por esses estágios, o Místico — o que é levado à visão Beatífica pela devoção — designa o Caminho.

No mundo oriental, o Ocultista — o Conhecedor ou Gnóstico — vê os passos de uma forma um tanto diferente, e divide o caminho em dois grandes estágios: o Probatório e o Caminho propriamente dito; o Probatório representa a Purgação do Místico, enquanto o Caminho propriamente dito é a Iluminação do Místico. Ele procura, ainda, desenvolver em si próprio, quando no Caminho Probatório, certas “qualificações” definidas, preparando-se para passar através do Portal que marca o fim do Caminho, enquanto no Caminho propriamente dito ele deve descartar por inteiro dez “grilhões” que o impedem de atingir a Libertação ou Salvação Final. E terá de passar através de quatro Portais ou Iniciações.

Cada uma das qualificações deve ser desenvolvida até certo ponto, embora não completamente, antes que o primeiro Portal possa ser cruzado. São os seguintes, esses Portais:

  • Discernimento: o poder de distinguir entre o real e o irreal, entre o eterno e o transitório — a visão aguda que vê o que é Verdadeiro e reconhece o que é Falso sob todos os disfarces.
  • Imparcialidade ou Ausência de Desejo: estar acima do desejo de possuir objetos que dão prazer ou afastar objetos que causam dor, pelo domínio absoluto da natureza inferior e pela transcendência da personalidade.
  • Os Seis Dons ou Boa Conduta: controle da mente, controle do corpo — em palavras e em ações —, tolerância, resignação ou boa disposição, equilíbrio ou determinação, confiança.
  • Desejo de União ou Amor: essas são as qualificações cujo desenvolvimento é a preparação para o primeiro Portal da Iniciação. Para obtê-las, o homem reveste-se de resolução, firma a mente na ideia de caminhar para a frente com rapidez, de forma a poder tornar-se um Auxiliar da Humanidade.

Logo que tiver adquirido o suficiente dessas qualificações para bater à Porta e vê-la aberta, ele está pronto a atravessar o limiar e a palmilhar o Caminho. Então ele é iniciado ou recebe o “segundo nascimento”. Entre os hindus, ele é chamado de o Viandante (Parivrajaka ou Sotapanna) e, antes de chegar à segunda Iniciação, deve descartar por inteiro os obstáculos da: Separatividade — deve compreender que todas as personalidades são uma; da Dúvida — deve saber e não apenas acreditar nas grandes virtudes do Carma, da Reencarnação e da Perfeição a serem alcançadas palmilhando o Caminho; da Superstição — a dependência de ritos e cerimônias. Descartados por inteiro esses três grilhões, o Iniciado está pronto para o segundo Portal e torna-se o Construtor (Kutichaka), ou “o que retorna apenas uma vez” (Sakadagamim). Ele deve agora desenvolver os poderes dos corpos sutis, para ser útil nos três mundos, para estar preparado para o serviço. A passagem pelo terceiro Portal faz dele o Unido (Hamsa, “Eu sou Ele”) ou “aquele que não retorna”, a não ser com seu próprio consentimento (Anagamim). Para o quarto Portal ele deveria passar nessa mesma vida, e, para aquele que passou, o nascimento compulsório está terminado. Agora ele deve descartar os grilhões do Desejo — os desejos rarefeitos que talvez tenham ficado nele — e da Repulsa — nada deve ser repulsivo para ele, porque em tudo ele deve ver a Unidade. Isso feito, ele passa através do quarto Portal, e torna-se o superindivíduo (Paramahamsa) (“além do eu”) ou “o Venerável” (Arhat). Cinco são os tênues grilhões que ainda o prendem; contudo, é tão árduo partir sua complexa sutileza que sete vidas ainda são usadas, com frequência, no caminhar pelo espaço que separa o Arhat do Mestre, do Livre, do Imortal. “Aquele que nada mais tem a aprender” neste sistema, mas pode saber o que desejar voltando sua atenção para o que quer saber. Os grilhões são: o desejo da vida na forma, desejo pela vida em mundos sem formas, orgulho — pela grandeza da tarefa realizada, a possibilidade de ser perturbado pelo que quer que seja que aconteça, a ilusão — a última película que pode distorcer a Realidade. Quando tudo isso tiver sido descartado para sempre, então o triunfante Filho do Homem terá terminado o Seu curso humano, tornando-se “uma Coluna no Templo do meu Deus e dali não mais sairá”. Ele é o homem que se fez perfeito, um dos Nascidos-Primeiro, um Irmão mais Velho da nossa raça.

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