O Sistema Solar

Enviado por Estante Virtual em dom, 22/01/2012 - 03:40

Um Sistema Solar é um grupo de mundos que circulam em torno de um Sol central, do qual absorvem luz, vida e energia. Nesse ponto, todos os teosofistas e não-teosofistas estão de acordo. O teosofista, entretanto, vê muito mais do que isso num Sistema Solar. Para ele, esse Sistema é um vasto Campo de Evolução, presidido por um Senhor divino, que criou a matéria de que esse Campo é feito tirando-a do espaço exterior, saturando essa matéria com a Sua Vida, organizando-a em Seu Corpo; e de Seu Coração, o Sol, difundindo a energia que circula através do Sistema, com seu sangue vital. Sangue vital esse que retorna ao Coração, quando suas propriedades nutrientes se exaurem, para ser recarregado e enviado, novamente, ao seu trabalho sustentador da vida.

Portanto, para o teosofista, um Sistema Solar não é apenas um esplêndido mecanismo de matéria física, mas a expressão de uma Vida e a sementeira de vidas dela derivadas, impregnada em cada parte por uma inteligência latente ou ativa, pelo desejo e pela atividade. Ela “existe por causa do Eu”, a fim de que os germes da Divindade, os Eus em embrião, emanados do Eu Supremo, possam desenvolver-se com a aparência do Deus-Pai, de cuja natureza compartilham, sendo, verdadeiramente, “participantes da Natureza divina”. Seus globos são “apoios do homem” e não apenas do homem, mas também de seres subumanos, que são seus habitantes. Em mundos mais sutis do que o físico, vivem seres muito mais desenvolvidos do que os homens, e também seres menos desenvolvidos, revestidos de corpos de matéria mais fina do que a física, portanto invisíveis para olhos físicos, mas nem por isso menos ativos e inteligentes. Seres entre cujas hostes são encontradas miríades de homens, homens que, naquela ocasião, descartaram seu vestuário de carne, mas não deixaram de ser homens que pensam, que amam, que são ativos. E mesmo durante a vida em nossa terra física, metidos na veste de carne, os homens estão em contato com esses outros mundos e seres de outros mundos, e podem ter um relacionamento consciente com eles, tal como testemunham os Fundadores, os Profetas, os Místicos e os Videntes de todos os tipos de fé.

O divino Senhor se manifesta em Seu Sistema sob três Aspectos ou “Pessoas”: o Criador, o Preservador e o Regenerador. Esses são: o Espírito Santo, o Filho e o Pai, do cristão; Brahma, Vishnu e Shiva, do hindu; Chokhmah, Binah e Kether, do cabalista hebreu; o Terceiro, o Segundo e o Primeiro Logos, do teosofista, que usa o antigo termo grego, “a PALAVRA”, para o Deus manifestado.

A matéria do Sistema é construída pelo Terceiro Logos, sete tipos de átomos sendo formados por Ele; as agregações compostas com esses átomos dão os sete tipos fundamentais de matéria encontrados no Sistema, cada uma mais densa que a precedente, cada tipo relacionado com um estágio diferente da Consciência. Chamamos a matéria composta de certo tipo específico de átomo um plano ou mundo, e assim reconhecemos sete desses planos no Sistema Solar. Os dois mais altos são os planos divinos, ou supraespirituais, os planos do Logos, e os que ficam abaixo desses dois são o local de nascimento e o habitat do Eu humano, a Mônada, o Deus no homem; os dois que se sucedem são os planos espirituais e, ao alcançá-los, o homem compreende que é divino; o quinto, ainda em processo de densificação, é o plano intelectual; o sexto, o emocional, o passional, sede das sensações e desejos, geralmente é chamado de plano astral; o sétimo é o plano físico. A matéria dos planos espirituais está relacionada com o estágio espiritual da Consciência, e é tão sutil e plástica que cede a todos os impulsos do Espírito e o senso da separatividade perde-se no da Unidade. A matéria do plano intelectual está relacionada com o estágio intelectual da Consciência, com o Pensamento e a Cognição, e cada mudança de Pensamento é acompanhada de uma vibração da sua matéria. O falecido W. K. Clifford parece ter reconhecido a “matéria mental” como constituinte do cosmos, porque, cada força precisando ter o seu meio, o pensamento, visto como força, precisaria de um tipo especial de matéria para o seu trabalho. A matéria do plano astral relaciona-se com o estágio de desejo da Consciência; cada mudança na emoção, na paixão, no desejo, na sensação sendo acompanhada por uma vibração na sua matéria. A matéria do plano físico é mais rústica ou mais densa, e a primeira a ser organizada para a expressão ativa da Consciência humana.

Esses tipos de matéria, interpenetrando-se — como os sólidos, os líquidos, os gases e os éteres físicos interpenetram os objetos que nos rodeiam, não se difundindo todos igualmente sobre o geral da área ocupada pelo Sistema Solar, mas agregando-se, em parte, formando outros planetas, mundos ou globos. Os três tipos mais sutis de matéria difundem-se pelo todo, e são, assim, comuns ao Sistema, enquanto os quatro tipos mais densos compõem e envolvem os globos, e os campos por eles ocupados não estão em contato íntimo.

Lemos, em várias escrituras, sobre “Sete Espíritos”: o Cristianismo e o Islã têm sete arcanjos; o Zoroastrismo, sete amshapendas; o Judaísmo, as sete sephiroth; a Teosofia dá-lhes o nome de sete Logoi planetários, e eles são os governantes dos planetas Vulcano(1),  Vênus, Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Cada um desses sete planetas é o ponto de reversão de uma cadeia de mundos interligados, presidida por um Logos planetário, e cada cadeia é um Campo separado de evolução, desde as mais primitivas origens até o homem.

Há, assim, sete Campos subsidiários de Evolução num Sistema Solar, e eles estão, naturalmente, em diferentes estágios de progresso. A cadeia consiste em sete globos, dos quais um é, geralmente, de matéria física, e os outros se apresentam de matéria mais fina. Contudo, em nossa própria cadeia, em nossa terra, há dois globos irmãos, visíveis ao olho físico: Marte e Mercúrio. E mais quatro companheiros invisíveis. A onda de vida evolucionária, apoiando seres em evolução, ocupa um globo de cada vez — com certas exceções especiais que não precisam ser mencionadas aqui — passando ao próximo, pela ordem, quando as lições do antecedente tiverem sido aprendidas. Assim, nossa humanidade tem caminhado do globo l, no plano mental, para o globo 2, no plano astral, e daí para o globo 3, que é Marte, e para o globo 4, nossa Terra, de onde passará para o globo 5, que é Mercúrio, e daí para o globo 6, de novo no plano astral, e a seguir para o globo 7, no plano mental. Isso completa uma grande Ronda evolucionária, tal como é chamada apropriadamente.

Esse imenso esquema de evolução não pode ser prontamente apreendido pelos ignorantes, tal como não o pode ser o esquema correspondente do astrônomo, que trata apenas do plano físico. Nem é necessário que ele seja compreendido pelas inteligências limitadas, pois não tem relação imediata com a vida. Só interessa ao homem que, desejoso de compreender, está pronto para se engalfinhar com os problemas mais profundos da Natureza, e não foge ao duro trabalho intelectual.


Notas do capítulo:

  1. Vulcano não foi descoberto por cientistas.

 

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