Como vimos, para um homem passar, na consciência contínua, de um veículo para outro, isto é, do físico para o astral ou vice-versa, o requisito está em que os elos entre os corpos sejam desenvolvidos. A maioria dos homens não está consciente desses elos, não se mostram ativamente vivificados, assemelhando-se sua condição à dos órgãos rudimentares do corpo físico. Tais elos têm de ser desenvolvidos pelo uso e levados a funcionar com o homem fixando neles sua atenção e usando sua vontade. A vontade liberta e guia Kundalini, mas, a não ser que uma purificação preliminar dos veículos seja integralmente realizada, Kundalini é antes uma energia destrutiva do que vivificante. Daí a insistência, por parte de todos os instrutores do oculto, sobre a necessidade da purificação antes que se possa praticar a verdadeira ioga.
Quando um homem se preparou para ser ajudado na vivificação dos elos, tal assistência inevitavelmente lhe virá como coisa normal, da parte daqueles que estão sempre procurando oportunidades de ajudar o aspirante sincero e destituído de egoísmo. Então, um dia, o homem se verá deslizando para fora de seu corpo físico enquanto acordado e, sem qualquer solução de continuidade de sua consciência, descobre que está livre. Com a prática, a passagem de um veiculo para outro torna-se familiar e fácil. O desenvolvimento dos elos estabelece uma ponte entre a consciência física e a astral, de forma que há perfeita continuidade de consciência.
Assim, o estudante não só tem que aprender a ver corretamente no plano astral, mas também a transportar exatamente a lembrança do que foi visto no astral ao cérebro físico; e, para ajudá-lo nisso, ele é treinado a levar sua consciência ininterrupta do plano físico para o astral e o mental, e deles retornar, porque até que isso possa ser feito há sempre a possibilidade de que suas recordações sejam parcialmente perdidas ou deformadas, durante os intervalos em branco que separam seus períodos de consciência nos vários planos. Quando o poder de transportar a consciência for perfeitamente adquirido, o discípulo terá a vantagem de usar todas as faculdades astrais, não só enquanto está fora de seu corpo, no sono ou em transe, mas também quando está inteiramente desperto na vida física habitual.
A fim de que o acordar da consciência física inclua a consciência astral, é necessário que o corpo pituitário evolua mais, e que se aperfeiçoe a quarta espirília dos átomos.
Além do método de mover a consciência de um subplano para outro do mesmo plano, isto é, o atômico astral para o subplano mental mais baixo, há outra linha de conexão que pode ser chamada de o atalho atômico.
Se imaginarmos os subplanos atômicos do astral, mental etc., como estando lado a lado ao longo de uma vara, os outros subplanos podem ser imaginados como suspensos da vara, em laços, como se um pedaço de barbante tivesse sido frouxamente amarrado em torno dela. Obviamente, então, para passar de um subplano atômico para outro, a pessoa poderia mover-se por um atalho ao longo da vara, ou para cima e para baixo, novamente, através dos laços suspensos que simbolizam os subplanos mais baixos.
Os processos normais do nosso pensamento descem com firmeza através dos subplanos; mas os clarões do gênio, as idéias iluminadoras, vêm apenas através dos subplanos atômicos.
Há, ainda, uma terceira possibilidades vinculada ao relacionamento dos nossos planos com os planos cósmicos, mas isso é demasiado abstruso para ser abordado num trabalho que se propõe considerar apenas o plano astral e seus fenômenos.
O fato de se obter continuidade de consciência entre os planos físico e astral é naturalmente bastante insuficiente, em si próprio, para reavivar lembranças de vidas passadas. Para tanto se requer um desenvolvimento muito mais elevado, em cuja natureza não é necessário entrar aqui.
O homem que assim adquiriu completo domínio do corpo astral pode naturalmente deixar o corpo físico não só durante o sono, mas a qualquer momento que o deseje, e ir a lugares distantes etc.
Médiuns e sensitivos projetam seus corpos astrais inconscientemente, quando entram em transe, mas habitualmente, ao saírem do transe, não apresentam memória cerebral das experiências adquiridas. Estudantes treinados podem projetar conscientemente seu corpo astral e viajar até grandes distancias do corpo físico, trazendo de volta com eles completa e pormenorizada lembrança de todas as impressões ganhas.
Um corpo astral assim projetado pode ser visto por pessoas sensitivas ou que estejam temporariamente em condições nervosas anormais. Há um registro de tais casos de visitação astral feita por um moribundo em momento próximo de sua morte, tendo a proximidade da dissolução afrouxado os princípios, de forma a tornar o fenômeno possível para pessoas que seriam incapazes dele em qualquer outra ocasião. O corpo astral também é libertado em muitos casos de doença. A inatividade do corpo físico é uma condição para essas viagens astrais.
Um homem pode, se souber com se haver, densificar ligeiramente seu corpo astral, atraindo para ele da atmosfera circundante partículas de matéria física e assim “materializar-se suficientemente para se tornar fisicamente visível. Essa é a explicação para muitos casos de “aparições “, quando uma pessoa, fisicamente ausente, foi vista por amigos através de sua visão comum.