Há quatro métodos pelos quais é possível observar acontecimentos que estão tendo lugar a distância.
1. Por meio de uma corrente astral. Este método é de certa forma análogo ao da magnetização de uma barra de aço, e consiste no que pode ser chamado polarização, por um esforço da vontade, de algumas linhas paralelas de átomos astrais, do observador para a cena que ele deseja observar. Todos os átomos são mantidos com seus eixos rigidamente paralelos uns aos outros, formando uma espécie de tubo temporário, ao longo do qual o clarividente pode olhar. A linha tende a desarranjar-se ou mesmo a ser destruída por uma corrente astral suficientemente longa que aconteça cruzar pelo seu caminho. Isto, contudo, raramente acontece.
A linha é formada pela transmissão da energia, de partícula a partícula, ou pelo uso de força que vem de um plano mais alto e que atua sobre toda a linha simultaneamente. Este último método implica em um desenvolvimento muito maior, envolvendo o conhecimento de forças de nível considerável e o poder de usá-las. Um homem que pudesse fazer tal linha, para seu próprio uso, não teria necessidade dela, porque poderia ver longe mais facilmente, e inteiramente através de faculdade superiores.
A corrente, ou tubo, pode ser formada bastante inconscientemente, sem nascer de uma determinada intenção, e é, com freqüência, o resultado de um pensamento ou de uma emoção muito forte, projetado de uma extremidade ou de outra – ou pelo vidente ou pela pessoa que é vista. Se duas pessoas estão unidas por forte afeição, é provável que um fluxo razoável de pensamento mútuo esteja constantemente fluindo entre elas, e alguma necessidade súbita ou um transe terrível da parte de uma delas pode carregar aquela corrente, temporariamente, com o poder polarizante necessário para criar o telescópio astral.
A visão obtida por esse meio não é diferente da que se vê através de um telescópio. Figuras humanas, por exemplo, aparecem, habitualmente, muito pequenas, mas perfeitamente claras: às vezes, mas não comumente, é possível ouvir tão bem quanto se vê, com este método.
O método tem claras limitações, já que o telescópio astral revela a cena apenas de uma direção, e tem um campo de visão limitado e particular. Na verdade, a visão astral dirigida ao longo de tal tubo é tão limitada quanto o seria a visão física sob circunstâncias idênticas.
O tipo de clarividência pode ser grandemente facilitado se usarmos um objeto físico como ponto de partida – um foco para a força de vontade. Uma bola de cristal é o mais comum e o mais eficaz dos focos, porque tem um arranjo peculiar de essência elemental, e possui também, em si mesma, qualidades que estimulam a faculdade psíquica. Outros objetos também são usados com o mesmo propósito, tais como uma taça, um espelho, um pocinho de tinta, uma gota de sangue, uma vasilha de água, um tanque, água em vasilha de vidro, ou quase toda superfície polida. Também serve uma superfície inteiramente negra, produzida por um punhado de carvão em pó num pires.
Há quem determina o que vê à sua vontade e é como se apontassem seu telescópio ao sabor de seu desejo; a grande maioria, entretanto, forma um tubo eventual e vê o que se apresenta na outra extremidade da mesma.
Alguns psíquicos só podem usar o método do tubo quando estão sob a influência do mesmerismo. Há duas variedades de tais psíquicos: (1) os que podem fazer pessoalmente o tubo; (2) os que vêem através do tubo feito pelo mesmerizador.
Ocasionalmente, embora seja raro acontecer, também é possível obter ampliação por meio do tubo, embora nesses casos seja provável que um poder inteiramente novo esteja começando a se manifestar.
2. Pela projeção de uma forma-pensamento. Este método consiste na projeção de uma imagem mental de si próprio, em torno da qual se atrai matéria astral, sendo tal conexão com a imagem retida de forma a tornar possível receber impressões por meio dela; a forma atua, assim, como uma espécie de posto avançado da consciência de quem vê. Tais impressões serão transmitidas ao pensador por vibração simpática. Num caso perfeito, o vidente pode ver quase tão bem como se ele próprio estivesse no lugar da forma-pensamento. Com esse método também é possível mudar o ponto da visão, se isso for desejado. A clariaudiência é talvez menos freqüentemente associada com esse tipo de clarividência do que com o primeiro tipo. No momento em que a firmeza do pensamento cai, toda a visão se vai, e será necessário construir de novo uma forma-pensamento para que ela retorne. Esse tipo de clarividência é mais rara do que o primeiro tipo, por causa do controle mental exigido e da natureza mais refinada das forças empregadas. É cansativo, a não ser para curtas distâncias.
3. Viajando no corpo astral. Seja durante o sono, seja em transe. Esse processo já foi descrito em capítulos precedentes.
4. Viajando no corpo mental. Neste caso, o corpo astral é deixado com o físico, e, se a pessoa quiser mostrar-se no plano astral, forma para si um corpo astral temporário, ou mayavirupa, conforme descrevemos páginas atrás.
É possível também obter informação referente a acontecimentos que se passam a distancia, invocando ou evocando uma entidade astral, tal como um epírito-da-natureza, e induzindo-a ou compelindo-a a empreender a investigação. Isso, está claro, não é clarividência, é magia.
A fim de encontrar uma pessoa no plano astral, é necessário pôr-se em sintonia com ela, sendo suficiente uma pequeníssima pista, quase sempre, como uma fotografia, uma carta escrita por ela, um objeto que lhe pertenceu. O operador então faz soar a nota tônica da pessoa e, se ela está no plano astral, virá resposta imediata.
A nota tônica da pessoa que está no plano astral é uma espécie de tom médio que emerge de todas as diferentes vibrações que são habituais naquele plano. Há, também, um tom médio similar para o corpo mental e os outros corpos de cada homem, formando todas as tônicas reunidas o acorde do homem – um acorde místico, como muitas vezes é chamado.
O vidente treinado afina seus próprios veículos, no momento, exatamente pela nota da pessoa, e então, por um esforço da vontade, envia aquele som. Seja em qual for dos três mundos que a pessoa procurada esteja, sua resposta instantânea vem. Essa resposta é de pronto visível para o vidente, de forma que ele pode formar uma linha magnética de conexão com a pessoa.
Outra forma de clarividência permite ao vidente perceber acontecimentos do passado. Há vários graus desse poder, desde o homem treinado que pode consultar os Registros Akásicos por si mesmo, quando quiser, até a pessoa que ocasionalmente percebe apenas relances. O psicômetro comum precisa de um objeto fisicamente relacionado com a cena do passado que deseja ver, ou naturalmente pode usar um cristal ou outro objeto como seu foco.
Os Registros Akásicos representam a memória Divina, que já mencionamos brevemente neste livro. Os registros vistos no plano astral, não passando de reflexo de um plano muito mais alto, são muitíssimo imperfeitos, extremamente fragmentados e quase sempre seriamente distorcidos. Têm sido comparados aos reflexos na superfície da água encrespada pelo vento. No plano mental, os registros são completos e exatos e podem ser lidos com clareza. Mas isso, como é evidente, pede faculdades relativas ao plano mental.