Continuando a série sobre os sete raios, vamos falar sobre o raio da Ciência e Conhecimento Concreto.
Este é o segundo dos Raios de Atributo, sendo portanto também um desdobramento do terceiro raio. Vale a pena ler pelo menos estes dois artigos antes de continuar.
Diferente do terceiro raio, que se foca na mente abstrata, e do quarto raio, que representa a ponte entre o espiritual e o físico, o quinto raio possui um foco de atuação muito intenso na mente concreta, no mundo prático. Ele representa o impulso inato da mente humana de indagar, de buscar entender os fenômenos da natureza, produzindo o que chamamos de "temperamento científico". E algumas vezes se diz que esse é um raio "extrovertido", pois sua atenção está focada no mundo objetivo, subindo do efeito visto à causa, e busca explicar o mundo que vemos a nossa volta, fazendo isso através da detalhada análise das formas. Ele se importa com os detalhes, enquanto o terceiro raio dirige sua atenção aos aspectos mais amplos e abstratos. O quinto raio é o cientista, o terceiro é o filósofo.
De acordo com Ernest Wood, o quinto, sexto e sétimo raios são essencialmente raios de "obediência", devocionais em sua natureza. Eles manifestam diferentes formas pelas quais o Deus interno busca o Deus externo. Ele descreve o "credo" científico como "creio que o mundo é um lugar onde pode-se encontrar a verdade; creio que a mente humana é um instrumento para descobri-la; creio que essa descoberta será benéfica para sua vida.". O homem do quinto raio adora, sem o perceber, as leis da natureza, consideradas como "dogmas" inalteráveis, embora sejam ainda em essência ilusões.
No tratado sobre os sete raios, Djwal Khull nos diz que o homem neste raio possui um intelecto aguçado e grande acurácia nos detalhes, e empenha enormes esforços em traçar o menor dos fatos até sua fonte, e em verificar cada teoria.
É o raio do grande químico, do eletricista, do engenheiro, do cirurgião. Como um soldado, teria mais afinidade com a artilharia e engenharia. Um artista neste raio é raro, a não ser que exista alguma influência do quarto ou sétimo raios, e ainda assim sua produção tenderia a ser tecnicamente muito boa, mas sem vida ou interesse. Seu estilo de escrita ou fala possui extrema clareza, mas sem ardor, e com frequência se torna prolixo.
Este foco no mundo concreto não representa necessariamente um distanciamento do propósito espiritual, e este é um ponto de constante confusão, pois tendemos a ver a ciência e a espiritualidade como essencialmente dissociadas em seu propósito. Para entender isso, vamos olhar um trecho do tratado sobre os sete raios, falando sobre um conceito chamado de "sete regras para a indução do controle da alma":
A quinta qualidade condicionante ou atividade da alma é o fator de análise. (...) Análise, discriminação, diferenciação, e o poder de distinguir são atributos divinos. Quando eles produzem um senso de separação e de diferença, eles estão então estimulando reações da personalidade e são consequentemente pessoalmente mau usados e aplicados. Quando, porém, eles são preservados dentro do senso de síntese e usados na aplicação do Plano para o todo, eles são qualidades da alma e leis, e são essenciais para o correto desenvolvimento do propósito divino.
- Tratado Sobre os Sete Raios, vol 2, pág 255
O quinto raio é o raio que revela o mundo das formas, e sua natureza subjacente. E sua íntima relação com a mente concreta torna ele essencial em nossa conexão com o ego e em última instância com a Mônada, como visto no artigo sobre o Antahkarana.
Mas não é fácil olhar para as minúcias sem perder de vista a capacidade de síntese, e esse é talvez o maior dilema vivido pelos que se encontram sob a regência do quinto raio. Via de regra, em algum momento eles tendem a se aproximar cada vez mais de um materialismo exacerbado, fechado à percepção intuitiva, a não ser que exista uma forte influencia de outros raios equilibrando esse temperamento. Isso pode ser visto no trecho a seguir, falando sobre o processo de individualização do quinto raio, e das ferramentas de que ele dispõe após a crise de evocação.
O Bem-aventurado avançou em ignorância. Vagou em uma escuridão profunda do espírito. Não viu razão para este modo de vida. Buscou entre os muitos fios que tecem a veste exterior do Senhor, e encontrou os muitos caminhos que existem ali, levando ao centro da trama eterna. As formas que tecem aquela trama escondem a realidade divina. Ele se perdeu. O medo adentrou-o.
Ele se perguntou: "Outro padrão deve ser tecido; outra veste formada. Que devo fazer? Mostre-me outra maneira de tecer."
A Palavra para ele veio em forma tríplice. Sua mente respondeu à visão claramente evocada: - "A verdade se encontra escondida no Caminho desconhecido. O Anjo da Presença guarda esse Caminho. A mente revela o Anjo e a porta. Coloca-te diante dessa Presença. Ergue teus olhos. Entre por aquela porta de ouro. Assim o Anjo, que é a sombra do Bem-aventurado, revelará a porta aberta. Esse Anjo deve também desaparecer. O Bem-aventurado permanece e passa através dessa porta para a luz sublime."
- Psicologia Esotérica, vol 2, pág. 36
No início do processo, se desconhece a própria natureza divina ("o Bem-aventurado avançou em ignorância"). Devido a grande capacidade de análise, se tornam excessivamente críticos, e se separam mentalmente de todos, "vagando em uma escuridão profunda do espírito". O foco no mundo físico não traz o sentido de propósito nesta vida, e cada novo caminho encontrado poderia levar "ao centro da trama eterna", mas o conhecimento adquirido produz um intenso materialismo, até que afinal tudo seja maya, ilusão. "As formas que tecem aquela trama escondem a realidade divina". Por fim, ele se vê ainda mais isolado, perdido, e sente o medo causado por uma percepção distorcida da realidade.
Eventualmente o conhecimento de que algo subjacente a forma deve existir leva a uma nova linha de questionamento e à crise de evocação, descrita no segundo parágrafo. O início da compreensão de que existe uma vida não material desperta o desejo de encontrar um novo padrão de conhecimento, e de que novas teorias, "outras vestes", devem ser formuladas em relação à essa vida não material. Mas incerto sobre o caminho a seguir ("O que devo fazer?"), chamam pela sua compreensão interior para entender como esse conhecimento pode ser adquirido.
No terceiro parágrafo é descrito como sair desse impasse, mas para compreendê-lo precisamos explorar alguns assuntos.
Primeiro, quando falamos de "plano mental", em geral estamos nos referindo à parcela deste plano onde nossos pensamentos "concretos" existem. Mas cada plano possui, colocando de forma simplista, sete subdivisões. Leiam o artigo sobre a constituição do homem para entender esse conceito. Aqui, nos interessa o fato de que nossa mente concreta se refere aos quatro sub-planos inferiores, mas existe algo chamado corpo causal, chamado por vezes de lótus egóico ou simplesmente alma, "localizado" no quinto e sexto sub-plano mental. Por fim, temos o Ego (que pode ser entendido como "espírito" para fins didáticos), cujo componente "mental" se encontra no sétimo sub-plano mental.
O conhecimento necessário vêm desses três pontos: da mente racional, da alma e do espírito ("A Palavra para ele veio em forma tríplice"). O "Caminho desconhecido" que esconde a verdade é, mais uma vez, uma referência ao Antahkarana. Para atingir essa conexão espiritual devemos buscar dois alinhamentos: primeiro entre a personalidade e a alma ("O Anjo da Presença guarda esse caminho"), e entre a alma e o espírito. E "a mente revela o Anjo e a porta". Vou colocar aqui novamente uma citação do artigo sobre o Antahkarana:
"O plano mental que precisa ser ligado é como uma grande torrente de consciência ou de substância consciente, e de um lado a outro desta torrente, o antahkarana tem de ser construído. Este é o conceito que está por trás deste ensinamento e por trás do simbolismo do Caminho. Antes que um homem possa trilhar o Caminho, ele próprio tem de tornar-se o Caminho. É da substância de sua própria vida que ele precisa construir esta ponte arco-íris, este Caminho Iluminado. Ele tece-o e o ancora tal como a aranha tece um fio ao longo do qual pode viajar."
Nossa mente tem que desenvolver a capacidade de se conectar à alma, e isso é feito através do trabalho mental (do qual a meditação é uma "modalidade"). Nossa matéria mental pouco a pouco se torna mais receptiva às emanações da alma, construindo a primeira parte desse caminho. Após ter "se colocado diante dessa Presença", devemos "erguer nossos olhos" e novamente, trabalhando nossa energia mental, nos conectar ao espírito, "entrando pela porta dourada".
Por fim, "este anjo deve também desaparecer". Isso alude à quarta iniciação, onde ocorre a destruição do corpo causal, permitindo a conexão direta entre nossos corpos de expressão e o Ego. O corpo causal é o repositório de nossas experiências em cada encarnação, mas devido à progressiva conexão formada com o Ego ele termina por se dissolver. Mas esse é um outro assunto um tanto quanto complexo. Nesse momento, "passamos através da porta para a luz sublime".
Se torna claro que para o representante do quinto raio, o trabalho mental tem uma importância ainda maior do que para os outros raios. Através da análise e síntese à serviço do Plano, nossa energia mental se torna cada vez mais ressonante com a influência divina. A polarização progressiva no mental, e posteriormente na alma, é a chave para isso. Mas cabe dizer que "polarização no mental" não se resume, ou mesmo se traduz, em simples racionalização. Lembremos que o processo meditativo é um processo mental. O que se busca é o desenvolvimento desse corpo de expressão, de forma que ele se torne capaz de agir de acordo com os impulsos divinos.
Para concluir, deixo uma lista de características do quinto raio. Ela visa servir de referência futura, mas vale a pena ler ao menos as "forças" e "fraquezas" para tentar identificar características presentes em nós.
Símbolo: Laser, tubo de ensaio, calculadora, lâmpada, cérebro, microscópio, computador, cinco sentidos, quadrado, régua.
Animal: macacos, primatas (inventa ferramentas).
País: França (alma), Áustria (personalidade), Suiça, Japão (mente).
Instituições: institutos de pesquisa, universidades e fundações, escolas, NASA, agência dos correios, farmácia, medicina, tecnologia, engenharia, mecânica.
Tendencias vocacionais: ciência, pesquisa, trabalhador em um laboratório, matemática aplicada, programador de computadores, áudio-visual, medicina, trabalho com sistemas, eletricista, sistemas educacionais, previsão do tempo, encanador, psicologia esotérica (a ciência da alma).
Pessoas: Louis Pasteur, Alexander Graham Bell, Noah Webster, Henry Ford (produção em massa), Thomas Edison, Al Gore, Ben Franklin (serviço postal).
Cor: laranja (exotérica), índigo (esotérica).
Signos zodiacais: Aquário, Leão, Sagitário.
Planetas: Vênus (iluminações, esclarecimentos).
Forças: Pensamento linear e sequencial; intelecto focado; poder de análise e discriminação desenvolvido; discerne a verdade do erro; acurácia e precisão no pensamento e ação; aquisição de conhecimento e detalhes sobre fatos; define e separa; claridade e lucidez nas explicações; objectividade; facilidade para cálculos matemáticos; descobre através de investigação e pesquisa; verifica através de experimentação; inventividade prática; técnico, mecânico; senso comum e rejeição do "nonsense".
Fraquezas: Mental em excesso, ultra-racional; analítico em excesso; linearidade e objetividade incapazes de serem desviadas; requer provas concretas antes de acreditar em algo; dúvida e ceticismo excessivos; criticismo ácido; preconceitos; rigidez e padrões de pensamento fixos; preso ao mundo dos sentidos; objetividade exarcebada; falta de sensibilidade intuitiva; ausência de resposta emocional e magnetismo; socialmente desajustado.