Hoje iremos continuar nosso estudo sobre os sete raios falando a respeito do raio da Harmonia Através do Conflito.
Este é o primeiro dos Raios de Atributo. Diferente dos Raios de Aspecto, que são bastante abstratos e englobam conceitos muito amplos - Vontade, Amor e Inteligência, os Raios de Atributo são mais específicos, mais concretos, e muito mais pessoas encontram-se com um ou mais de seus corpos de expressão sob a regência destes raios. Veremos também que cada um dos Raios de Atributo contém um componente de Vontade, Amor ou Sabedoria, Inteligência ou Adaptabilidade.
O quarto raio é o "primogênito" dentre os Raios de Atributo, e sendo assim possui algumas qualidades inerentes ao Primeiro Raio. É um raio que respira Vida em toda sua plenitude, em todo seu potencial. Porém ele também expressa características do Segundo Raio, dentre elas a sensibilidade, a capacidade de inclusão, de fusão. É o casamento das qualidades destes dois raios que dá ao quarto sua tremenda gama de expressão. Pode-se entender que o quarto raio unifica qualidades do primeiro e segundo em si mesmo.
O quarto raio é essencialmente o poder de penetrar no âmago da matéria e ali expressar a divindade. A harmonização entre espírito e matéria é a meta a ser atingida. Aspectos opostos fazem parte da natureza deste raio, que busca harmonizá-los, trazendo equilíbrio a partir da energia dinâmica gerada pelo conflito. Por vezes pessoas governadas pelo quarto raio provocam conflitos como forma de quebrar um momento de estagnação e permitir movimento em direção ao equilíbrio - ou simplesmente por não se sentirem confortáveis ou "vivas" em um estado de paz.
Porém a energia motriz deste raio é a busca pela paz. Ele cria pontes, conecta, unifica. Ele pode ser sutil ou quase agressivo em sua manifestação, mas é sempre o raio da beleza, das cores, do combate entre os opostos e sua resolução. É também o raio do drama, da improvisação, da espontaneidade, da arte em todas as formas. É o raio que entretém, que expressa o humor, e que penetra nas profundezas da psique humana.
Em "Psicologia Esotérica" (vol 1 pag 205-207) vemos que uma pessoa deste raio com frequência tem uma personalidade dividida entre tendências conflitantes, como por um lado o amor ao conforto, ao prazer, à procrastinação, e por outro uma urgência pela ação e uma grande impaciência, fazendo com que esse raio por vezes seja chamado de "o raio da luta". Como militares, poderiam tender a negligenciar situações de risco para si próprios e seus comandados; como artistas, poderiam ter um senso de cor muito desenvolvido, mas a técnica não necessariamente no mesmo nível; como escritores, seu trabalho com frequência seria brilhante, mas poderia ser pouco cuidadoso e tendendo ao exagero. Essas habilidades costumam se manifestar de acordo com as influências dos demais raios na composição de alguém.
Existe um certo mal entendido quando se associa este raio às Artes. Artistas existem em igual proporção em todas os raios. Porém a expressão da beleza e da harmonia é uma característica muito importante do quarto raio. Normalmente se encontra em pessoas que se dedicam mais intensamente às artes uma combinação do senso estético do quarto raio com diferentes formas de expressar oriundas dos demais raios.
Como feito com os outros raios, vamos analisar o que nos diz Djwal Khull a respeito do processo de individualização deste raio, e suas ferramentas para o desenvolvimento:
O Bem-aventurado lançou-se ao combate. Viu a existência como duas forças em guerra, e lutou contra ambas. Carregado da panóplia, postou-se a meio caminho, olhando para ambos os lados. O fragor da batalha, as muitas armas que aprendeu a usar, o anseio por não lutar, a excitação ao descobrir que aqueles que combatia não eram senão irmãos e ele próprio, a angústia da derrota, o hino de sua vitória, - tudo isso o detinha.
O Bem-aventurado fez uma pausa e questionou: "De onde vem a vitória e de onde a derrota? Não sou eu o Próprio Bem-aventurado? Eu invocarei os anjos em meu auxílio."
O som da trombeta se fez ouvir: "Levante-se e lute, e reconcilie os exércitos do Senhor. Não há batalha. Força o conflito a serenar; envia a invocação pela paz de todos; forme de dois, um único exército do Senhor; deixe a vitória coroar os esforços do Bem-aventurado harmonizando tudo. A paz repousa atrás das energias em guerra.
Psicologia Esotérica, vol 2, pág 36
Durante o estágio inicial, percebe-se que existem diferentes caminhos possíveis, alguns mais ou menos nobres. Devido à esta percepção, "O Bem-aventurado lançou-se ao combate", porém este é um combate um tanto quanto confuso. Embora exista a clara percepção dos opostos ("Viu a existência como duas forças em guerra"), com o tempo o entendimento de que nenhuma das alternativas em cada um desses conflitos é uma solução verdadeira ou ideal leva à rejeição de todas elas ("e lutou contra ambas"). O caminho superior se baseia na responsabilidade sentida pela humanidade, e está carregado de sacrifícios para os quais ele ainda não está preparado. O caminho inferior se baseia em seus próprios interesses, porém este não se harmoniza com o senso de responsabilidade que já começa a ser cultivado.
Em "Um tratado em Magia Branca" (Alice Bailey) vemos que os dilemas vividos por pessoas deste raio muitas vezes se expressam como uma decisão entre um caminho altruísta, como por exemplo doar riqueza aos pobres, e o egoísmo, tal como desfrutar de posses. Suprimir sentimentos negativos, ou ser indulgente com eles. Amor ou ódio. Reconciliar-se com um tirano ou opor-se à ele. Cada dilema caracteriza-se pela escolha entre o que é chamado de "um par de opostos". A única maneira de resolver satisfatoriamente esses dilemas é encontrar um caminho intermediário. Nem o altruísmo nem o egoísmo; nem a supressão nem a indulgência; nem o amor nem o ódio; nem a reconciliação nem a oposição. Mas para encontrar esse caminho intermediário torna-se necessário evocar a sabedoria da alma.
Porém durante este primeiro estágio não se busca realmente o caminho intermediário. "Carregado da panóplia" (panóplia é uma armadura completa) - os vários mecanismos de defesa, como análise individual, racionalização e supressão, não conseguem decidir qual caminho seguir ("postou-se a meio caminho"). Devido à luta interior ("o fragor da batalha") e seus mecanismos de defesa ("as muitas armas que aprendeu a usar"), anseiam por não ter que escolher um caminho ("o anseio por não lutar"). Identificando-se com toda a humanidade, tanto as derrotas como as vitórias trazem desconforto.
Neste momento existe a crise de evocação. Fazendo uma pausa, é lançado o questionamento de por quê deve existir um vitorioso e um derrotado ("de onde vem a vitória e de onde a derrota?"). Sentindo-se a natureza interior de harmonia e síntese ("Não sou eu o Próprio Bem-aventurado?"), decide-se invocar esta força para alcançar resultados através da unificação dos aspectos em conflito.
No terceiro parágrafo vemos o resultado desta invocação pela sabedoria da alma ("O som da trombeta se fez ouvir"). Entende-se que é necessário elevar-se acima do fascínio emocional ("levanta-se"), ponderando-os com o corpo mental orientado pela alma, por fim dissipando-os ("e lute"), resolvendo primeiro os conflitos internos ("reconcilie os exércitos do Senhor"). Com isso se descobre que na realidade "não há batalha" entre os interesses que motivam essas forças. Tendo se elevado acima dos próprios fascínios e ilusões o Bem-aventurado pode olhar novamente para o exterior e "envia a invocação pela paz de todos". O restante do parágrafo expressa o caminho da harmonização dos opostos com base na verdade intrínseca de que não existe conflito real entre eles ("a paz repousa atrás das energias em guerra").
Ernest Wood coloca algumas idéias que mostram esse "senso de equilíbrio" inerente ao quarto raio. Ele não se alinha completamente com os "três tipos de autoconfiança" intrínsecos aos três primeiros raios, nem com as diferentes formas de devoção encontradas nos três últimos. Oscilando entre elas, a princípio vivencia os conflitos descritos acima, mas eventualmente adquire o equilíbrio do "caminho do meio". O quarto raio não possui a tônica exacerbada de vontade encontrada no primeiro e sétimo raios, do amor encontrado do segundo e sexto, ou da mente, encontrada no terceiro e quinto. Neste raio existe o potencial de colocar essas três potências trabalhando em conjunto, em busca da paz e harmonia.
Símbolo: Ponte, gangorra, yo-yo, espada de dois gumes, yin-yang, balança.
Animal: Veado.
País: Itália (personalidade), Índia (personalidade), Alemanha (alma), Áustria (alma), Brazil (alma).
Instituições: Nações Unidas (mantenedores da paz), as Artes.
Tendencias vocacionais: Mediador de resoluções, trabalhador social, humanas, as Artes, decoração, diplomacia, mantenedores da paz, dramaturgia, entretenimento, design de interiores, massagem, arte terapia.
Pessoas: Hans Schubert, William Shakespeare, Mozart, Michaelangelo, Henry Kissinger, Madeline Albright, Jimmy Carter (1 e 4), Rafael, Picasso, Edgar Allan Poe, Elizabeth Taylor, Robin Williams.
Cor: Creme (exotérica), amarelo (esotérica).
Signos zodiacais: Escorpião (cria uma ponte para as profundezas da psique humana com a luz), Touro (senso estético).
Planetas: Mercúrio (conecta, cria pontes).
Forças: Facilidade para trazer harmonia a partir do conflito; cresce espiritual e psicologicamente através das dificuldades e crises; reconciliador, mantenedor da paz; facilidade para fazer concessões, mediação, ligações; amor à beleza e facilidade para expressá-la; forte imaginação e intuição; habilidade para entreter; espontaneidade e capacidade de improvisar; espirito lutador - "advogado do diabo"; vê os opostos; sensível à dissonâncias; empático.
Fraquezas: Orientado à crises, pode se ver preso à conflitos e dificuldades interiores ou exteriores; se move de um extremo ao outro com frequência, raramente está em paz; sobrecarregado, não consegue lidar com as dissonâncias da vida; se perde no próprio sofrimento e drama; preocupado, agitado, indeciso, com falta de confiança em si mesmo; combativo, argumentativo; absorve demais do ambiente; imprevisível, falta de senso prático; inércia, indolência, procrastinação; expressão exageradamente dramática.