Egrégora é uma palavra bastante usada, não raro de forma inadequada. E costuma ser um conceito mal compreendido, o que faz com que sejamos influenciados por egrégoras sem nem mesmo entender direito como - e nesse sentido, desconhecer essa influência, ou simplesmente não acreditar nela, não faz diferença nenhuma. Pular de um prédio sem acreditar na lei da gravidade não vai fazer com que você flutue.
Por ser um assunto mal compreendido, vou começar a falar tocando em um ponto aparentemente desconexo. Sabemos que existem diversos fluxos de energia que percorrem o nosso corpo. Existem centenas de livros falando sobre os chakras (inclusive recomendo um, do Leadbeater, chamado "Os Chakras", que pode ser lido aqui no site). É importante conhecer ao menos um pouco do funcionamento desses centros energéticos, e dos canais que existem em nosso corpo, para facilitar a manutenção de um equilibrio que permita viver de forma mais harmônica e produtiva.
Mas não são apenas as energias internas que nos influenciam; vivemos imersos em muitos fluxos de forças, em centenas de formas mentais, astrais, espirituais. Recebemos o impacto de energias de praticamente todas as formas de vida das quais nos aproximamos, e tudo isso age em sinergia (ou oposição) com esses fluxos internos para determinar as condições gerais em que nossa vida irá se desenrolar. Portanto, não basta conhecer os fluxos internos. Temos que investigar os fluxos externos, e suas influências sobre nós, para - assim como fazemos com nossa energia individual - utilizá-los em nosso favor.
Pois bem. O que é, então, uma egrégora?
A palavra egrégora vem do grego egregoros, que significa "vigilante", de egeiro, "observar". Encontramos referências a esse termo na Bíblia, por exemplo em Daniel 4:13: "Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu". "Vigia" nessa frase foi uma tradução do termo egregoros. Existem referências em vários grupos religiosos de construtos mentais ou astrais, animados por alguma entidade, criados para proteção ou alguma outra finalidade, e que também recebem o nome de egrégoras.
Neste artigo, chamamos de egrégora uma construção astral, mental ou espiritual sustentada por várias pessoas durante um longo tempo, dando-lhes um caráter de permanência que independe de algum indivíduo em particular. Esse caráter de permanência faz com que algumas egrégoras atravessem milênios, potencialmente se fortalecendo durante todo esse tempo. Egrégoras não são coisas "místicas". Sem dúvida existe uma egrégora católica, uma judaica, uma da rosacruz, uma da umbanda... Mas também existe a egrégora da Coca-Cola, da Adidas e a da sua faculdade. Vivemos em contato com centenas, talvez milhares de egrégoras.
Uma egrégora é criada quando uma forma astral, mental ou espiritual encontra eco em outras formas semelhantes, e começa a "crescer". Por exemplo, quando lemos um livro da Blavatsky, criamos formas pensamento relacionadas a ela e aos ensinamentos de seus livros. Outras pessoas, lendo os mesmos livros, vão gerar formas pensamento semelhantes, que vão encontrar eco nas que foram geradas por nós. Esse processo, se repetindo por muito tempo, e alimentado por muitas pessoas, gera uma forma estável, com a qual entramos em sintonia sempre que pensamos na Blavatsky. Que fique claro: não estamos entrando em sintonia com a Blavatsky propriamente dita, mas sim com a egrégora formada por todos os pensamentos referentes à ela. Podemos até mesmo ser inspirados por idéias que compõem essa egrégora e que não foram "imaginadas por nós".
Egrégoras normalmente não são formadas apenas de materia astral, mental ou de algum plano específico. O mais comum é elas serem compostas de matéria de todos esses planos, despertando assim um misto de pensamentos e sentimentos nos que se vinculam à elas.
E essas "construções coletivas" nos afetam o tempo todo. Quando entramos em um ambiente e nos sentimos desconfortáveis, o que estamos vivenciando muitas vezes é o choque entre as energias expressas pelas egrégoras do local e as nossas energias. Existem maneiras de nos protegermos desses choques, mas isso é outra história. O que importa aqui é que se estamos "imersos" em egrégoras que se harmonizam conosco naquele momento, vamos nos sentir bem, e se ocorrer algum choque, vamos nos sentir mal.
De forma geral, egrégoras podem estar vinculadas a locais físicos. Uma igreja, um terreiro, um estádio de futebol, Stonehenge. Quem nunca escutou um locutor esportivo falando que um time tinha vantagem por estar jogando "em casa"? A egrégora do time, fortalecida pelos seus torcedores, certamente atua mais intensamente em seu próprio campo. É importante termos isso em mente quando estamos buscando uma influência específica. Costuma ser melhor estudar em uma biblioteca do que em um estádio.
Usando conceitos teosóficos, podemos dizer que nossos corpos sutis vibram em uma frequência determinada por nossas emoções, pensamentos, por nossa "tônica espiritual". E essas vibrações entram em ressonância com vibrações de egrégoras com frequências harmônicas. Através dessa ressonância, a vibração tanto da egrégora quanto do corpo sutil em questão tem sua amplitude aumentada. É por isso, inclusive, que fortalecemos egrégoras quando nos harmonizamos com elas.
É para a busca dessa ressonância que apontam as técnicas de auto ajuda vendidas em livros como "O Segredo". Nos harmonizando com uma egrégora específica, torna-se mais fácil realizar o propósito que ela representa. O problema desses livros é que eles fazem a pessoa acreditar que seguindo a receita de bolo apresentada toda a vida vai mudar. Não é bem assim que funciona... A energia dessas egrégoras ajuda, mas não vai materializar um Porsche na sua frente porque você quer, e muito, um carro esporte.
Existe uma consequência importante dessa ressonância. Suponha que estamos cultivando sentimentos ruins. Certamente, cedo ou tarde, esses sentimentos encontrarão reflexo em alguma egrégora. Por ressonância, iremos ver esses sentimentos intensificados, ao mesmo tempo em que fortalecemos a egrégora. E por estarmos vibrando em uma frequência semelhante, iremos nos manter magneticamente próximos dessa egrégora! Isso faz com que entremos em um circulo vicioso, em que alimentamos egrégoras negativas, que por sua vez nos instigam a ser mais negativos. Desconhecer essa mecânica tende a nos tornar escravos dela. Egrégoras não tem "vida própria" (é possível uma entidade animar uma forma pensamento, ou se vincular a uma egrégora, mas isso é outro assunto), mas agem como se buscassem se fortalecer, se preservar, pois são atraídas para pessoas com padrões vibratórios semelhantes, sendo "alimentadas" por essas pessoas.
E salvo obra do acaso, a única forma de quebrarmos esses ciclos - ou fortalecê-los quando positivos - é tendo conhecimento deles, de como funcionam, e usar esse conhecimento a nosso favor.
Figurativamente, nos comportamos como um aparelho de TV, sintonizando canais diferentes de acordo com o que queremos assistir. Se queremos ver um filme, não vamos ficar sintonizados em um canal de notícias. Da mesma forma, se quisermos assistir a um jogo, vamos procurar um canal de esportes.
Poderíamos chamar o conjunto de canais disponíveis em uma comunidade, uma nação, na humanidade como um todo de "inconsciente coletivo". Esse "inconsciente coletivo" é uma fonte praticamente infinita de conhecimento e inspiração - basta sintonizar no canal referente ao assunto desejado. Mas é também a raiz de um dos maiores males da nossa sociedade: as pessoas comuns vivem tão dispersas, mudando seus focos de atenção entre tantas dessas influências tão rapidamente, que praticamente todo o seu tempo é dissipado, gasto de forma improdutiva. Resolvemos problemas de trabalho pensando no que temos que fazer em casa. Estudamos lembrando do passeio feito nas férias. Conversamos com a esposa enquanto listamos mentalmente o que deixamos de fazer no trabalho porque estávamos pensando nos problemas de casa. E esse ciclo nunca acaba, ficamos sintonizando a cada 30 segundos novos canais que não tem nada a ver com a atividade a que deveríamos dar atenção.
O Zen Budismo nos diz que devemos sempre focar nossa atenção no momento presente. Algo como "estar presente no presente". Se você está escovando os dentes, preste atenção no movimento da escova, na sensação do contato dela com a gengiva, no som produzido. Se estiver comendo, sinta o gosto da comida, seus aromas, sua temperatura, perceba o ritmo em que está mastigando, o momento em que engole o alimento. Se está conversando com alguém, foque toda sua atenção nessa pessoa, escute o que ela diz, preste atenção no que responde. Ao trabalhar, dedique-se ao trabalho. Ao estudar, estude. Ao se divertir, apenas se divirta, sem pensar no trabalho ou no estudo.
Fazendo isso, estamos "sintonizando" as egrégoras adequadas às atividades do momento, e cria-se uma relação harmônica, de sinergia entre os fluxos internos e externos, potencializando o que estamos fazendo.
Notem que não é aconselhável se opor a uma egrégora, como forma de afastá-la. Oposição implica em focarmos nossa atenção em uma egrégora, e portanto nos harmonizarmos com ela, o que só a fortalece. Quanto mais esforço dedicarmos a nos opor à egrégora, mais intensa tornamos nossa ligação. O ideal a ser feito é simplesmente não se conectar. Direcione sua atenção à outras egrégoras, positivas. É simples assim, embora não seja necessariamente um processo rápido. O importante é persistir, e usar nossa vontade de forma consciente, direcionada.
Os japoneses possuem diversos rituais cotidianos que naturalmente os fazem se concentrar no momento presente. Dobrar um kimono é um ritual, beber chá é um ritual... Mas mesmo nossa cultura possui alguns rituais simples e eficazes. Por exemplo, é comum em muitas famílias fazer um pequeno agradecimento pela comida, antes de se servir. Só isso já basta para trazer a atenção de todos àquele momento, e torná-los receptivos a energias mais tranquilas. Se o almoço for aproveitado para conversas produtivas, ou mesmo para fortalecer os vinculos familiares, essa energia estará sendo bem utilizada. Infelizmente é mais comum as pessoas ligarem uma tv e comer vendo um seriado policial qualquer.
Para encerrar, o conceito mais importante que temos que guardar em relação à egrégoras é que a nossa vontade, expressa através dos nossos pensamentos, determina as energias externas com as quais nos harmonizamos. A VONTADE é, portanto, a nossa principal ferramenta na construção da vida cotidiana. Usando a vontade de forma consistente, direcionada, mergulhamos no potencial construído por centenas, milhares de pessoas. Em alguns casos, esse potencial é cultivado por toda a humanidade. É uma força praticamente sem limites... E está disponível à todos. Nesse sentido, é completamente verdadeiro dizer que tudo que pedirmos nos será dado. Para onde direcionarmos nossa vontade, ali estaremos.
Mas como é difícil manter nossa vontade onde precisamos! Saber "viver no presente" e manter nosso foco por tempo suficiente para que concretizemos nossas metas sem dúvida é um dos maiores desafios que todos enfrentamos.
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Parabéns pelo excelente
Parabéns pelo excelente artigo.
TFA
Parabéns
Parabéns
Objetivo e muito instrutivo.
Objetivo e muito instrutivo.