As visões apocalípticas

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:48

No Apocalipse de João, o Teólogo, se diz: "Eu voltei-me e vi... no meio dos sete candeeiros alguém semelhante ao Filho do Homem... sua cabeça e seu cabelo pareciam lá, brancos como neve; e seus olhos pareciam uma como chama de fogo... e seus pés eram semelhantes ao latão fino quando está numa fornalha ardente" (I,12,-5). João repete nessa passagem, como se sabe bem, as palavras de Daniel e de Ezequiel. "O Ancião dos Dias... cujo cabelo era branco como pura lã... etc." E "a semelhança de um homem... acima do trono... e a semelhança do fogo, e ela tinha refulgência a toda a volta". O fogo é "a glória do Senhor". Pthahil é o filho do homem, a Terceira Vida, e sua parte superior está representada tão branca como a neve; enquanto está em pé perto do trono do fogo ardente, ele tem a aparência de uma chama.

Todas essas visões "apocalíptica" baseiam-se na descrição da "cabeça branca" de Zohar, em quem está unidade a trindade cabalista. A cabeça branca, "que oculta em seu crânio o espírito", e que é rodeada pelo fogo sutil. A "semelhança de um homem" é aquela de Adão-Cadmo, através de quem passa o facho de luz representado pelo fogo. Pthahil é o Vir Novissinis (o homem mais novo), o filho de Abathur, sendo esse último o "homem" ou a terceira vida (A primeira Díada andrógina, considerada como uma unidade em todas as computações secretas, é, por conseguinte, o Espírito Santo.), agora o terceiro personagem da Trindade. João vê "alguém semelhante ao filho do homem", segurando em sua mão direita sete estrelas, e de pé entre "sete candeeiros dourados (Apocalipse, I). Pthahil ocupa sua "posição no alto", segurando a vontade de seu pai, "o mais elevado Aeon que tem sete cetros e sete gênios, que astronomicamente representam os sete planetas ou estrelas. Ele está em pé "brilhando nas vestes do Senhor, resplandecente por meio dos gênios". Ele é o Filho do seu Pai, a Vida, e de sua mãe, o Espírito, ou Luz. No Evangelho segundo São João, Logos é representado como aquele em quem havia "Vida, e a vida era a Luz dos homens" (I, 4). Pthahil é o Demiurgo, e seu pai criou o universo visível da matéria através dele. N Epístola de Paulo aos Efésios (III, 9), diz-se que Deus "criou todas as coisas por meio de Jesus." No Codex, a VIDA - Progenitora diz: "Levante-se, vá nosso filho ungido em primeiro lugar, ordenando para todas as criaturas". "Assim como o Pai que vive me enviou", diz Cristo, "Deus enviou o seu filho ungido para que nós possamos viver" (João, VI, 57; I João, IV, 9).

Finalmente, tendo concluído a sua obra na Terra, Pthahil se eleva até o seu Pai Abathur. "Meu pai me enviou... Eu vou ao Pai", repete Jesus.

Deixando de lado as disputas teológicas do Cristianismo, que tenta fundir o Criador Judaico do primeiro capítulo do Gênese com o "Pai" do Novo Testamento, Jesus a afirma repetidamente do seu Pai: "Ele está oculto". Certamente ele não teria denominado desta forma o sempre-presente "Senhor Deus" dos livros mosaicos, que Se mostrou a Moisés e aos Patriarcas, e que finalmente permitiu que os anciãos de Israel olhassem para Ele ("Então subiram Moisés e Abraão, Nadab e Abiú, e os setenta anciãos de Israel. E eles viram o Deus de Israel", Êxodo, XXIV, 9-10.). Quando Jesus se pôs a falar no templo em Jerusalém como da "Casa de seu Pai", ele não se referia à construção física, que ele afirmava poder destruir e reconstruir em três dias, mas ao templo de Salomão, o cabalista sábio, que indicava em seus Provérbios que cada homem é o templo do Senhor, ou do seu próprio espírito divino. Este termo "Pai que está oculto", nós também vemos tanto na Cabala como no Codex nazareus, e em outros lugares.

Nós podemos rastrear essa denominação de um Deus "secreto" ainda mais para trás. Na Cabala, o "Filho" do Pai oculto que reside na luz e na glória, é o "Ungido", o Zeir-Anpîn, que une a si mesmo todas as Sephiroth, ele é o Cristo, ou o homem celestial. É através de Cristo que o Pneuma, ou o Espírito Sagrado, cria "todas as coisas", (Efésios, III, 9), e produz os quatro elementos, o ar, a água, o fogo e a terra.

O "Filho do Homem" é um título que não deveria ser usado a não ser por cabalistas. Exceto, como verificamos acima, no Velho Testamento, ele é usado apenas por um único profeta - Ezequiel, o cabalista. Em suas relações mútuas e misteriosas, os Aeons ou Sephiroth são representados na Cabala por um grande número de círculos, e algumas vezes pela figura de um HOMEM, que é simbolicamente formado a partir desses círculos. Este homem é Zeir-Anpîn, e os 243 números de que a sua figura se constitui, se relacionam com as diferentes ordens da hierarquia celestial. A idéia original dessa figura, ou antes, o seu modelo, pode ter sido extraída do Brahmâ hindu, e as várias castas, representadas por algumas partes do seu corpo, como sugere King em seu Gnostics. Em um dos maiores e mais bonitos templos - caverna, em Ellora, dedicado à Visvakarman, filho de Brahmâ, existe uma representação deste Deus e de suas qualidades. Para alguém acostumado com a descrição de Ezequiel da "semelhança das quatro criaturas viventes" cada uma das quasi possuía quatro faces e as mãos de um homem embaixo de suas asas, etc., a figura de Ellora deve certamente parecer absolutamente Bíblicas. Brahmâ é denominado o pai do "homem" bem como de Júpiter e de outros deuses elevados.

 

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