O salvador da humanidade

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:50

Saoshyant de Zoroastro é moldado no décimo avatâra bramânico, e o quinto Buddha dos seguidores de Gautama; e nós encontramos o anterior, depois de ter passado a parte integrante para o sistema cabalístico do rei Messias, refletido no apóstolo Gabriel dos nazarenos, e Hibil-Ziwa, o Legatus, mandado para a Terra pelo Senhor da Celsitude e da Luz; todos esses - hindus e persas, budistas e judaicos, o Cristo dos gnósticos e o Philonean Logos são encontrados combinados no "Mundo feito carne" do quarto Evangelho. O Cristianismo inclui todos estes sistemas, improvisados para se adaptar às circunstâncias. Se considerarmos o Avesta - encontraremos ali, o sistema dual que prevalece no esquema cristão. A luta entre Ahriman, as Trevas, e Ormasde, a Luz, tem continuado no mundo, desde o começo dos tempos. Quando chega o pior e parecer que Ahriman (trevas) conquistou o mundo, e corrompeu toda a Humanidade, então aparecerá o Salvador da Humanidade, Saoshyant. Ele virá montado num cavalo branco e seguido por um exército de gênios bons, igualmente cavalgando corcéis brancos como leite. E isso encontramos copiado de modo fideligno do Apocalipse: "Eu vi o céu aberto, e eis que apareceu um cavalo branco; e o que estava montado em cima dele se chamava o Fiel e o Verdadeiro... E seguiam-no os exércitos que estão no céu em cavalos brancos" (Apocalipse, XIX, 11, 14) O próprio Saoshyant nada mais é que a posterior permutação do Vishnu hindu. A figura deste deus pode ser encontrada até os dias de hoje, representada como o Salvador, o "Preservador" (a proteção do espírito de Deus), no templo de Râma. O quadro o apresenta em sua décima encarnação - O Kalki-avatâra, que está por vir - como um guerreiro armado montado num cavalo branco. Agitando sobre a sua cabeça a espada [da] destruição, na outra mão segura um escudo formado de anéis concêntricos, emblema dos ciclos que revolvem de grandes eras, pois Vishnu assim aparecerá no fim de Kali-Yuga, correspondendo ao fim do mundo esperado por nossos adventistas. "E de sua boca saía uma espada de dois gumes... e na sua cabeça estavam postos muitos diademas" (Apocalipse, XIX, 12, 15). Freqüentemente, Vishnu é representado com algumas coroas superpostas na suas cabeça. "E eu vi um anjo de pé no Sol" (17). O cavalo branco é o cavalo do Sol. Saoshyant, o salvador persa, também nasceu de uma virgem, e no fim dos dias virá como um redentor para regenerar o mundo, porém será precedido por dois profetas, que virão para anunciá-lo. Em conseqüência, os judeus que têm Moisés e Elias estão agora esperando pelo Messias. "Em seguida virá a ressurreição geral, quando os bons entrarão imediatamente nesta morada feliz - a terra regenerada; e Ahriman e seus anjos (os demônios), e os maus, serão purificados por imersão em um lago de metal derretido... Daí por diante, todos gozarão de felicidade imutável e, liderados por Saoshyant, para sempre cantarão louvores para o Sempiterno." O que acima é a perfeita repetição de Vishnu em seu décimo avatarâ, porque então ele arremessará os maus nas moradas infernais, nas quais, depois de se purificar, eles serão perdoados - mesmo aqueles demônios que se rebelaram contra Brahmâ, e foram violentamente derrubados no abismo sem fundo, por Shiva; como também os "abençoados" irão morar com os deuses, acima do Monte Meru.

Orígenes sustentava firmemente que a doutrina do castigo eterno era errônea. Acreditava que no segundo advento de Cristo mesmo os demônios que figuravam entre os condenados seriam perdoados. A condenação eterna é uma invenção cristã posterior (Cf. Orígenes, De principüs, I, V, II, X; III, VI.

Tendo traçado desta maneira as semelhanças de visões no que diz respeito ao Logos, ao Metatron e ao Mediador, como são encontrados na Cabala e no Codex dos nazarenos cristãos e dos gnósticos, o leitor está preparado para apreciar a audácia do esquema patrístico ao reduzir a figura puramente metafísica em forma concreta e fazê-la aparecer como se o dedo da profecia tivesse sido apontado para Jesus, como o Messias por vir, desde tempos imemoriais. Um theomythos que pretende simbolizar o dia por vir, perto do encerramento do grande ciclo, quando as "boas novas" dos céus proclamarem a irmandade universal e a fé comum da Humanidade, o dia da regeneração - violentamente distorcido como se fosse um fato consumado.

"Por que me chamaste de bem? não há nenhum bem, a não ser um, que é Deus," disse Jesus. É essa a linguagem de Deus? da segunda pessoa da Trindade, que é idêntica à Primeira? E se este Messias, ou Espírito Santo dos gnósticos e das trindades pagãs, vieram em sua pessoa, o que ele quis dizer com distinguir entre ele mesmo, o "Filho do Homem" e o Espírito Santo? "E quem quer que fale uma palavra contra o Filho do Homem, isso lhe será perdoado; mas àquele que blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado", diz ele. E como considerar a maravilhosa identidade dessa linguagem própria, com os preceitos enunciados, séculos atrás, pelos cabalistas e pelos iniciados "pagãos"? Dentre vários exemplos, selecionamos alguns.

"Nenhum dos deuses, nem homem ou Senhor, pode ser bom, a não ser somente o próprio Deus", diz Hermes.

"Ser um homem bom é impossível, apenas Deus possui esse privilégio", repete Platão, com uma ligeira modificação.

Seis séculos antes de Cristo, o filósofo chinês Confúcio, disse que sua doutrina era simples e fácil de compreender (Lun Yü, cap. 5. inciso 15). Ao que um dos seus discípulos acrescentou: "A doutrina de nosso mestre consiste em ter sempre bondade no coração, e em fazer aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem".

"Jesus de Nazaré, um homem aprovado por Deus entre vocês por seus milagres", exclamou Pedro, muito tempo depois da cena do Calvário. "Havia um homem enviado por Deus, cujo nome era João" diz o quarto Evangelho, posicionando dessa forma (João) Batista em condições de igualdade com Jesus. João Batista num dos mais solenes atos de sua vida, o de batizar o Cristo, não pensa que vai batizar um Deus, porém usa a palavra homem. "Este é aquele de quem eu disse, depois de mim vem um homem." Falando de si mesmo, Jesus disse, "Ele busca matar-Me, um homem que lhes contou a verdade, que eu ouvi de Deus". Até mesmo o homem cego de Jerusalém, curado pelo grande taumaturgo, cheio de gratidão por seu benfeitor, ao narrar o milagre, não chama Jesus de Deus, mas diz simplesmente, "..... um homem que é chamado Jesus, fez o corpo". (João, IX, 11).

Não encerramos a lista por falta de outros exemplos e provas, mas simplesmente porque o que dissemos agora já foi repetido e demonstrado por outros, muitas vezes e antes de nós. No entanto, não existe mal mais incurável que o fanatismo cego e irrazoável. Poucos são os homens que, como o Dr. Priestley, têm a coragem de escrever: "Nada encontramos parecido à divindade atribuída a Cristo antes de Justino, Mártir (A. D. 141), que, sendo um filósofo, transformou-se num cristão".

 

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