O verdadeiro cristianismo encontrado no budismo, e em outras religiões pagãs

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:51

Maomé (nasceu em 571 d.C.) apareceu quase seiscentos anos depois do presumido deicídio (A denominação da morte que os judeus deram a Cristo). O mundo grego-romano ainda estava convulsionado por dissenções religiosas, resistindo a todos os editos imperiais do passado e ao Cristianismo compulsório. Enquanto o Concílio de Trento discutia a Vulgata, a unidade de Deus silenciosamente suplantou a Trindade, e logo os maometanos eram mais numerosos que os cristãos. Por que? Porque o seu profeta nunca procurou identificar-se com Allah. De outro modo, se pode afirmar, com segurança, que ele nunca viveria para ver florescer a sua religião. Até os dias de hoje, o Maometanismo fez e ainda está fazendo mais prosélitos do que o Cristianismo. Buddha Siddhârtha veio como um simples mortal, séculos antes de Cristo. A ética religiosa de sua fé é presentemente encontrada, excedendo de longe em beleza moral, qualquer coisa jamais sonhada pelos tertulianos e pelos agostinianos.

O verdadeiro espírito do Cristianismo pode ser encontrado totalmente apenas no Budismo; parcialmente, ele se revela em outras religiões “pagãs”. Buddha nunca fez de si mesmo um deus, nem foi endeusado por seus seguidores. Os budistas, no momento, são conhecidos por exceder em número os cristãos; eles são perto de 500.000.000. Enquanto isso, casos de conversão se tornaram raros entre os budistas, os bramanistas, os maometanos e os judeus, como para mostrar como são infrutíferas as tentativas dos nossos missionários; o ateísmo e o materialismo disseminam as suas úlceras gangrenosas e corroem mais profundamente, a cada dia, o próprio coração do Cristianismo. Não há ateus entre a população pagã, e aqueles poucos que existem entre os budistas e bramanistas, foram infectados pelo materialismo, e sempre podem ser encontrados nas grandes cidades densamente povoadas por europeus, e apenas entre as classes educadas. O Bispo Kidder, diz com muita veracidade: “se um homem sábio tivesse de escolher a sua religião a partir dos que a professam, talvez o Cristianismo fosse a sua última escolha”!

Desde os primórdios do Cristianismo, quando Paulo reprovou a Igreja de Corinto pelo crime “como isso é chamado entre os gentios - de alguém poder possuir a mulher do seu pai”; e por fazer da “anta Ceia” um motivo de deboche e de beberagem (1 Corintos V, 1), a profissão do nome de Cristo tem sido muito mais um pretexto do que a prova do sentimento sagrado. Entretanto, a forma correta deste Verso é: “Onde quer que se ouça falar dessa prática lasciva como a que se vê entre as nações pagãs - a de possuir ou mesmo se casar com a mulher do seu pai”. A influência persa poderia ser indicada nesta forma de linguagem. A prática não existiu “em nenhum lugar entre as nações”, exceto na Pérsia, onde foi estimada como especialmente meritória. Daí, também, as histórias judias de Abraão casando-se com sua irmã, Nahor com sua sobrinha, Amram com a irmã do seu pai, e Judah com a viúva de seu irmão, cujos filhos parecem ter sido legitimados. As tribos arianas valorizavam casamentos endógamos, enquanto que os tártaros e todas as nações bárbaras exigiam que todas as uniões fossem exógamas.

Havia apenas um apóstolo de Jesus, digno deste nome, e esse era Paulo. Entretanto, as suas Epístolas foram desvirtuadas por mãos dogmáticas antes de ser admitidas no Canon; a sua concepção da grande figura divina do filósofo que morreu por sua idéia ainda pode ser traçada em suas referências às várias nações Cristãs. Acontece apenas que quem quiser entendê-lo melhor ainda precisa estudar o Logos Philoneo, refletido de vez em quando no Sabda hindu (Logos) da escola Mîmânsâ.

Quanto aos outros apóstolos, aqueles cujos nomes estão antepostos no Evangelho, nós não podemos acreditar muito em sua veracidade quando os vemos atribuindo ao seu Mestre milagres envolvidos por circunstâncias lembradas, se não nos mais velhos livros da Índia, ao menos naqueles antedatados ao Cristianismo, e na própria fraseologia das tradições. Quem, em seus dias de simples e cega credulidade, não se maravilhou com a comovente história dada no Evangelho segundo Marcos e Lucas da ressurreição da filha de Jairo? Quem alguma vez duvidou de sua originalidade? E, ainda assim, a história é inteiramente copiada do Harivansa, e é lembrada entre os milagres atribuídos a Krishna. Nós traduzimos da versão francesa:

“O Rei Angashuma contratou os esponsais de sua filha, a bela Kalâvatî, com o jovem filho de Vâmadeva, o poderoso Rei de Antavedi, chamado Govinda, a ser celebrado com grande pompa.

“Mas quando Kalâvati estava se divertindo nos arvoredos com as suas amigas, ela foi picada por uma serpente e morreu. Angashuma dilacerou as suas roupas, cobriu-se de cinzas, e amaldiçoou o dia em que nasceu.

“De repente, um grande rumor se espalhou através do palácio, e os seguintes gritos eram ouvidos, repetidos mil vezes: ‘Pasya pitaram; pasya gurum!’ ‘Vejam o Pai! Vejam o mestre! Então Krishna se aproximou, sorrindo, apoiando-se no braço de Arjuna... ‘Mestre!’ gritou Angashuna, arremessando-se aos seus pés, inundando-os com as suas lágrimas: ‘Veja minha pobre filha!’ e ele mostrou-lhe o corpo de Kalâvatî, estendido sobre uma esteira...

“‘Por que se lamenta?’ replicou Krishna, com voz gentil. ‘Não vê que ela está dormindo? Ouça o som de sua respiração, semelhante ao do vento noturno que estremece as folhas das árvores. Veja, as suas faces ficando coradas, os seus olhos, cujos cílios tremulam como se estivesse para abrir os olhos; os seus lábios palpitam como para falar; ela está dormindo , estou lhe dizendo; e segure! veja, ela se move Kalâvatî! levante-se e ande!’

“Mal Krishna tinha falado, quando a respiração, o calor, o movimento e a vida retornaram pouco a pouco ao cadáver, e a pequena menina, obedecendo à ordem do semideus, levantou-se de sua esteira, juntando-se às companheiras. No entanto, a multidão maravilhada gritou: ‘Este é um Deus, uma vez que a morte para ele não mais que um sono’.

Todas essas parábolas são reforçadas pelos cristãos, como a adição de dogmas que, por seu caráter extraordinário, deixaram bem para trás as concepções selvagens do Paganismo. Os cristãos, a fim de acreditar numa divindade, acharam necessário matar o seu Deus, para que eles mesmo vivessem!

E agora, o Supremo, o desconhecido, o Pai da Graça e da Misericórdia e sua hierarquia celestial são manipulados pela Igreja como se fossem uns tantos astros teatrais e extras assalariados! eis séculos antes da era cristã, Xenófanes divulgou esse antropomorfismo, numa sátira imortal, relembrada e preservada por Clemente da Alexandria:

“Há um Deus Supremo acima de todos os deuses, mais divino que os mortais,

Cuja forma não é parecida com a dos homens, como também não é semelhante a sua natureza;

Mas os fúteis mortais imaginaram que como eles mesmos, os deuses são procriados

Com sensações humanas, com voz e membros corpóreos;

Dessa forma, se os bois ou os leões tivessem mãos e pudessem trabalhar à moda dos homens,

E pudessem esculpir com cinzel ou pintar a sua concepção da divindade

Então os cavalos retratariam os deuses como cavalos, os bois os representariam como bois,

Cada tipo de animal representa o Divino, com a sua forma e dotado com a sua natureza”.

E ouçam Vyâsa - o poeta panteísta da Índia que, como todos os cientistas podem provar, pode ter vivido, como Jacolliot, bem uns cinqüenta mil anos atrás - discursando sobre Mâyâ, a ilusão dos sentidos:

 

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