A veneração da serpente

Enviado por Estante Virtual em sab, 24/11/2012 - 00:39

A estranha veneração que os ofitas dedicavam à serpente que representava Cristos se tornará menos perplexa se os estudiosos lembrarem de que em todas as épocas a serpente foi o símbolo da sabedoria divina que mata para fazer ressurgir, destrói para melhor reconstruir. Moisés era descendente de Levi, uma tribo-serpente. Gautama Buddha pertence a uma linhagem-serpente, através da dinastia Nâga (serpente) e reis que reinou no Magadha. Hermes, ou o deus Taautos (Thoth), em seu símbolo-serpente, é Têt; e, de acordo com as lendasofitas, Jesus ou Cristos nasceu de uma serpente (sabedoria divina, ou Espírito Santo), isto é, tornou-se um filho de Deus por meio de sua iniciação na "Ciência da Serpente". Vishnu, idêntico ao egípcio Kneph, repousa sobre a serpente celestial de sete cabeças.

O dragão vermelho ou ígneo dos tempos antigos era a insígnia dos assírios. Ciro adotou-a deles, quando a Pérsia se apoderou do seu país. Os romanos e os bizantinos foram os próximos a assumi-la; e então o "grande dragão vermelho", além de ser o símbolo da Babilônia e de Nínive, tornou-se o de Roma.

A tentação, ou provocação, de Jesus é, todavia, a ocasião mais dramática em que surge Satã. Como que para provar a designação de Apolo-Esculápio e Baco, [como] Diabolos, ou filho de Zeus, ele também é chamado de Diabolos, ou acusador. A cena da provação foi o ermo. O deserto entre o Jordão e o Mar Morto era a morada dos "filhos dos profetas" e dos essênios. Estes ascetas costumavam sujeitar seus neófitos a provocações, análogas às torturas dos ritos mitricos, e a tentação de Jesus foi evidentemente uma cena dessa índole. Por essa razão, afirma-se no Evangelho segundo São Lucas [IV, 13, 14] que "o Diabolos, tendo completado a provação, deixou-o por tempo específico; e voltou Jesus em virtude do Espírito para a Galiléia. Mas o Diabo, neste exemplo, não é evidentemente nenhum princípio maligno, senão o princípio que exerce a disciplina. Os termos Diabo e Satã são empregados repetidas vezes neste sentido. (Ver 1 Coríntios, V, 2; 2 Coríntios, XI, 14; 1 Timóteo, I, 20). Assim, quando Paulo estava propenso a um júbilo excessivo em virtude da abundância de revelações ou descobertas epópticas, foi-lhe dado "na carne, um estímulo, o anjo de Satanás", para o esbofetear. (2 Coríntios, XII, 7. Números, XXII, 22, o anjo do Senhor é descrito como desempenhando o papel de um Satã a Balaam).

 

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