A propensão de efemerizar os deuses em homens

Enviado por Estante Virtual em sab, 24/11/2012 - 00:40

Em todas as épocas, existiu a propensão de se evemerizar os deuses em homens. Mencionam-se túmulos de Zeus, Apolo, Hércules e Baco para demonstrar que eles foram originalmente apenas seres mortais. Sem, Cam, e Jafé são as personificações respectivas das divindades Shamas, da Assíria, Kham, do Egito, e Iapetes, o Titã. Seth era deus dos hicsos, Enoch, ou Inaco, dos argivos; e Abarão, Isaac e Judá têm sido comparados a Brahmâ, Ikshvaku e Yadu, do panteão hindu. Typhon caiu da divindade para a diabolicidade, tanto no seu caráter próprio de irmão de Osíris quando no Seth, o Satã da Ásia. Apolo, o deus do dia, tornou-se, na sua roupagem fenícia mais antiga, não mais Baal-Zebul, o Oráculo-deus, mas o príncipe dos demônios e finalmente o senhor do mundo subterrâneo. A separação do mazdeísmo, do vedismo, transformou os devas, ou deuses, em potências do mal. Indra, também, subordina-se a Ahriman na Vendîdâd, criado por ele com material extraído das trevas, junto com Shiva (Sûrya) e os dois Aswins. Até mesmo Jahi é o demônio da Luxuriam - provavelmente idêntico a Indra.

As muitas tribos e nações tinham seus deuses tutelares e avaliavam os dos povos inimigos. A transformação de Typhon, Satã e Belzebus tem esse caráter. De fato, Tertuliano fala de Mithra, o deus dos Mistérios, como um diabo.

No capítulo doze [9,11] do Apocalipse, Miguel e seus anjos venceram o Dragão e seus anjos: “e o Grande Dragão foi precipitado na Terra, aquela Serpente Antiga, chamada Diabolos e Satã, que seduz a todo o mundo”. E em seguida: “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro”. O Cordeiro, ou Cristo, tinha de descer ao inferno, o mundo dos mortos, e permanecer ali durante três dias antes de subjugar o inimigo, sendo o mito.

Miguel foi denominado pelos cabalistas e pelos gnósticos de “o Salvador”, o anjo do Sol e o anjo da Luz. Ele era o primeiro dos Aeons (Espíritos Estelares) e bastante conhecidos dos antiquários como o “anjo desconhecido” representado nos amuletos gnósticos

O autor do Apocalipse, se não era um cabalista, deve ter sido um gnóstico. Miguel não foi uma personagem original de sua revelação (epopteia), mas o Salvador e Matador-do-dragão. As investigações arqueológicas o têm indicado como idêntico a Anubis, cuja efígie foi descoberta recentemente num monumento egípcio, com uma couraça e uma lança, no ato de matar o dragão que possui a cabeça e a cauda de uma serpente.

O estudioso de Lepsius, Champollion e outros egiptólogos reconhecerão imediatamente que Ísis é a "mulher com a criança", "vestida de Sol e com a Lua a seus pés", que o "grande Dragão feroz" perseguiu e a quem "foram dadas duas asas da Grande Águia de modo que pudesse fugir para o deserto". Typhon tinha a pele vermelha.

Os Dois Irmãos, os Príncipes do Bem e do Mal, aparecem nos mitos da Bíblia, bem como nos dos gentios, e assim temos Caim e Abel, Typhon e Osíris, Esaú e Jacó, Apolo e Píton, etc. Esaú ou Osu é representado, quando nascido, como "todo vermelho como uma veste felpuda". Ele é o Typhon ou Satã, que se opõe aos seu irmão.

Desde a mais remota antigüidade, a serpente foi venerada por todos os povos como a incorporação da sabedoria divina e como o símbolo do espírito e sabemos por Sanchoniathon que foi Hermes Thoth o primeiro a considerar a serpente como "o mais espiritual de todos os répteis"; e a serpente gnóstica como as sete vogais sobre a cabeça não é senão uma cópia de Ananta, a serpente de sete cabeças sobre a qual repousa Vishnu.

 

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