A lenda do dragão sob vários aspectos

Enviado por Estante Virtual em sab, 24/11/2012 - 00:41

Na mitologia hindu, Vasuki, o Grande Dragão, cospe contra Durgâ um fluído venenoso que se estende por sobre a terra, mas, seu consorte, Shiva, faz a terra abrir sua boca para suga-lo.

Assim, o drama místico da virgem celestial perseguida pelo dragão que quer devorar seu filho não foi visualizado nas constelações do céu, como já foi mencionado, mas também foi representado na adoração secreta dos templos. Era o mistério do deus Sol e foi inscrito numa imagem negre de Ísis.

O menino Divino foi caçado pelo cruel Typhon. Na lenda egípcia, o Dragão persegue Thuêris (Ísis), enquanto esta tenta proteger seu filho. Ovídio descreve Dione (a consorte de Zeus pedágio original, e mãe de Vênus) a fugir de Typhon para o Eufrates, identificando assim o mito como pertencente a todos os países em que os mistérios eram celebrados. Virgílio canta a vitória:

"Salve, querido filho dos deuses, grande filho de Jove!

Recebi a suma honra; os tempos se avizinham;

A serpente morrerá!"

Alexandre Magno, alquimista e estudioso de ciências ocultas, bem como bispo da Igreja Católica Romana, declarou, entusiasmado pela astrologia, que o signo zodiacal da virgem celestial eleva-se acima do horizonte no vigésimo quinto dia do mês de dezembro, no momento assinalado pela Igreja para o nascimento do Salvador.

O signo e o mito da mãe e do filho eram conhecidos milhares de anos antes da era cristã. O drama dos Mistérios de Dmeter representa Perséfone, sua filha, raptada por Plutão ou Hades para o mundo dos mortos; e quanto a mãe finalmente a descobre lá, foi instalada como rainha do reino das Trevas. Esse mito foi transcrito pela Igreja na lenda de Sant'Anna indo em busca de sua filha Maria, que fora levada por José para o Egito. Perséfone é descrita com duas espigas de trigo na mão; assim também Maria, nas imagens antigas; assim também a Virgem Celestial da constelação. Albumazar, o árabe, indica a identidade de muitos mitos da seguinte maneira:

"No primeiro decano da Virgem nasce uma donzela, chamada em árabe Aderenosa [Ardhhanâri?], isto é, virgem pura imaculada, a graça em pessoa, encantadora na postura, modesta no hábito, cabeleira flutuante, segurando em suas mãos duas espigas de trigo, sentada sobre um trono bordado, amamentando um menino eu alimentando-o justamente num lugar chamado Hebréia; um menino, quero dizer, chamado Iessus por determinadas nações, que significa Issa, a quem chamam também de Cristo em grego".

Por essa época, as idéias gregas, asiáticas e egípcias haviam sofrido uma transformação notável. Os Mistérios de Diônisio-Sabazius haviam sido substituídos pelo rito de Mithra, cujas “cavernas” sucederam as criptas do deus antigo da Babilônia à Bretanha. Serapis, ou Sri-Apa, do Ponto, usurpara o lugar a Osíris. O rei do Indostão Oriental, Asoka, abraçara a religião de Siddhârtha e enviara missionários à Grécia, à Ásia, à Síria e ao Egito para promulgar o evangelho da sabedoria. Os essênios da Judéia e da Arábia, os terapeutas do Egito e os pitagóricos da Grécia e da Magna Grécia eram evidentemente adeptos do novo credo. As lendas de Gautama sucederam os mitos de Hórus, Anubis, Adónis, Atys e Baco. Foram incorporados aos mistérios e aos Evangelhos e a eles devemos a literatura conhecida como os Evangelhos e o Novo Testamento Apócrifo. Foram guardados pelos ebionitas, nazarenos e outras seitas como livros sagrados, que podiam “mostrar apenas aos sábios”; e foram preservados até que a influência ofuscante da política eclesiástica romana os arrebatasse.

Quando o sumo sacerdote Hilkiah encontrou o Livro da lei, os Purânas (Escrituras) hindus eram conhecidos dos assírios. Os assírios haviam dominado durante muito tempo a região compreendida entre o Helesponto e o Indo e talvez tenham empurrado os arianos da Bactriana para o Puñhab. O Livro da lei parece ter sido um purâna. “Os brâmanes cultos”, diz William Jones, “pretendem que as seguintes cinco condições devam constituir um purâna verdadeiro:

“1a. Tratar da criação da matéria em geral.

“2a. Tratar da criação ou produção de material secundário e dos seres espirituais.

“3a. Fornecer um resumo cronológico dos grandes períodos de tempo.

“4a. Fornecer um resumo genealógico das famílias principais que reinaram sobre o país.

“5a. Finalmente, fornecer a história de algum grande homem em particular.”

É indubitável que quem quer que tenha escrito o Pentateuco se sujeitou a essas condições, bem como aqueles que escreveram o Novo Testamento estavam muito bem familiarizados com a adoração ritualista

budista, com as lendas e as doutrinas por meio dos missionários budistas que se contavam em grande número, naquela época, na Palestina e na Grécia.

Mas “nem Diabo, nem Cristo”. Este é o dogma básico da Igreja. Devemos perseguir os dois ao mesmo tempo. Há uma conexão misteriosa entre os dois, mais estreita do que talvez se supunha, que leva à identidade. Se aproximarmos os filhos míticos de Deus, todos aqueles que eram considerados como os “primogênitos”, eles se harmonizarão e se fundirão nesse caráter dual. Adão-Cadmo desdobra-se da sabedoria conceptiva espiritual em criativa, que desenvolve a matéria. O Adão feito de barro é o filho de Deus e Satã; e Satã também é um filho de Deus, de acordo com Jó.

 

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