Os Primeiros Capítulos do Gênesis

Enviado por Estante Virtual em qui, 22/11/2012 - 20:12
Tivessem as alegorias contidas nos primeiros capítulos do Gênese sido mais bem-compreendidas, mesmo em seu sentido geográfico e histórico, que nada implica de esotérico, as pretensões de seus verdadeiros intérpretes, os cabalistas, dificilmente teriam sido rejeitadas por tanto tempo. Todo estudioso da Bíblia deve saber que o primeiro e o segundo capítulo do Gênese não podem ter saído da mesma pena. Ambos são evidentemente alegorias e parábolas, pois as duas narrativas da criação e povoamento de nossa Terra contradizem-se diametralmente em todos os detalhes de ordem, tempo, lugar e método empregados na chamada criação. Aceitamos as narrativas literalmente, e como um todo, rebaixamos a dignidade da Divindade desconhecida. Fazemo-la descer ao nível dos homens, e dotamo-la da personalidade peculiar do homem, que precisa do “frescor do dia” para refrescar-se; que descansa de suas tarefas; e que é capaz de raiva, vingança, e mesmo de tomar precauções contra o homem, “para que ele não estenda os braços e colha também da árvore da vida”. (Uma tácida admissão da Divindade, diga-se de passagem, de que o homem poderia fazê-lo, se não fosse impedido simplesmente pela força.) Mas, reconhecendo a nuança alegórica da descrição do que se pode chamar de fatos históricos, colocamos imediatamente os nossos pés em terra firme.
 
Para começar - o jardim do Éden, enquanto localidade, não é de todo mito; ele pertence a esses marcos da história que revelam ocasionalmente ao estudante que a Bíblia não é inteiramente uma mera alegoria. “Éden, ou o hebraico, GAN-EDEN, que significa o parque ou o jardim do Éden, é um nome arcaico do país banhado pelo Eufrates e por muitos de seus afluentes, da Ásia e da Armênia ao Mar da Eritréia.” No Livro dos números caldeu, a sua localização é designada por números; e no manuscrito Rosa-cruz cifrado, deixado pelo Conde St. Germain, ele é descrito por completo. Nas Tábuas assírias, é traduzido por Gan-Dunâs (corrigido para Kar-Dunîas). “Vede”, diz o Elohim da Gênese, “o homem tornou-se como um de nós.” Pode-se aceitar os Elohim num sentido como deuses ou poderes, e tomá-los em outro caso como Aleim, ou sacerdotes; os hierofantes iniciados no bem e no mal deste mundo; pois havia um colégio de sacerdotes chamado Aleim, e o chefe de sua casta, ou chefe dos hierofantes, era conhecido como Yava-Aleim. Ao invés de tornar-se um neófito, e olhar gradualmente o seu conhecimento esotérico por meio de uma iniciação regular, um Adão, ou homem, utiliza as suas faculdades intuitivas, e, induzido pela Serpente - a Mulher e a matéria - prova da Árvore da Sabedoria - a doutrina esotérica ou secreta - de modo ilegal. Os sacerdotes de Hércules, ou MEL-KARTH, O “Senhor” do Éden, trajavam “túnicas de pele”. O texto diz: “E Yava-Aleim fez para Adão e sua mulher, KOTHNOTH OR” (Gênese, III, 21). A primeira palavra hebraica, chitun, é o grego, chiton. Ela se tornou uma palavra eslava por adoção da Bíblia, e significa uma túnica, uma vestimenta exterior.
 
Embora continha o mesmo substrato de verdade esotérica que todas as outras cosmogonias primitivas, a Escrita hebraica traz em si as marcas de sua dupla origem. Seu Gênese é simplesmente uma reminiscência do cativeiro babilônico. Os nomes de lugares, homens e mesmo de objetos podem ser traçados desde o texto original dos caldeus e dos acádios, seus progenitores e instrutores arianos. Contesta-se energicamente que as tribos da Caldéia, Babilônia e Assíria fossem de algum modo apresentadas aos brâmanes do Indostão; mas há mais provas a favor dessa opinião do que o contrário. Os semitas ou os assírios poderiam, talvez, chamar-se turânios, e os mongóis denomina-se citas. Mas se os acádios nunca existiram a não ser na imaginação de alguns filósofos e etnólogos, eles jamais seriam uma tribo turaniana, como alguns assiriólogos esforçaram-se por nos convencer. Eram simplesmente imigrantes a caminho da Ásia Menor, proveniente da Índia, o berço da Humanidade, e seus adeptos sacerdotes demoravam-separa civilizar e iniciar um povo bárbaro. Halévy provou a falácia da mania turaniana, no que concerne ao povo acádio, cujo nome já foi alterado dezenas de vezes; e outros cientistas provaram que a civilização babilônia não nasceu nem se desenvolveu naquela região. Foi importada da Índia, e os importadores foram os hindus bramânicos.
 
Assim, enquanto o primeiro, o segundo e o terceiro capítulo do Gênese não passam de imitações desfiguradas de outras cosmogonias, o quarto capítulo, a partir do décimo sexto versículo até o final do quinto capítulo, fornece fatos puramente históricos, embora estes nunca tenham sido corretamente interpretados. Foram colhidos, palavras por palavras, do Livro dos números secreto da Grande Cabala Oriental. A partir do nascimento de Henoc, o primeiro pai reconhecido da franco-maçonaria, inicia-se a genealogia das chamadas famílias turanianas, arianas e semítas, se essas denominações estão corretas. Toda mulher é uma terra ou cidade evemerizada; todo homem é patriarca, uma raça, um ramo ou uma subdivisão de uma raça. As mulheres de Lamech dão a chave do enigma, que um bom erudito poderia facilmente decifrar, mesmo sem ter estudado as ciências esotéricas. “E Ad-ah gerou Jabal: ele foi o pai dos que viveram em tendas, e dos que têm gado”, a raça ariana nômade; “(...) e seu irmão era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão; (...) e Zillah gerou Tutal-Cain, que ensinou aos homens como forjar o cobre e o ferro”, etc. Toda palavra tem um significado; mas não é uma revelação. É simplesmente uma compilação dos fatos mais históricos, embora a História esteja muito perplexa a esse respeito para saber como reivindicá-los. É do Euxino à Caximira, e além, que devemos procurar o braço da Humanidade, e dos filhos de Ad-ah; e deixar o jardim particular do Ed-en sobre o Eufrates aos colegas dos misteriosos astrólogos e magos, os Aleim. Não estranhemos que o vidente do norte, Swedenborg, recomende às pessoas procurarem a PALAVRA PERDIDA entre os hierofantes da Tartária, da China e do Tibete; pois é lá, e somente lá que ela hoje se encontra, embora a descubramos inscrita sobre os monumentos das mais antigas dinastias do Egito.
 
A grandiosa poesia dos quatro Vedas; o Livro de Hermes; o Livro dos números caldeus; o Códex nazareno; a Cabala dos Tanaím; a Sepher Yetzîrah; o Livro da Sabedoria de Shlômôh (Salomão); o tratado secreto sobre Mukta e Baddha, atribuído pelos cabalistas budistas a Kapila, o fundador do sistema Sânkhyâ; os Brâmanas, o Bstan-hgyur dos tibetanos; todos esses livros têm a mesma base. Variando apenas as alegorias, eles ensinam a mesma doutrina secreta que, uma vez completamente expurgada, provará ser a Ultima Thule da verdadeira filosofia, e revelará o que é essa PALAVRA PERDIDA.

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