No Caminho Probacionário somos confrontados com alguns obstáculos ao nosso desenvolvimento, na forma de padrões de pensamento extremamente danosos. Esses padrões de pensamento impedem o "Filho do Homem" de perceber que ele é um "Filho de Deus", resultando na identificação com os aspectos mais baixos e materiais de nossa natureza. São portantos obstáculos à nossa União com o princípio Divino que representamos.
Esses padrões de pensamento são:
- Ignorância
- Egoísmo
- Apego (desejo)
- Ódio (aversão à vida)
- Àpego à vida, no sentido de intenso desejo pela vida senciente
No budismo encontramos uma versão deste conhecimento como "os três venenos": ignorância, raiva e apego.
A semente destes padrões são encontrados nos três planos da personalidade, e pode decorrer de vidas passadas, desta vida ou mesmo pertencer à nossa família ou raça. Se não são eliminados, se tornam poderosas emanações negativas que influenciam nossas ações em um nível subconsciente.
Isso ocorre a partir do momento em que o corpo físico dispara um "samskara" - visto no hinduísmo como uma propensão cármica, e no budismo como uma propensão causada pela ignorância ou condicionamentos inconscientes. Se a pessoa sucumbe à influência do samskara, seguem-se pensamentos e ações negativas, e o samskara é reforçado.
Vamos analisar um pouco melhor alguns padrões prejudiciais:
A ignorância:
A ignorância é a causa de todos os outros padrões. A alma humana se identifica com seus veículos, e consequentemente com os pensamentos e desejos criados por ele por não reconhecer outra opção melhor. Ignorância aqui, portanto, se refere primariamente ao desconhecimento de nossa verdadeira natureza espiritual, e da verdadeira função de nossa personalidade. Devido à isso o que é impermanente consegue precedência sobre o verdadeiro Eu, e permite o nascimento do apego, do egoísmo, do enaltecimento exacerbado da vida física.
O apego:
O apego é dirigido aos nossos objetos de prazer, e envolve desde o desejo por objetos materiais até nossas buscas emocionais ou espirituais e a experiência místico/religiosa, nos acompanhando até os mais altos graus do discipulado. "Desejo" é um termo bastante genérico, aplicado aqui à tendência do espirito em direção à vida na forma.
De certa forma, o progresso da alma pode ser interpretado como a progressão gradual de um objeto de desejo para outro, dos mais grosseiros aos mais elevados, até que todos os objetos de desejo tenham sido exauridos!
Ódio ou aversão:
O ódio ou aversão é a expressão oposta do apego, e representa o sentimento de repulsão em relação à algo. Por provocar o afastamento do objeto de ódio, cria uma barreira que separa o homem dos outros e da vida, negando a unidade e quebrando portanto uma das leis básicas do sistema solar. O ódio e a aversão estão presentes em certo grau em cada coração humano.
Intenso desejo pela vida senciente:
O desejo pela vida senciente é inerente à toda forma, perpetua a si mesmo e é encontrado mesmo nos que já avançaram muito no Caminho. Ele é resultado do fato que o Logos solar está em encarnação, embora naturalmente limite muito mais na ignorância do que naqueles que são sábios.
A percepção da personalidade:
Lutamos diariamente para defender nossa identidade. Quem somos nós, senão o engenheiro, o professor, o estudante, o pai de família, o cristão? É interessante notar que da mesma forma que por vezes dedicamos todos os nossos recursos para defender essa identidade, também nos preocupamos com uma identidade social. Nossos relacionamentos reforçam a visão do "eu", e nos propiciam inumeráveis objetos de desejo. Conseguimos ver com satisfação a perspectiva de nos libertarmos das dores e sofrimento sociais, mas não aceitamos com tanta facilidade perder nossa identidade.
Na busca pelo prazer interpessoal, nos definimos com base em como somos agradados ou não, e buscamos aceitação social respondendo ao que os outros gostam: temos nossos padrões de beleza, os grupos de interesse comum. Na ânsia por sermos vistos, nos definimos com base na atenção que atraímos e em como atraí-la. Temos que ser bons pais, trabalhadores esforçados, representante de turma, vencer uma competição. E na busca por não ser vistos, nos identificamos com o medo, nos fundindo com nossa armadura, transformando-a no "eu". Nos consideramos tímidos, sensíveis, frágeis.
A forma como nos vemos, se não for reconhecida, pode nos levar à dor e a um comportamento centrado em nós mesmos. Esse tipo de comportamento, por sua vez, tende a espalhar a nossa dor para todos que nos cercam.
Um exercício fascinante é meditar sobre como esses diferentes padrões encontram espaço e agem em nossa própria vida. Como ela seria se pudéssemos abandoná-los?
No próximo post vou descrever o método dado por Alice Bailey no livro "Luz da Alma" para combatê-los. Mas por hora, dediquem alguns minutos para refletir sobre a sugestão do parágrafo anterior! O esforço certamente será recompensador.
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