Os mitos antigos

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 19:04

Entrementes, esquecidos das pretensas autoridades, tentamos examinar, nós mesmos, alguns desses mitos antigos. Procuraremos uma explicação na interpretação popular, e sentiremos nosso caminho com a ajuda da lâmpada mágica de Trismegistro - o misterioso número sete. Deve haver alguma razão para esse número tenha sido universalmente aceito como um número de cálculo. Para todos os povos antigos, o Criador, ou Demiurgo, estava assentado sobre o sétimo céu. "Se tivesse de falar da iniciação em nossos Mistérios sagrados", diz o Imperador Juliano, o cabalista, "que os caldeus consagraram ao Deus dos sete raios, cuja veneração exaltava as almas, diria coisas desconhecidas, muito desconhecidas do vulgo, mas bem conhecidas dos Abençoados Teurgistas". Em Lido, afirma-se que "Os caldeus chamam ao Deus de IAÔ, e TSABAÔTH é ele amiúde chamado, pois Aquele que está sobre as sete órbitas [céus, ou esferas], esse é o Demiurgo".

Precisamos consultar os pitagóricos e os cabalistas para aprender a potencialidade desse número. Exotericamente, os sete raios do espectro solar são representados concretamente no deus de sete raios Heptaktys *. (* O mesmo que IAO). Esses sete raios, resumidos em TRÊS raios primários, a saber, o vermelho, o azul e o amarelo, formam a trindade solar, e simbolizam respetivamente o espírito-essência. A ciência também reduziu recentemente os sete raios a três primários, corroborando assim a concepção científica dos antigos de pelo menos uma das manifestações visíveis da divindade invisível, e o sete dividido numa quaternidade e numa trindade.

Os pitagóricos chamavam o número sete de veículo da vida, como se ele contivesse corpo e alma. Eles explicavam tal ponto dizendo que o corpo humano consistia de quatro elementos principais, e que a alma é tripla, compreendendo razão, paixão e desejo. A PALAVRA inefável era considerada a Sétima Palavra, a mais alta de todas, pois há seis substitutas menores, cada qual pertencendo a um grau de iniciação. Os judeus derivaram seu Sabbath dos antigos, que o chamavam de dia de Saturno e o consideravam maléfico, e não dos últimos dos israelitas quando cristalizados. Os povos da Índia, da Arábia, da Síria e do Egito observavam semanas de sete dias; e os romanos aprenderam o método hebdomadário dessas nações estrangeiras quando elas se tornaram sujeitas ao Império. Foi apenas no século IV que as calendas, as nonas e os idos romanos foram abandonados, e as semanas empregadas em lugar; e os nomes astronômicos dos dias, tais como dies Solis (dia do Sol); dies Lunae (dia da Lua), dies Martis (dia de Marte); dies Mercurii (dia de Mercúrio); dies Jovis (dia de Júpiter), dies Veneris (dia de Vênus), e dies Saturni (dia de Saturno) provam que a semana de sete dias não foi emprestada dos judeus. Antes de examinar cabalisticamente esse número, propomos analisa-lo do ponto de vista do Sabbath judaico-cristão.

Quando Moisés institui o yom sheba, ou Shebang (Shabbath), a alegoria do Senhor Deus que repousa de seu trabalho de criação no sétimo dia era apenas um disfarce, ou, como expressa o Zohar, um manto, para ocultar o verdadeiro significado.

Os judeus computavam então, como o fazem hoje, os seus dias pelo número, do seguinte modo: dia, o primeiro; dia, o segundo; e assim por diante; yom a'had; yom sheni; yom shelishi; yomrebí'i; yom `hamishi; yom shishshi; yom shebí'i.

O sete hebraico, que consiste de três letras, sh, b, ô, tem mais de um significado. Em primeiro lugar, ele significa século, idade ou ciclo, Sheb-ang; Sabbat, pode ser traduzido por idade antiga, e também por descanso, e no antigo copta Sabe significa sabedoria, saber. Os arqueólogos modernos descobriram que como no hebraico shib, também significa de cabeça grisalha, e que por conseguinte o dia do Saba era o dia em que os "homens de cabeça grisalha", ou os "pais antigos" de uma tribo tinham o costume de fazer reuniões para concílios ou sacrifícios.

Portanto, a semana de sei dias e o sétimo, o período do dia de Sapta ou Saba, é da mais alta antigüidade. A observância dos festivais lunares na Índia mostra que essa nação também mantinha encontros hebdomadários. A cada novo quadro. a Lua produz alterações na atmosfera, e por isso certas modificações também são produzidas por todo o nosso universo, das quais as meteorológias são as mais insignificantes. Por ocasião do sétimo e mais poderoso dos dias prismáticos, os adeptos da "Ciência Secreta" se encontravam, como o faziam há milhares de anos, a fim de se tornarem os agentes dos poderes ocultos da Natureza (emanações do Deus operante), em consonância com os mundos invisíveis. É nessa observância do sétimo dia pelos sábios antigos - não por causa do dia de descanso da Divindade, mas por que eles lhes compreenderam o poder oculto - que repousa a profunda veneração de todos os filósofos pagãos pelo número sete que eles chamam de "venerável", o número sagrado. A Tetraktys pitagórica, reverenciada pelos platônicos, consistia num retângulo, representado este último - a Trindade - uma encarnação da Mônada invisível - a unidade, e era tal nome tão sagrado que só se podia pronunciá-lo dentro das paredes de um Santuário.

A observância ascética do Sabbath cristão pelos protestantes não passa de pura tirania religiosa, e, conforme tememos, faz muito mais mal do que bem. Ela data, na verdade, apenas da Lei de Carlos II, que proibia qualquer "comerciante, artífice, operário, camponês, ou outra pessoa" de "fazer qualquer trabalho mundano, etc., etc., no dia do Senhor. Os puritanos levaram tal coisa ao extremo, aparentemente para assinalar seu ódio ao catolicismo romano e episcopal. Não estava nos planos de Jesus distinguir um tal dia, como se pode constatar não apenas por suas palavras, como também por seus atos. Ademais, os cristãos primitivos não observavam esse preceito.

Quando Trifon, o Judeu, censurou os cristãos por não terem um Sabbath, o que lhe respondeu o mártir? "A nova lei vos mandará um perpétuo Sabbath. Por passardes um dia na ociosidade, julgai-vos religioso. O Senhor não se agrada com tais coisas. Se o perjuro e o fraudulento se arrependerem, se o adúltero se reformar, guardarão eles o Sabbath que mais agrada a Deus (...) Os elementos nunca descansam, e não guardam nenhum Sabbath. Se antes de Moisés não houve necessidade de guardar o Sabbath, tampouco haverá depois de Jesus Cristo".

 

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