Os preceitos de Manu

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:57
Abri agora o Livro de Manu, e lede:
 
"A resignação, a ação de dar o bem pelo mal, a temperança, a probidade, a pureza, a repressão dos sentidos, o conhecimento dos Sâstras [os livros sagrados], e da alma suprema, a veracidade e a abstinência da ira, tais são as dez virtudes em que consiste o dever (...) Aquele que estudarem esses dez preceitos de dever, e depois de os terem estudado, a eles conformarem suas vidas, alcançarão o estado supremo".
 
Se Manu não escreveu essas palavras muitos milhares de anos antes da era cristã, pelo menos nenhuma voz em todo o mundo ousará negar-lhes uma antigüidade de alguns séculos. O mesmo vale no caso dos preceitos do Budismo.
 
Se voltarmos ao Pratimoksha-Sûtra e a outros tratados religiosos dos budistas, leremos os seguintes dez mandamentos:
 
1. Não matarás nenhuma criatura viva.
2. Não roubarás.
3. Não quebrarás teu voto de castidade.
4. Não mentirás.
5. Não revelarás os segredos dos outros.
6. Não desejarás a morte de teus inimigos.
7. Não desejarás as riquezas de outros.
8. Não pronunciarás palavras injuriosas e obscenas.
9. Não carias na luxúria (deitar em leito macio ou abandonar-se à lassidão).
10. Não aceitarás ouro ou prata.
 
"Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?", pergunta um homem a Jesus. "Observa os mandamentos. "Quais?" "Não matarás, não cometerás adultério, não roubaras, não prestarás falso testemunhos", é a resposta.
 
"O que deverei fazer para ter a posse da Bodhi?" [conhecimento da verdade eterna], pergunta um discípulo ao seu mestre budista. "Qual é o caminho pelo qual se pode tornar um Upâsaka?" "Observa os mandamentos." "Quais são eles?" "Abstém-se durante toda tua vida do assassínio, do roubo, do adultério e da mentira", responde o mestre.
 
Preceitos análogos, como se pode constatar. Preceitos divinos, cuja observância purificaria e exaltaria a Humanidade. Mas são eles mais divinos quanto pronunciados por uma boca do que por outra? Se é divino trocar o mal pelo bem, a enunciação desse preceito por um nazareno lhe dá mais força do que a enunciação por um filósofo indiano ou tibetano? Vemos que a Regra de Ouro não se originou com Jesus; que sua origem está na Índia. Sem embargo de tudo o que fizemos, não podemos negar a Sakyamuni uma antigüidade de pelo menos vários séculos antes do nascimento de Jesus. Ao buscar um modelo para o seu sistema de ética, por que não poderia Jesus ter ido antes aos pés dos Himalaias do que aos pés do Sinai, se tão-somente as doutrinas de Manu e Gautama se harmonizavam exatamente com a sua própria filosofia, ao passo que as de Jeová lhe eram abomináveis e terríficas? Os hindus ensinavam a trocar o mal pelo bem, mas o mandamento javético rezava: "olho por olho, dente por dente".

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