A origem do mito do dragão

Enviado por Estante Virtual em sab, 24/11/2012 - 00:44

A origem do mito do "Dragão", que ocupa um lugar importante no Apocalipse e na Lenda dourada, e da fábula sobre Simão Estilita convertendo o Dragão e inegavelmente budista e até mesmo pré-budista. Foram as doutrinas puras de Gautama que atraíram para o budismo os cachemirianos cuja adoração primitiva era a ofita, ou a adoração da Serpente. O olíbano e as flores substituíram os sacrifícios humanos e a crença em demônios pessoais. O Cristianismo herdou a degradante superstição de diabos investidos de poderes pestilentos e assassinos. O Mahâvansa, o mais antigo dos livros cingaleses, relata a história do rei Covercapal (cobra-de-capelo), o deus-serpente, que foi convertido para o budismo por um santo Rahat *; e desta lenda derivou seguramente a de Simão Estilita e seu Dragão, que faz parte da Lenda Dourada. * (Deixamos aos arqueólogos e aos filósofos a tarefa de decidir como a adoração de Nâga ou da Serpente pôde viajar da Cachemira para o México e se transformar na adoração do Nagal, que é também uma adoração da Serpente, e numa doutrina de licantropia.)

O Logos triunfa uma vez mais sobre o Dragão; Miguel, o arcanjo luminoso, chefe dos Aeons, vence Satã. * (Miguel, o chefe dos Aeons, também é "Gabriel, o mensageiro da Vida" dos nazarenos e o Indra hindu, o chefe dos Espíritos do bem, que venceram Vâsuki, o Demônio que se revoltou contra Brahmâ.)

É digno de menção o fato de que, enquanto o iniciado mantiver em segredo "o que sabe", ele estará perfeitamente seguro. Isso acontecia nos tempos antigos e acontece agora. Tão logo o Deus dos cristãos, emanado do Silêncio, se manifestava como a Palavra ou Logos, este último se tornava a causa de sua morte. A serpente é o símbolo da sabedoria e da eloqüência, mas é também o símbolo da destruição. Ousar, conhecer, querer e calar" são os axiomas caldeais dos cabalistas. Como Apolo e outros deuses, Jesus é morto por seu Logos *; ele se ergue novamente, mata-o por sua vez e se torna seu senhor. * (Ver o amuleto gnóstico chamado "Serpente Chnuphis", no ato de erguer sua cabeça coroada como as sete vogais, que são o símbolo cabalístico que significa "dom da fala para o homem", ou Logos.),

E agora que mostramos essa identidade entre Miguel e Satã e os Salvadores e Dragão de outros povos, o que pode ser mais claro do que todas essas fábulas filosóficas originadas na Índia, esse viveiro universal do misticismo metafísico? "O mundo", diz Ramatsariar em seus comentários sobre os Vedas, "começou com uma luta entre o Espírito de Deus e o Espírito do Mal, e em luta há de acabar. Após a destruição da matéria, o mal não mais existirá, deverá voltar ao nada".

Na sua Apologia, Tertuliano falsifica evidentemente toda doutrina e toda crença dos pagãos relativas aos oráculos e aos deuses. Chama-os, indiferentemente, de demônios e de diabos, acusando estes últimos de possuírem até mesmo as aves do ar! Que cristão ousaria duvidar de tal autoridade? Não afirmou o salmista que "Todos os deuses das nações são ídolos" e não explicou o Anjo das Escolas, Tomás de Aquino, com sua autoridade cabalística, a palavra ídolos por diabos? "Eles vêem até os homens", diz ele, "e os incitam a adora-los, valendo-se de certas obras que parecem milagrosas".

Max Müller diz que a serpente do Paraíso é uma concepção que deve ter brotado entre os judeus e "dificilmente parece convidar a uma comparação com as concepções mais grandiosas do poder terrível de Vritra e de Ahriman no Veda e no Avesta". Para os cabalistas, o Diabo foi sempre um mito - o aspecto invertido de Deus ou do bem. O Mago moderno, Éliphas Lévi, chama o Diabo de l'ivresse astrale. É uma força cega com a eletricidade, diz ele: e, falando alegoricamente, como sempre fez, Jesus observou que ele "considerava Satã como se fosse um raio caído do Céu".

Muito embora o catecismo cristão nos ensine que Satã in própria persona tentou nossa primeira mãe, Eva, num paraíso real, e na forma de uma serpente, que de todos os animais era o mais insinuante e o mais fascinante! Deus ordena a ela, como castigo, arrastar-se eternamente sobre seu ventre, e comer a poeira do chão. "Uma sentença", observa Lévi, "que em nada se parece às tradicionais chamas do inferno". Não levaram em consideração os autores dessa alegoria que a serpente zoológica real, criada antes de Adão e Eva, arrastava-se sobre seu ventre e comia a poeira do chão, antes que existisse qualquer pecado original.

Por outro lado, não foi Ophion, o Daimôn ou Diabo, como Deus, chamado Dominus? A palavra Deus (deidade) deriva da palavra sânscrita Deva, e Diabo provêm do persa deva palavra substancialmente semelhante. Hércules, filho de Jove e de Alcmena, um dos deuses-sóis mais elevados e também o Logos manifesto, e, não obstante, representado numa dupla, como todos os outros.

O Agathodaimôn, o daemon beneficente, o mesmo que encontramos posteriormente entre os ofitas com a denominação de Logos, ou sabedoria divina, era representado por uma serpente que se mantinha ereta sobre uma vara, nos mistérios das Bacanais. A serpente com cabeça de falcão está entre os emblemas egípcios mais antigos e representa a mente divina, diz Deane.

No Velho Testamento, Jeová exibe todos os atributos do velho Saturno, apesar de suas metamorfoses de Adonais em Elói e em Deus dos Deuses, Senhor dos Senhores.

 

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