As lendas bíblicas referem-se à história universal

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 19:10

Esses signos adicionais do Zodíaco corroboram a nossa afirmação de que o Livro Gênese tal como agora o temos é muito posterior à invenção de Libra pelos gregos, pois observamos que os capítulos das genealogias foram remodelados para se adaptarem ao novo Zodíaco, e não o contrário. E foi esse acréscimo e a necessidade de ocultar a verdadeira chave que levou os compiladores rabínicos a repetirem os nomes de Henoc e de Lamech por duas vezes, como podemos agora observar na tábua quenita. Dentre todos os livros da Bíblia, apenas Gênese remonta a uma imensa antigüidade. Os demais são adições posteriores, a mais antiga das quais surgiu com Hilkiah, evidentemente a planejou com o auxílio de Huldah, a profetiza.

Como há mais de um sentido vinculado às histórias da criação e do dilúvio, não é possível compreender o relato bíblico sem a referência à história babilônica correspondente, ao passo que nenhuma delas será totalmente clara sem a interpretação bramânica e esotérica do dilúvio, tal como se encontra no Mahâbhârata e no Satapatha-Brâhmana. Foram os babilônicos que aprenderam os "mistérios", a língua sacerdotal e a sua religião dos problemáticos acadianos, que, segundo Rawlinson, vieram da Armêmia - mas não foram os primeiros a migrar para a Índia. A evidência torna-se clara aqui. O Xisuthros babilônico, segundo mostra Movers, representava o "sol" no Zodíaco, no signo de Aquário, e Oannes, o homem-peixe, o semidemônio, é Vishnu em seu primeiro avatâra, o que dá assim a chave para a fonte dupla da revelação bíblica.

Oannes é o emblema da sabedoria esotérica e sacerdotal; ele vem do mar, visto que o "grande abismo", a água, simboliza, como há mostramos, a doutrina secreta. Foi por essa mesma razão que os egípcios deificaram o Nilo, à parte de o considerarem como o "Salvador" do país, devido às suas periódicas enchentes. Eles consideravam até mesmo os crocodilos como sagrados, por habitarem eles no "abismo". Os chamados "camitas" sempre preferiram ter as suas moradas perto dos rios e dos oceanos. A água foi o primeiro elemento a ser criado, de acordo com algumas antigas cosmogonias. O nome de Oannes era grandemente reverenciados nos relatos caldeus. Os sacerdotes caldeus trajavam chapéus semelhantes a cabeças de peixes, e capas de pele de savelha que representavam o corpo de um peixe.

"Tales", diz Cícero, "assegura-nos que a água é princípio de todas as coisas; e que Deus é essa Mente que formou e criou todas as coisas da água."

"No Início, o Espírito anima Céu e Terra,

Os campos aquáticos, e o brilhante globo de Luna, e

As estrelas de Titã. A mente instilada nos membros

Agita toda a massa, e se funde com a GRANDE MATÉRIA."

Assim, a água representa a dualidade do macrocosmo e do microcosmo, em conjunto com o ESPÍRITO vivificante, e a evolução a partir do cosmo universal do pequeno mundo. O dilúvio assinala, portanto, nesse sentido, a batalha final entre os elementos em conflito, que leva o primeiro grande ciclo de nosso planeta à sua conclusão. Essas períodos fundiram-se gradualmente uns nos outros, com a ordem provindo do caos, a desordem, e os tipos subseqüentes de organismo evoluindo apenas quando as condições físicas da natureza estavam preparadas para o seu aparecimento, pois a nossa atual raça não poderia ter respirado na terra durante esse período intermediário, não tendo ainda as alegóricas túnicas de pele. (O termo "túnicas de pele" torna-se mais sugestivo quando sabemos que a palavra hebraica "pele" utilizada no texto original significa pele humana).

Nos capítulos IV e V do Gênese encontramos as chamadas gerações de Caim e Seth. Observemo-las na ordem em que figuram:

 

Linhas de Gerações
De Seth De Cain
Princípio do bemPrincípio do mal
1. Adão
2. Seth
3. Enós
4. Cainã
5. Mahalalil
6. Jared
7. Henoc
8. Mathuslém
9. Lamech
10. Noé
1. Adão
2. Caim
3. Henoc
4. Irad
5. Mehujael
6. Mathusael
7. Lamech
8. Jubal
9. Jabal
10. Tabalcain

 

Tais são os dez patriarcas da Bíblia, idênticos aos parjâpatis hindus, e às Sephiroth da Cabala. Dizemos dez patriarcas, não vinte, pois a linhagem de Caim foi urgida apenas no propósito de 1a., pôr em prática a idéia do dualismo, sobre a qual se funda a filosofia de todas as religiões, pois essas duas tabelas geneológicas representam simplesmente os poderes ou princípios opostos do bem e do mal; e 2a., lançar um véu sobre as massas não iniciadas. Acreditamos tê-las restaurado à sua forma primitiva, afastando esses véus premeditados.

Se nos livrarmos, por conseguinte, dos nomes da linhagem de Caim que são apenas duplicações dos da linhagem de Seth, ou de qualquer outra, livramo-nos de Adão; de Henoc - que, numa genealogia, figura como pai de Irad, e, na outra, como filho de Jared; de Lemech, filho Metusael, ao passo que ele, Lamech, é filho de Mathusalém, na linhagem de Seth; de Irad (Jered), Jubal e Jabal, que, com Tibalcain, formam um trindade em um, e esse um, o duplo de Caim; de Mehujael (que não é senão outra grafia de Mahalalil), e Metusael (Mathusalém). Resta assim, na genealogia de Caim do capítulo IV, apenas um nome, o de Caim, que - como primeiro assassino e fratricida - permanece em sua linhagem como pai de Henoc, o mais virtuoso dos homens, que não morre e é levado com vida. Voltamos à tábua de Seth, e descobrimos que Enós, ou Henoc, é o segundo depois de Adão, e pai de Caim (Cainam). Isto não é um acidente. Há uma razão evidente para essa inversão de paternidade, um desígnio palpável - o de criar confusão e dificultar a investigação.

Dizemos, portanto, que os patriarcas são simplesmente os signos do Zodíaco, emblemas, em seus múltiplos aspectos, da evolução espiritual e física das raças humanas, das era e das divisões do tempo. Na astrologia, as primeiras quartas "Casas", nos diagramas das "Doze Casas do Céu" - a saber, a primeira, a décima, a sétima e a quarta, ou o segundo quadrante interno com seus ângulos superiores e inferiores, chamam-se ângulos, por estarem dotados de grande força. Eles correspondem a Adão, Noé, Cain-am, e Henoc, Alfa, Ômega, mal e bem, que governam o todo. Além disso, quando divididos ( incluindo os dois nomes secretos) em quatro trígonos ou tríadas, a saber: a ígnea, a aérea, a terrestre e a aquática, encontramos que a última corresponde a Noé.

Enoch e Lamech são duplicados na tábua de Caim para perfazer o número dez nas duas "gerações" da Bíblia, sem o emprego do "Nome Secreto"; e para que os patriarcas correspondem às dez Sephîrôth cabalísticas, quadrando-se ao mesmo tempo com os dez, e posteriormente doze, signos do Zodíaco, de modo compreensível apenas aos cabalistas.

Tendo Abel desaparecido dessa linhagem, ele é substituído por Seth, que foi claramente uma idéia posterior sugerida pela necessidade de não fazer a raça humana descender inteiramente de um assassino. Esse dilema só foi percebido, ao que parece, quando a tabela de Caim estava completa, e assim se fez que Adão (depois do aparecimento de todas as gerações) gerasse esse filho, Seth. É sugestivo o fato de que, ao passo que o Adão bissexuado do capítulo V é feito à imagem e semelhança dos Elohim (ver Gênese, I, 27, e V, 1), Seth (V, 3) é gerado à "semelhança" de Adão, significando assim que havia homens de raças diferentes. É notável também que nenhum dado figure, na tabela de Caim, relativo à época ou a outros detalhes dos patriarcas, ao passo que o contrário é verdadeiro nas linhagens de Seth.

É claro que ninguém deveria descobrir, numa obra aberta ao público, os mistérios finais daquilo que foi preservado por incontáveis séculos como o maior segredo do santuário. Mas, sem divulgar a chave ao profano, ou sem ser tachado de indevida indiscrição, pode muito bem o autor erguer uma ponta do véu que oculta as majestosas doutrinas da Antigüidade. Descrevemos então os patriarcas tais como deveriam estar em sua relação com o Zodíaco, e observaremos a sua correspondência com os signos. O seguinte diagrama representa a Roda de Ezequiel, conforme é dada em muitas obras, entre outras em The Rosicrucians, de Hargrave Jenning:

A figura representa a Roda de Ezequiel (EXOTÉRICA).

Esses signos são (acompanhe os números):

1, Áires; 2, Touro; 3, Gêmeos, 4. Câncer; 5, Leão; 6, Virgem; ou linha ascendente do grande ciclo de criação. Vêm, em seguida, 7, Libra - o "homem", que, embora se ache exatamente no ponto de interseção, conduz aos números 8, Escorpião; 9, Sagitário; 10, Capricórnio; 11, Aquário; e 12, Peixes.

Ao discutir os signos duplos de Virgem-Escorpião, observa Hargrave Jennings:

"Tudo isso é incompreensível, exceto no estranho misticismo dos gnósticos e dos cabalistas; e toda a teoria requer uma chave de explicação que a torne inteligível , mas os ocultista negam absolutamente a existência de tal chave, visto que não lhes é permitido divulgá-la".

Essa dita chave deve ser girada sete vezes antes que todo o sistema possa ser divulgado. Dar-lhe-emos apenas um giro, e dessa forma permitiremos ao profano um relance no mistério. Feliz aquele que puder compreendê-lo todo!

A figura representa a Roda de Ezequiel (ESOTÉRICA).

Para explicar a presença de Yod-'heva, ou do que é geralmente chamado de Tetragrama, e de Adão e Eva, bastará remeter o leitor aos seguintes versos do Gênese, com o seu sentido correto inserido nos colchetes.

1. "E Deus [os Elohim] criou o homem à sua [deles] imagem (...) macho e fêmea os [o] criou" - (cap. I, 27).

2. "Macho e fêmea os [o] criou (...) e deu-lhes [lhe] o nome de ADÃO" - (V, 2).

Quando a Trindade é tomada no início do Tetragrama, ela expressa a criação divina espiritual, i. e., sem qualquer pecado carnal: tomada em seu termo oposto, ela expressa a esse último; é feminina. O nome de Eva compõe-se de três letras, o do Adão primitivo ou celestial é escrito com uma única letra, Jod ou Yode; por conseguinte, não se deve ler Jeová, mas Ieva, ou Eva. O Adão do primeiro capítulo é espiritual, portanto puro, andrógino, Adão-Cadmo. Quando a mulher sai da costela esquerda do segundo Adão (do pó), a Virgem pura se separa, e, caindo "na geração", ou no ciclo inferior, torna-se Escorpião, emblema do pecado e da matéria. Ao passo que o ciclo ascendente assinala as raças puramente espirituais, ou os dez patriarcas antediluvianos, os Prajâpatis e a

Sephîrôth são conduzidos pela própria Divindade criadora, que é Adão-Cadmo, ou Yod-'heva. [Espiritualmente], o inferior [Jeova] é o das raças terrestres, conduzidas por Enoque ou Libra, o sétimo, que, por ser metade divino, metade terrestre, teria sido tomado com vida por Deus. Enoque, Hermes e Libra são uma mesma coisa. Todos representam as escalas da harmonia universal; a justiça e o equilíbrio estão colocados no ponto central do Zodíaco. O grande círculo dos céus, de que tão bem fala Platão no Timeu, simboliza o desconhecido como uma unidade; e os círculos menores que formam a cruz, por sua divisão no plano do anel zodiacal, representam, no ponto de sua interseção, a vida. As forças centrípetas e centrífugas, como símbolos do Bem e do Mal, do Espírito e da Matéria, da Vida e da Morte, o são também do Criador e do Destruidor - Adão e Eva, ou Deus e o Demônio. Nos mundos subjetivos, assim como no objetivo, elas são as duas forças que através de seu eterno conflito mantêm o espírito e a matéria em harmonia. Elas forçam os planetas a buscar seus caminhos, e os mantêm em suas órbitas elípticas, traçando assim a cruz astronômica em sua revolução através do Zodíaco. Em seu conflito, a força centrípeta, se prevalecesse, dirigiria os planetas e as almas vivas ao sol, protótipo do Sol Espiritual invisível, o Paramâtman ou grande Alma universal, seu pai, ao passo que a força centrífuga enxotaria os planetas e as almas para o espaço árido, muito longe do luminar do universo objetivo, fora do reino espiritual da salvação e da vida eterna, e para o caos da destruição cósmica final, e da aniquilação individual. Ela regula a ação das duas combatentes, e o esforço de ambas faz os planetas e as "almas vivas" traçarem um dupla linha diagonal em sua revolução através do Zodíaco e da Vida; e assim, preservando a rigorosa harmonia, no céu e na Terra visíveis e invisíveis, a forçada unidade de ambas reconcilia o espírito e a matéria, e Henoc permanece como um "Metratron" diante de Deus. Desde Henoc até Noé e seus três filhos, cada um representa um novo "mundo" (i.e., nossa Terra, a sétima) que após cada período de transformação geológica dá nascimento á outra raça distinta de homens e seres.

Caim conduz a linha ascendente, ou Macrocosmo, pois ele é o Filho do "Senhor", não de Adão (Gênese, VI, 1). O "Senhor" é Adão-Cadmo, Caim, o Filho de mente pecadora, não a progênie de carne e sangue. Seth, por outro lado, é o guia das raças da Terra, pois ele é o Filho de Adão, e gerado "à sua imagem e

semelhança" (Gênese, V, 3). Caim é Kenu, assírio, palavra que significa "primôgenito", ao passo que a palavra em hebraico, indica "ferreiro", um "artífice".

Nossa ciência mostra que o globo passou por cinco fases geológicas distintas, cada qual caracterizada por um estado diferente, e estas são na ordem inversa, a começar do último: 1a., o período Quaternário, em que o homem aparece como uma certeza; 2a. o período Terciário, no qual o homem pode ter aparecido; 3a., o período Secundário, o dos sáurios gigantes, os megalossauros, os ictiossauros e os plessiossauros - sem nenhum vestígio do homem; 4a. o período Paleozóico, o dos crustáceos gigantes; 5a. (ou primeiro): o período Azóico, durante o qual a vida orgânica ainda não havia aparecido.

E não há a possibilidade de ter havido um período (ou vários períodos) em que o homem existia, mas não como ser orgânico - não deixando por conseguinte nenhum vestígio para a ciência exata? O espírito não deixa esqueletos ou fosseis, e, no entanto, pouco são os homens na Terra que duvidam de que o homem possa viver tanto objetiva como subjetivamente. Para todos os efeitos, a teologia dos brâmanes, de venerável antigüidade, que divide os períodos formadores da terra em quatro eras e coloca, entre cada um deles, um lapso de 1.728.000 anos, harmoniza-se muito mais com a ciência oficial e as descobertas modernas do que as absurdas noções cronológicas promulgadas pelos Concílios de Nicéia (Ano de 325.) e Treto (Anos de 1545 a 1563.).

Os nomes dos patriarcas não eram hebraicos, embora eles possam ter sido hebraizados mais tarde; são evidentemente de origem assíria ou ária.

Assim, Adão, por exemplo, conforme explica a Cabala, é um termo conversível, e aplica-se a quase todo os outros patriarcas, assim como cada uma das Sephîrôth às demais, e vice-versa. Adão, Caim e Abel formam a primeira Tríada dos doze. Eles correspondem, na árvore sephirótica, à Coroa, à Sabedoria e à Inteligência ; e na astrologia, aos três trígonos - o ígneo, o terrestre e o aéreo, fato esse que, se dispuséssemos de mais espaço para elucidá-lo, mostraria talvez que a astrologia merece tanto o nome de ciência como qualquer outra. Adão (Cadmo) ou Áries (carneiro) é idêntico a Amun, o deus egípcio de cabeça de carneiro, que fabrica o homem na roda de oleiro. Sua duplicação, por conseguinte - ou o Adão de pó - é também Áries, Amon, quando permanece à testa de suas gerações, pois ele fabrica mortais também "à sua semelhança". Na astrologia, o planeta Júpter está relacionado com a "primeira casa" (Áries). A cor de Júpter, tal como se vê nos "estágios das sete esferas", na torre de Borsippa, ou Birs Numrud, era vermelha; e no hebraico Adão, significa "vermelho", assim como "homem". O deus hindu Agni, que governa o signo de Peixes, próximo do de Áries, em sua relação com os doze meses (fevereiro e março), é pintado com um intenso vermelho, com duas faces (masculina e feminina), três pernas, e sete braços, perfazendo o todo o número doze. Assim, Noé (Peixes), que aparece nas genealogias como o décimo segundo patriarca, incluindo Caim e Abel, é novamente Adão sob outro nome, pois ele é o ancestral de uma nova raça da Humanidade; e os seus três filhos, um mau, um bom e um que partilha de ambas as qualidades, constituem o reflexo terrestre do superterrestre Adão e de seus três filhos. Agni figura nas imagens montado num carneiro, com uma tiara encimada por uma cruz.

Caim, que governa o Touro do Zodíaco, é também muito sugestivo. Touro pertence ao trígono terrestre, e a propósito desse signo não será demais lembrar ao leitor uma alegoria do Avesta persa. Reza a história que Ormasde produziu um ser fonte e protótipo de todos os seres do universo - chamado VIDA, ou Touro no Zend. Ahriman (Caim) mata esse ser (Abel), da semente do qual (Seth) novos seres são produzidos. Abel, no assírio, significa filho, mas em hebraico, significa algo efêmero, sem valor, e também um "ídolo pagão", pois Caim significa uma estátua de herma (um pilar, o símbolo da geração). Assim também, Abel é a contraparte feminina de Caim (masculino), pois eles são gêmeos e provavelmente andróginos, correspondendo o último à Sabedoria e o primeiro à Inteligência.

Ocorre o mesmo com todos os outros patriarcas. Enosh, é Homo novamente - um homem, ou o mesmo Adão, e Enoque, no acordo; e Kain-an, é idêntico a Caim. Seth, é Teth, ou Thorth, ou Hermes; e essa é a razão, sem dúvida, por que Josefo afirma que Seth era tão proficiente em astrologia, geometria e outras ciências ocultas. Antevendo o dilúvio, diz ele, ele gravou os princípios fundamentais de sua arte em dois pilares de tijolo e pedra, o mais recente dos quais "ele próprio [Josefo] viu na Síria em seu tempo". Por isso, está Seth identificado também com Enoque, a quem os cabalistas e os maçons atribuem o mesmo feito, e ao mesmo tempo com Hermes, ou Cadmo, pois Enoque, é idêntico ao primeiro; He-NOCH, significa um mestre, um indicador, ou um iniciado; na mitologia grega, Inachus. Já vimos o papel que ele exerce no Zodíaco.

Mahalalel, se dividirmos a palavra e escrevermos ma-ha-lah, significa terno, misericordioso, e corresponde, por conseguinte, à quarta Sephirah, Amor ou Misericórdia, emanada da primeira tríada. Irad, ou Iared, é (menos as vogais) exatamente a mesma coisa. Se deriva do verso, significa descida; se de arad, significa prole, e corresponde assim perfeitamente às emanações cabalísticas.

Lamech, não é hebraico, mas grego. Lam-ach significa Lam - o pai -, e Olam-Ach é o pai da era; ou o pai daquele (Noé) que inaugura uma nova era ou período de criação após o pralaya do dilúvio, sendo Noé o símbolo de um novo mundo, o Reino (Malkhuth) das Sephiroth; é por isso que seu pai, que corresponde à nona Sephîrôth, é a Fundação. Além disso, o pai e seu filho correspondem a Aquário e Peixes no Zodíaco, pertencendo o primeiro ao trígono aéreo e o segundo, ao aquático, e fechando dessa forma a lista dos mitos bíblicos.

Mas se cada patriarca representa, como já vimos, num sentido, como cada um dos Prajâpatis, uma nova raça de seres humanos ante-diluvianos; e se, como se pode provar facilmente, eles são as cópias dos Saros, ou eras, babilônicos, sendo estes, por sua vez, cópias das dez dinastiashindus dos “Senhores dos Seres”, como quer que os consederemos, eles figuram entre as alegorias mais profundas jamais concebidas pelos espíritos filosóficos.

No Nychthêmeron, a evolução do universo e os seus sucessivos períodos de formação, juntamente com o desenvolvimento gradual das raças humanas, são ilustrados com perfeição nas doze "horas" em que se divide a alegoria. Cada "hora" simboliza a evolução de um novo homem, e é por sua vez dividida em quatro quartos ou eras. Essa obra mostra quão profundamente imbuída estava a filosofia antiga das doutrinas dos primeiros âryas, que foram os primeiros a dividir a vida em nosso planeta em quatro eras. Se remontarmos essa doutrina de sua fonte na noite do período tradicional até o Profeta de Patmos, não precisaremos nos desviar entre os sistemas religiosos de outras nações. Descobriremos que os babilónicos ensinavam que em quatro diferentes períodos surgiram quatro Oannes (ou sóis); que os hindus propunham quatro Yugas; que os gregos, os romanos e outros acreditavam firmemente nas idades do ouro, da prata, do bronze e do ferro, sendo, cada uma das épocas anunciada pelo surgimento de um salvador. Os quatro Buddhas dos hindus e os três profetas dos zoroastristas - Oshedâr-Bâmî, Oshedâr-Mâh e Saoshyant - precedidos por Zaratustra, são os símbolos dessas idades.

Na Bíblia, o próprio livro inicial nos diz que antes que os filhos de Deus vissem as filhas dos homens, eles viviam de 365 a 969 anos. Mas quando o "Senhor Deus" viu as iniquidades da Humanidade, decidiu conceder-lhes no máximo 120 anos de vida (Gênese, VI, 3). Para se explicar tal violenta oscilação na tabela da mortalidade humana, é necessário remontar essa decisão do "Senhor Deus" à sua origem. Essas incongruências que encontramos a cada passo na Bíblia só podem ser atribuídas ao fato de que o livro Gênese e os outros livros de Moisés foram alterados e remodelados por mais de um autor; e de que em seu estado original eles eram, com exceção da forma externa das alegorias, cópias fieis dos livros sagrados hindus. Em Manu, Livro I, 81 et seq., lê-se o seguinte:

"Na primeira era, não havia doença ou sofrimento. Os homens viviam por quatro séculos".

Isto foi no Krita ou Satya-yuga.

"O Krita-yuga é o símbolo da justiça. O touro que se assenta firmemente sobre as patas é a sua imagem; o homem se mantém fiel à verdade, e o mal ainda não lhe dirige as ações." Mas em cada uma das eras seguintes a primeira vida humana perde um quarto da sua duração, vale dizer, no Tretâ-yuga o homem vive 300 anos, no Davâpara-yuga 200, e no Kali-yuga, a nossa era, apenas 100 anos, no máximo. Noé, filho de Lamech - Olam-ach, ou pai da era - é a cópia destorcida de Manu, filho de Savayambhû, e os seis manus ou rishis oriundos dos "primeiros homens" hindus são os originais de Terah, Abarão, Isaac, Jacó, José e Moisés, os sábios hebreus que, a começar de Terah, teriam sido todos astrólogos, alquimistas, profetas inspirados e adivinhos, ou em termos mais profanos, porém mais claros, mágicos.

Se consultarmos o Mishnah talmúdico, descobriremos que o primeiro par divino emanado, o Demiurgo andrógino Hkhmah (ou Hokhma-Akhamôth) e Binah, construiu uma casa com sete colunas. Eles são os arquitetos de Deus - Sabedoria e Inteligência - e Seu "compasso e esquadro". As sete colunas são os futuros sete mundos, ou os sete "dias" primordiais da criação.

"Hokhmah imola suas vítimas". Essas vítimas são as incontáveis forças da natureza que precisam "morrer" (consumir-se) para que possam viver, quando uma força morre, é apenas para dar nascimento a outra força, sua prole. Ela morre mas vive em sua criação, e ressuscita a cada sétima geração. Os servos de Hokhmah, ou sabedoria, são as almas de ha-Adão, pois nele estão todas as almas de Israel.

Há doze horas no dia, diz o Mishnah, e é durante essas horas que se realiza a criação do homem. Essa frase seria incompreensível se não tivéssemos Manu para nos ensinar que esse "dia" abrange as quatro eras do mundo e tem a duração de doze mil anos divinos dos Devas.

"Os Criadores (Elohim) moldaram na segunda" hora "o contorno de uma forma mais corpórea do homem. Eles o separaram em duas partes e deram formas distintas a cada um dos sexos. Foi assim que os Elohim procederam em relação a toda coisa criada." Todo peixe, ave, planta, animal e homem era andrógino nessa primeira hora."

 

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