Jesus considerado como um Adepto

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:52
As acusações feitas a Jesus de praticar a magia egípcia foram numerosas, e, a um certo momento, universais, nas cidades em que ele era conhecido. Os fariseus, como afirma a Bíblia, foram os primeiros a acusá-lo, embora o Rabino Wise seja da opiniões de que o próprio Jesus era um fariseu. O Talmude assinala claramente que Tiago, o Justo, pertencia a essa seita, Mas esses sectários são conhecidos por terem sempre lapidado todos os profetas que lhes denunciam as más ações, e não é sobre esse fato que assentamos nossa afirmação. Eles o acusaram de feitiçaria, e de expulsar os demônios por Belzebu, seu príncipe, e com mais razão do que o clero católico, que mais tarde lançou a mesma acusação sobre mais de um mártir inocente. Mas Justino, o Mártir, afirma, com base em melhores autoridades, que os homens de sua época que não eram judeus sustentavam que os milagres de Jesus foram realizados por arte mágica a mesma expressão utilizada pelos céticos daqueles dias para designar os atos de taumaturgia realizados nos templos pagãos. "Eles se arriscaram até a chamá-lo de mago e enganador do povo", lamenta o mártir. No Evangelho de Nicodemos (os Acta Pilati), os judeus apresentam a mesma acusação na presença de Pilatos. "Não te falamos que ele era um mago?" (Evangelho segundo Nicodemos, II, 3 (Hone e Grynaeus.). Celso admite a mesma acusação, e como um neoplatônico acredita nela. A literatura talmúdica está repleta de detalhes minuciosos, e sua maior acusação é de que "Jesus podia voar tão facilmente pelos ares como os outros podem caminhar". (Talmud: Yôhânân.). Santo Agostinho afirmou que era crença geral de que ele havia sido iniciado no Egito, e de que escrevera livros a respeito da Magia, transmitidos a João. Havia uma obra intitulada Magia Jesu Christi que foi atribuída ao próprio Jesus. Nas Aprovações clementinas lança-se a acusação a Jesus de não realizar seus milagres como um profeta judeus, mas como um mago, i.e., um iniciado dos templos "pagãos". (Magia Jesu Christi I, LVIII.)
 
Era então comum, como ainda o é hoje, entre o clero intolerante das religiões antagônicas, assim como entre as classes mais baixas da sociedade, e mesmo entre os patrícios que, por várias razões, haviam sido excluído de qualquer participação dos mistérios, acusar, às vezes, os mais altos hierofantes e adeptos de feitiçaria e magia negra. Assim, Apuleio, que havia sido iniciado, foi igualmente acusado de bruxaria, e de trazer consigo a imagem de um esqueleto - um poderoso agente, como se afirma, nas operações da arte negra. Mas uma das melhores e mais inquestionáveis provas de nossa afirmação pode ser encontrada no chamado Museo Gregoriano. Sobre o sarcófago, que é adornado de baixos-relevos que representam os milagres de Cristo, pode-se ver a figura de Jesus, que, na ressurreição de Lázaro, aparece sem barba "e equipado com um bastão na atitude clássica de um necromante, ao passo que o cadáver de Lázaro está embalsamado exatamente como uma múmia egípcia". (King The Gnostics, p. 145 (1º ed.); o autor situa esse sarcófago entre as primeiras produções dessa arte que mais tarde inundou o mundo com mosaico e estampas representando as cenas e os personagens do "Novo Testamento".)

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