Uma forma mais elaborada que acima

Submitted by Estante Virtual on Mon, 12/16/2013 - 00:36
À medida que o iniciante for ficando mais familiarizado com a meditação acima delineada, ele pode começar a elaborá-la, de acordo com a tendência de seu temperamento. Ele pode achar de utilidade, por exemplo, considerar a comparação do piano e do pianista. Como o piano produz som e música organizada, assim o cérebro e o corpo físico dão expressão ao pensamento, sentimento e atividade organizada. Mas é o pianista que expressa a si mesmo por meio do instrumento. Da mesma maneira o corpo físico (em suas atividades voluntárias) apenas vibra em resposta ao Homem Superior. 
 
Apartando-se em pensamento do corpo físico e examinando-o com a fria discriminação da mente, ele deveria tentar perceber que ele é só um veículo, um instrumento, uma vestimenta de carne. A fim de que a consciência, que é a manifestação do espírito, possa contatar o mundo físico ela deve habitar um tabernáculo de matéria física relativo e afinado àquele mundo físico, pois somente um veículo físico de consciência pode entrar em relação vibratória com a matéria física. Pela multiplicidade de experiências a serem obtidas do mundo físico e pela gradual adequação do instrumento físico para responder-lhes, o espírito desdobra seus poderes inatos da latência à potência. 
 
Ele pode então considerar como é possível controlá-lo e dirigi-lo, como ele responde aos ditames da inteligência diretriz, o Eu. Pois separando-se dele em pensamento, deveria a seguir imaginar-se vivendo por alguns momentos no corpo astral. 
 
Que reflita, então, que o corpo astral não é seu Eu real. Ele pode controlar suas emoções e desejos, ele pode regular o jogo dos sentimentos. Suas emoções são apenas um aspecto de sua consciência trabalhando no e limitada pelo corpo astral, o qual, por sua vez, é uma habitação construída a partir da matéria do plano astral, para que a consciência interna possa entrar em relações com ele. Ele próprio não é este corpo de paixões, desejos e emoções irrompendo em luta. Em seus momentos mais tranqüilos ele sabe que ele está acima da erupção das emoções. Seus arroubos de paixão, de inveja, de medo, ou egoísmo e ódio, nada disso é ele mesmo, é apenas o jogo das emoções que fugiram ao controle, como um cachorro pode fugir da coleira. No coração de seu coração ele sabe que muito disso já está sob seu controle, então pela força de paciência perseverante e dedicado esforço tudo pode ser trazido no devido tempo para dentro dos devidos limites, e a maestria sobre as emoções terá sido atingida. 
 
Assim ficando como se de fora de suas emoções, olhando para baixo para a inteira esfera de suas atividades, que imagine-se a seguir como vivendo no corpo mental. 
 
Não é difícil para o iniciante separar-se de seus corpos físico e emocional se foi ensinado na prática da moralidade normal a detectar e controlar ações e emoções violentas; mas provavelmente não terá recebido muita instrução sobre o poder do pensamento, e conseqüentemente ele acha difícil perceber de pronto a possibilidade de controlar seu pensamento. 
 
Assim ele possui o poder de direcionar sua mente para qualquer objeto de seu agrado, e por força da perseverança pode aprender a mantê-lo fixo lá. E eventualmente pode ganhar tal controle sobre a mente que será capaz de eliminar dela à vontade qualquer pensamento inoportuno. 
 
E assim, passando através dos vários estágios, ele pode elevar-se à contemplação dAquele que está além das palavras, inefavelmente real e sagrado, alcançando o verdadeiro relicário de seu próprio ser, o altar sobre o qual a própria Divina Shekinah1 se manifesta, e trazer com ele aquela radiância para os mundos dos sentidos exteriores. 
 
Quando o estudante por sua meditação e por seu reiterado pensamento durante o dia passou a considerar a si mesmo como o Homem Interno, trabalhando externamente no mundo através da instrumentalidade de um corpo físico, pode então passar para formas mais elaboradas e científicas de meditação. Ele deveria começar a trabalhar com o mais completo entendimento de seus vários detalhes e estágios, considerando-a ao mesmo tempo como um meio de regeneração espiritual e crescimento e uma ciência de controle da mente e dos sentimentos fugidios. 
 

  1. Segundo o Glossário Teosófico de H. P. Blavatsky, Shekinah é a Graça Divina, ou a Luz Primordial eterna. É o título aplicado pelos cabalistas ao Décimo Sephira, Kether (Coroa), o primeiro da Tríade Suprema, o Mistério dos Mistérios. - N. do Trad.

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