Série: Introdução aos Sete Raios
Este é o primeiro artigo da série em que exploramos os Sete Raios individualmente — começando com o Primeiro Raio, associado à Vontade e ao Poder.
Nos textos anteriores, oferecemos uma visão geral do sistema de raios, diferenciando entre raios do aspecto e do atributo, entre raios abstratos e da forma. Também vimos que nosso sistema solar está sob a regência do Segundo Raio, o que define a tônica de toda a manifestação neste ciclo. Se você ainda não leu esses artigos, vale a pena visitá-los antes de continuar.
Vamos começar nossa análise com um trecho do livro Psicologia Esotérica (vol. II, p. 36), onde Alice Bailey descreve algumas características de uma alma regida pelo Primeiro Raio:
O Bem-aventurado voa como uma seta para a matéria. Destrói (ou rompe) o caminho pelo qual poderia retornar. Estabelece-se firmemente nas profundezas da forma.
Ele afirma: “Eu retornarei. Meu poder é grande. Destruirei todos os obstáculos. Nada pode deter o meu progresso em direção ao meu objetivo. Ao meu redor jaz espalhado o que destruí. O que devo fazer?”
Vem a resposta: “Ordem a partir do caos, ó Peregrino na estrada da morte, esse é o caminho para ti. Amor deves aprender. Dinâmica terás. O uso correto da destruição para o avanço do Plano deve ser o caminho para ti. A adesão ao ritmo do planeta liderará o Bem-aventurado oculto e trará a ordem.”
O nome deste raio — Vontade e Poder — já foi abordado anteriormente, e deve estar agora familiar ao leitor. Ele representa uma energia definida pela iniciativa, coragem e impulso direto à ação. As pessoas sob forte influência deste raio se distinguem não apenas por sua determinação, mas também por uma força destrutiva que, quando mal direcionada, pode se manifestar de impessoal ou até mesmo cruel diante de qualquer obstáculo percebido.
Imagens como o início e o fim de ciclos, terremotos, vulcões em erupção, revoluções, o nascimento de uma criança ou uma semente rompendo a terra para germinar são representações potentes da energia do Primeiro Raio.
Essa força manifesta-se como impulso para romper estruturas antigas e iniciar algo totalmente novo. É a energia das grandes rupturas — sejam elas destrutivas ou regeneradoras.
Pessoas fortemente influenciadas por esse raio tendem a ocupar posições de destaque e liderança, seja como figuras transformadoras ou polarizadoras. Podem ser tanto o gênio do crime quanto o juiz que o condena — ambos guiados por uma intensa força de vontade e um senso inato de autoridade.
O texto citado acima se refere aos ciclos involutivo e evolutivo:
A descida à matéria, na qual a alma se apropria de matéria dos planos inferiores e constrói corpos de expressão com os quais se envolve em experiências nesses planos, representa a parte involutiva.
A posterior retomada do vínculo entre a personalidade e o ego — colocando os corpos inferiores a serviço do Plano — representa a caminhada evolutiva.
No caso do Primeiro Raio, o processo involutivo pode “destruir pontes”.
A pessoa possui energia e determinação para alcançar seus objetivos, mas, movida por impulsos não oriundos da alma, pode desenvolver uma ânsia por poder e autoridade que termina por isolá-la e bloquear a conexão interior que facilitaria o caminho de retorno — “destrói o caminho pelo qual poderia retornar”.
Além disso, sua força e obstinação fazem com que se “estabeleça firmemente nas profundezas da forma”, intensificando o isolamento e o antagonismo.
O processo evolutivo se inicia quando, após não mais encontrar satisfação nas conquistas materiais, a alma volta a emergir como uma aspiração silenciosa, quase intuitiva.
Ao retomar o caminho de retorno, a pura força de vontade característica do Primeiro Raio volta a se manifestar: “Eu retornarei. Meu poder é grande. Destruirei todos os obstáculos. Nada pode deter o meu progresso em direção ao meu objetivo”.
Esse impulso torna-se agora um instrumento consciente. A pessoa assume as rédeas da própria transformação com firmeza. A iniciativa, a liderança e a capacidade de abrir novos caminhos são qualidades que naturalmente reaparecem — mas agora com um propósito superior.
Mas nesse momento, ao iniciar sua jornada de volta, a personalidade do Primeiro Raio não está ainda em perfeita sintonia com a alma.
Ela observa ao seu redor e vê os rastros de destruição — pessoas, relações, projetos, tudo aquilo que, de alguma forma, se opôs aos seus objetivos. E então surge a grande pergunta dirigida à alma: “O que devo fazer?”
A resposta ressoa com as mesmas qualidades já abordadas: “O uso correto da destruição para o avanço do Plano deve ser o caminho para ti”. Porém, surge também o ensinamento que falta: “Amor deves aprender”.
“Este raio já foi referido como o raio do poder, e é correto chamá-lo assim, mas se ele fosse apenas poder, sem sabedoria e amor, disso resultaria uma força destrutiva e desintegradora.
Porém quando as três características estão unidas, ele se torna um raio criativo e governante.
Ele é o líder nato em toda e qualquer carreira pública, um com quem se pode contar e confiar, que defende os fracos e elimina a opressão, sem temer as consequências e totalmente indiferente aos comentários.
Por outro lado, um primeiro raio não modificado pode produzir um homem de incansável crueldade e de uma natureza dura.”
— EP I, p. 210 EP I 210
A destruição, a ruptura com padrões cristalizados e a desintegração do que já não serve à evolução não são inerentemente negativas.
Faz parte da natureza do Primeiro Raio dissolver formas obsoletas que já não atendem aos propósitos da alma. Assimilar o uso correto desse poder — canalizando a destruição como força de renovação — é um dos grandes desafios daqueles sob sua influência.
Quando novas formas são necessárias para o avanço do Plano, seja porque as anteriores cumpriram seu ciclo ou porque se cristalizaram na estagnação, nada deve permanecer no caminho da mudança.
A águia, com sua visão penetrante e capacidade de enxergar do alto o panorama completo de uma situação, é um dos símbolos mais representativos do Primeiro Raio. Ela expressa a clareza, a objetividade e a habilidade de identificar o essencial com precisão.

De forma semelhante, a imagem de uma árvore solitária no topo de uma colina evoca a força, a presença imponente e o isolamento que frequentemente acompanha a trajetória daqueles que seguem o impulso pioneiro do Primeiro Raio.
Há também uma certa dose de violência nesse impulso transformador. Por isso se diz que este raio “toma o Reino dos Céus pela força”. Até mesmo na Bíblia há uma passagem que ecoa esse princípio:
“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele.” — Mateus 11:12
Essa referência é particularmente interessante quando consideramos os ciclos astrológicos. A era cristã, tradicionalmente associada ao signo de Peixes, reflete qualidades do Segundo e do Sexto Raios. Já a era anterior, ligada a Áries, expressa as energias do Primeiro e do Sétimo Raios — o que pode nos ajudar a compreender a tônica de diferentes momentos históricos sob a ótica dos Raios.

Voltando à citação inicial, “a adesão ao ritmo do planeta liderará o Bem-aventurado oculto e trará a ordem” — ou seja, o desafio não é anular a força disruptiva do Primeiro Raio, mas alinhá-la com os ritmos maiores do Plano.
Falando em planos, a visão ampla e sistêmica também é típica deste raio. A pessoa influenciada por ele costuma enxergar o todo com facilidade, sem se perder em detalhes. Direta e objetiva, ela se lança com vigor assim que percebe uma meta, sendo muitas vezes o agente catalisador de grandes transformações nos ambientes em que atua.
Nos artigos anteriores mencionamos que cada um dos nossos corpos de expressão — físico, emocional, mental, a personalidade como um todo e a alma — tende a refletir de forma mais intensa uma das sete energias.
No caso do Primeiro Raio:
- A alma influenciada por este raio pode manifestar grande independência, orgulho e força interior. Quando ainda não integrada, essa alma tende a “atropelar” os obstáculos no caminho da encarnação, impondo-se com vigor. Mas, quando alinhada com o Plano, torna-se um polo de comando e inspiração para outros.
- O corpo mental sob regência do Primeiro Raio é claro, incisivo e objetivo. Tem grande capacidade de síntese e uma mente como um “laser”: direta, penetrante e focada em princípios. Alice Bailey, ao comentar sobre um discípulo com esse raio na mente, afirma que sua expressão pode ser excepcionalmente poderosa e firme.
- O corpo emocional (astral) com essa influência é mais raro. Pessoas assim são destemidas e emocionalmente contidas, mas podem reprimir seus sentimentos ou viver explosões emocionais intensas. Costumam ser percebidas como emocionalmente inacessíveis ou carregadas de uma força que inspira tanto respeito quanto distância.
- O corpo físico sob essa energia também é incomum, geralmente associado a discípulos. Costuma ser forte, esguio, resistente e com uma presença que impõe respeito. Evita contato físico e preza pela autonomia.
De forma geral, indivíduos fortemente marcados pelo Primeiro Raio têm dificuldade em se integrar em grupos, preferindo agir de forma independente. Seu desafio é equilibrar essa força pioneira com a capacidade de cooperar e servir em conjunto — harmonizando liderança com inclusão.

Referência Rápida – Primeiro Raio
Símbolos
- Ponto
- Raio
- Lança
- Espada
- Flecha
- Montanha
Animais
- Águia
- Falcão
- Elefante
- Leão
- Carneiro
- Urso
Cores & Elementos
- Exotérica: Laranja
- Esotérica: Vermelho
- Pedras: Diamante, Quartzo
- Planetas: Sol, Vulcano, Plutão
- Signos: Áries, Leão, Capricórnio
Vocação & Países
- Política, liderança, forças armadas
- Construção, demolição, aventura
- Alemanha (personalidade), Japão
- Inglaterra (personalidade), Índia (alma)
Estilo de Aprendizado
- Independente, persistente, autodidata
- Aprende por princípio e superação
- Ensina por impacto e autoexpressão
- Assertivo, direto, confiante
Forças e Desafios
- Forças: coragem, foco, comando, síntese
- Desafios: orgulho, crueldade, isolamento, ambição
Série: Introdução aos Sete Raios
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