No capítulo II consideramos, em linhas gerais, a composição e estrutura do corpo astral. Agora, trataremos de estudá-lo em maior detalhe: como existe e é usado durante a consciência desperta comum do corpo físico.
Os fatores que determinam a natureza e qualidade do corpo astral durante a vida física podem ser agrupados, de modo geral, como se segue:
- A vida física.
- A vida emocional.
- A vida mental.
1.A Vida Física. – Já vimos que cada partícula do corpo físico tem sua correspondente “contrapartida” astral. Conseqüentemente, assim como os sólidos, líquidos, gases e éteres que compõem o físico podem ser grosseiros ou refinados, toscos ou delicados, assim será a natureza dos envoltórios astrais correspondentes. Um corpo físico nutrido com alimento impuro produzirá um corpo astral igualmente impuro, ao passo que um corpo físico alimentado com substancias limpas ajudará a purificar o veículo astral.
Sendo o corpo astral o veiculo da emoção, da paixão, da sensação, segue-se que o corpo astral de tipo mais grosseiro será sensível, principalmente, às variedades mais grosseiras da paixão e da emoção, enquanto um corpo astral mais fino vibrará, mais prontamente, diante de emoções e aspirações refinadas.
É impossível fazer o corpo físico tosco e ao mesmo tempo organizar os corpos astral e mental para propósitos mais altos, nem é possível ter um corpo físico puro com corpos astral e mental impuros. Todos os três corpos são, assim, interdependentes.
Não só o corpo físico, mas os corpos superiores também são afetados pelo alimento ingerido. A dieta carnívora é fatal para o que quer que seja real desenvolvimento oculto e os que a adotam estão erguendo sérias e desnecessárias dificuldades em seus próprios caminhos, porque a carne, como alimento, intensifica todos os elementos indesejáveis e todas as paixões dos planos mais baixos.
Nos antigos Mistérios havia homens da mais alta pureza, e eles eram, invariavelmente vegetarianos. A Raja Ioga esforça-se, especialmente, para purificar o corpo físico através de um sistema elaborado de alimentação, bebida, sono etc., e insiste em alimentos que sejam satvicos ou “rítmicos”. Todo um sistema relacionado com substancias alimentícias é organizado a fim de auxiliar a preparação do corpo para seu uso pela consciência superior. Alimentos cárneos são rajasicos, isto é, apresentam a qualidade de atividade, são estimulantes e preparados para expressar desejos e atividades animais. Mostram-se decididamente impróprios para o tipo mais fino de organização nervosa. O iogue, portanto, não pode usá-los para os processos superiores de pensamento.
Alimentos a caminho de decomposição, tal como a caça, a carne do veado etc., bem como o álcool, são tamasicos ou pesados, e também devem ser evitados.
Alimentos que tendem a crescer, tais como os grãos e as frutas, são satvicos, ou rítmicos, constituindo os mais altamente vitalizados e próprios para construir um corpo sensível e ao mesmo tempo forte.
Certas substâncias também afetam prejudicialmente os corpos físicos e astral. Assim, o fumo impregna o corpo físico com partículas impuras, causando emanações tão materiais que chegam a ser perceptível, muitas vezes, pelo sentido do olfato. Astralmente, o fumo não só introduz impureza, mas também inclina-se a amortecer a sensibilidade do corpo: “acalma os nervos”, tal como se diz. Embora isso possa, nas condições da vida moderna, ser às vezes menos nocivo do que deixar os nervos “sem se acalmar”, é sem duvida impróprio para um ocultista, que precisa manter a capacidade de responder instantaneamente a todas as possíveis vibrações, combinadas essas respostas, naturalmente, com perfeito controle.
Da mesma maneira, não há qualquer duvida de que do ponto de vista tanto do corpo mental como do corpo astral, o uso do álcool é sempre um mal.
Corpos alimentados com carne e álcool são passíveis de arruinar sua saúde ao se abrirem para a consciência superior; e doenças nervosas são devidas, em parte, ao fato de que a consciência humana está tentando expressar-se através de corpos obstruídos por produtos de carne e envenenados pelo álcool. O corpo pituitário, em particular, é rapidamente envenenado, mesmo pela menor quantidade de álcool, e sua superior evolução são assim detidas. É o envenenamento do corpo pituitário pelo álcool que leva à visão anormal e irracional associada com o delirium-tremens.
Ademais de causar o embrutecimento tanto do corpo físico como do astral, a carne, o fumo e o álcool também recebem uma séria objeção, quando se sabe que essas substancias tendem a atrair entidades astrais indesejáveis, que se comprazem com o cheiro do sangue e do álcool: elas se agitam em torno da pessoa, forçando seus pensamentos sobre ela, em seu corpo astral, de forma que o individuo visado pode ter uma espécie de casca de entidades inconvenientes suspensas em sua aura. Principalmente por essa razão, a carne e o vinho são inteiramente proibidos na Ioga da Senda da Direita.
Essas entidades consistem em elementais, nascidos dos pensamentos e desejos do homem, e também em homens depravados, prisioneiros de seu corpo astral, conhecido como elementares ( Ver pp 125/126). Os elementais são atraídos para pessoas cujos corpos astrais contêm matéria agradável à sua natureza, enquanto os elementais humanos procuram satisfazer os vícios em que eles próprios se compraziam quando estavam em seus corpos físicos.
Quase todas as drogas – tais como ópio, cocaína, a teína do chá, a cafeína do café etc. – produzem efeitos deletérios sobre os veículos superiores. Ocasionalmente eles são, naturalmente, quase uma necessidade, em certas doenças; mas um ocultista deve usá-las o mais raramente possível. Aquele que sabe como remover o mau efeito do ópio (que pode ter sido usado para aliviar grande dor) pode retirá-lo do corpo astral, como do corpo mental, assim que ele tenha agido sobre o corpo físico.
A sujeira de todas as qualidades também são mais inconvenientes ainda nos mundos superiores do que no físico e atrai uma classe inferior de espíritos-da-natureza. O ocultista, portanto, precisa ser rigoroso em todos os assuntos referentes à limpeza. Atenção especial deve ser dada às mãos e aos pés, porque através dessas extremidades as emanações fluem para o exterior com rapidez.
Os ruídos físicos, tal como prevalecem nas cidades, sacodem os nervos e assim causam irritação e fadiga. O efeito é acentuado pela pressão de muitos corpos astrais vibrando em ritmos diferentes e todos excitados e perturbados por insignificâncias. Embora tal irritação seja superficial e possa abandonar a mente dentro de dez minutos, ainda assim algum efeito produz no corpo astral, com a duração de quarenta e oito horas. Por isso é difícil, quando se vive em grandes cidades modernas, evitar a irritação, especialmente naqueles cujos corpos são mais tensos e sensíveis do que os dos homens comuns.
Em geral, pode dizer-se que tudo quanto promove a saúde do corpo físico também reage favoravelmente sobre os veículos superiores.
Viajar é outro dos muitos fatores que afetam o corpo astral, levando o viajante a receber modificações de influencias etéricas e astrais relacionadas com cada lugar ou distrito. Oceano, montanhas, florestas, cascatas, tem cada qual seu próprio tipo de vida, tanto astral e etérica quanto visível, e têm portanto sua própria série de influências. Muitas dessas entidades invisíveis estão difundindo vitalidade e, seja como for, seu efeito sobre os corpos astral, mental e físico, tende a ser salutar e desejável, afinal, embora a mudança possa, de certa forma, ser cansativa, na ocasião. Por isso, uma mudança ocasional como na saúde física.
O corpo astral também pode ser afetado por objetos tais como talismãs. Os métodos para fazê-los já foram descritos no livro O Duplo Etérico. Aqui trataremos apenas de seus efeitos gerais.
Quando um objeto é fortemente carregado de magnetismo para um propósito particular e esse trabalho é feito por pessoa competente, torna-se um talismã, e, quando feito apropriadamente, continua a irradiar seu magnetismo, com força inalterada, por muitos anos.
Um talismã pode ser usado para muitos propósitos. Assim, por exemplo, um talismã pode ser carregado com pensamentos de pureza, que se expressarão como ritmos definidos de vibração na matéria astral e mental. Esses ritmos vibratórios, sendo diretamente contrários a pensamentos impuros, tendem a neutralizar ou sobrepor-se a pensamentos impuros que possam surgir. Em muitos casos o pensamento impuro é casual, foi captado, não é, portanto, coisa que em si própria tenha grande poder. O talismã, por outro lado, foi intencional e fortemente carregado, de forma que quando as duas correntes de pensamento se encontram não há a mais leve dúvida de que os pensamentos ligados ao talismã serão os vencedores.
Ademais, o conflito inicial entre as séries opostas de pensamentos, atrairá a atenção do homem, dando-lhe tempo, assim, para recolher-se, de forma que sua vontade não seja afastada de seu posto de guarda, como acontece com tanta freqüência.
Outro exemplo seria o do talismã carregado com fé e coragem. Ele operaria de duas maneiras. Primeiro, as vibrações irradiadas do talismã iriam opor-se aos sentimentos de medo, assim que eles surgissem, evitando que se acumulassem e reforçando-se mutuamente, como fazem freqüentemente, ate se tornarem irresistíveis. Esse efeito tem sido comparado com o de um giroscópio que, uma vez posto em movimento para certa direção, resiste fortemente ao pretenderem volta-lo para uma outra direção.
Em segundo lugar, o talismã trabalha indiretamente sobre a mente de que o usa: assim que ele sente o começo do medo, recordara provavelmente que usa o talismã e conjurará a reserva de força de sua própria vontade para resistir à sensação indesejável.
Uma terceira possibilidade de um talismã é a de estar ligado à pessoa que o fez. No caso de estar aquele que o usa em circunstâncias desesperadoras, pode evocar o autor, pedindo-lhe resposta. O autor pode ficar ou não consciente fisicamente daquele apelo, mas de qualquer maneira seu ego estará consciente e responderá, reforçando as vibrações do talismã.
Certos artigos são, em grande parte, amuletos ou talismã naturais. Todas as pedras preciosas o são, cada qual tendo uma influência distinta que pode ser utilizada de duas formas: ( 1 ) a influência atrai para si essência elemental de certa qualidade, e pensamentos e desejos que se expressam naturalmente através dessa essência; ( 2 ) essas peculiaridades naturais fazem delas um veículo apropriado para o magnetismo que deve atuar na mesma linha dos pensamentos e emoções. Assim, por exemplo, para um amuleto de pureza, uma pedra deve ser escolhida quando tem ondulações naturais que não entram em harmonia com a chave na qual os pensamentos impuros são expressos.
Embora as partículas da pedra sejam físicas, ainda assim, estando em diapasão idêntico, nesse nível, com o tom de pureza de níveis mais elevados, elas irão, mesmo sem a pedra estar magnetizada, deter o pensamento impuro ou o sentimento impuro, pela virtude da harmonia dos tons. Além disso, a pedra pode ser facilmente carregada, em nível astral e mental, com ondulações de pensamentos e sentimentos puros, que se ajustam à mesma tônica.
Outros exemplos são: ( 1 ) os grãos de rudraksha, freqüentemente usados na Índia para colares, e que são especialmente apropriados para a magnetização quando é necessário auxiliar o pensamento religioso e a meditação constante, ocasião em que todas as influencias perturbadoras devem ser afastadas; ( 2 ) os bagos da planta tulsi, cuja influência é um tanto diferente.
Objetos que desprendem forte odor são talismãs naturais. Assim, as gomas escolhidas para o incenso fornecem radiações favoráveis ao pensamento espiritual e religioso e não se harmonizam com forma alguma de perturbação ou preocupação. As feiticeiras medievais mesclavam às vezes os ingredientes do incenso de forma a produzir o efeito contrário e isso ainda é feito nas cerimônias lucíferinas hoje. Em geral é conveniente evitar odores grosseiros e pesados, tais como o do almiscar ou do satchet, pois muitos deles tem afinidade com a sensualidade.
Um objeto que não foi intencionalmente carregado pode em certas ocasiões ter a força de um talismã. Por exemplo: o presente de um amigo, usado na pessoa, como um anel ou uma corrente, ou mesmo uma carta.
Um objeto, tal como um relógio, levado habitualmente no bolso, torna-se carregado com magnetismo e pode, se oferecido a alguém, produzir reais efeitos naquele que o recebeu. Moedas e dinheiro em papel estão usualmente carregados de magnetismo misto, sentimento e pensamento, e podem assim irradiar um efeito irritante e perturbador.
Os pensamentos e sentimentos de um homem afetam, assim, não só ele próprio e outras pessoas, mas impregnam os objetos inanimados que o rodeiam, mesmo as paredes e os móveis. E assim, inconscientemente, magnetizam esses objetos físicos de forma que eles têm o poder de sugerir pensamentos e sentimentos similares a outras pessoas que fiquem no âmbito de sua influência.
2. A Vida Emocional. – Mal chega a ser necessário insistir em que a qualidade do corpo astral é amplamente determinada pela qualidade de sentimentos e emoções que constantemente o atravessam.
O homem está usando seu corpo astral, seja ou não ele consciente disso, sempre que expressa uma emoção, tal como está usando seu corpo mental a cada vez que pensa, ou seu corpo físico quando quer que realize trabalho físico. Isso naturalmente é coisa muito diferente da utilização de seu corpo astral como veiculo independente, através do qual sua consciência pode ser integralmente expressa, assunto que devemos considerar mais tarde, no momento propício.
O corpo astral, como vimos, é o campo de manifestação do desejo, o espelho no qual cada sentimento é instantaneamente refletido e no qual mesmo cada pensamento que traga algo referente ao eu pessoal deve expressar-se. Da matéria do corpo astral é dada forma corpórea aos escuros “elementais” que o homem cria e põe em movimento, usando seus maus desejos e seus sentimentos maliciosos: dela também obtêm corpo os elementais benéficos, chamados à vida pelos bons desejos, pela gratidão e pelo amor.
O corpo astral cresce com o uso tal como acontece com qualquer outro corpo, e tem também seus próprios hábitos, construídos e fixados pela repetição constante dos mesmos atos. O corpo astral, durante a vida física recebendo e respondendo aos estímulos tanto do corpo físico como do mental inferior, tende a repetir automaticamente as vibrações com as quais se habituou; tal como a mão pode repetir um gesto familiar, o corpo astral repete um sentimento ou um pensamento que lhe seja familiar.
Todas as atividades que podemos considerar más, sejam pensamentos egoístas (mental) ou emoções egoístas (astral), revelam-se invariavelmente como vibrações de matéria grosseira daqueles planos, enquanto os pensamentos bons e destituídos de egoísmo põem em vibração tipos superiores de matéria. Como a matéria mais fina é mais facilmente movimentada do que a grosseira, segue-se que determinada quantidade de força gasta em bons pensamentos e sentimentos produz talvez uma centena de vezes mais resultado em comparação com a mesma quantidade de força posta na matéria grosseira. Se não fosse assim, é óbvio que o homem comum jamais faria qualquer progresso.
O efeito de 10% de força dirigida para bons fins ultrapassa enormemente o de 90% devotados a propósitos egoístas, e assim, no todo, tal homem tem um avanço apreciável de vida em vida. O homem que tenha apenas 1% de bem faz um progresso. O homem cujas contas mostram um balanço exato, de forma que nem avança nem regride, deve viver uma existência nitidamente má: porque, para descer no mal, uma pessoa deve ser habitual e consistentemente vil.
Assim, mesmo a pessoa que não está fazendo, conscientemente, coisa alguma para a sua evolução, que deixa que tudo vá como vai, apesar disso evolui paulatinamente, devido à força irresistível do Logos, que constantemente o pressiona para a frente. Move-se, contudo, tão lentamente, que precisará de milhões de anos de encarnação, com dificuldades, e inutilidade, para ganhar até mesmo um passo.
O método, através do qual o progresso é feito com certeza, é simples e engenhoso. Conforme vimos, as más qualidades são vibrações de matéria grosseira dos planos respectivos, enquanto as boas qualidades são expressas através dos graus superiores de matéria. Disso seguem-se dois resultados notáveis.
Devemos ter em mente que cada subplano do corpo astral tem um relacionamento com o subplano correspondente do coro mental. Assim, os quatros subplanos astrais inferiores correspondem às quatro qualidades de matéria do corpo mental, enquanto os três subplanos superiores astrais correspondem às três qualidades de matéria no corpo causal.
Daí as vibrações astrais inferiores não poderem encontrar matéria no corpo causal capaz de dar-lhes resposta, o que leva esse corpo causal a incorporar apenas as qualidades superiores. Resulta, portanto, que qualquer bem que o homem desenvolva em si próprio fica permanentemente registrado por modificação em seu corpo causal, enquanto que o mal que ele faz, sente ou pensa, não tem possibilidade de tocar o ego real, mas só pode causar perturbação ao corpo mental, que é renovado a cada nova encarnação. O resultado do mal é conservado nos átomos permanentes, astrais e mentais: o homem, portanto, tem ainda de enfrentá-lo muitas e muitas vezes, até que o vença e consiga desenraizar de seus veículos toda a tendência a dar-lhes resposta. Isso é, evidentemente, coisa muito diferente do ato de levar aquele resultado para o ego, fazendo dele uma parte de si próprio.
A matéria astral responde mais rapidamente do que a física a todos os impulsos do mundo da mente e, conseqüentemente, o corpo astral de um homem, sendo feito de matéria astral, compartilha dessa facilidade de responder ao impacto do pensamento e vibra em resposta a todo o pensamento que o toca, venham os pensamentos do exterior, isto é, da mente de outros homens, ou do interior, da mente de seu dono.
Um corpo astral, portanto, que é levado pelo seu dono a responder habitualmente a pensamentos maus, funciona como um magneto ante formas-pensamentos e formas-emoções similares de sua vizinhança, enquanto que um corpo astral puro funciona, a respeito desses pensamentos, com repulsa enérgica e atrai para si formas-pensamentos e formas-emoções de matéria e vibrações condizentes com as suas. É preciso ter em mente que o mundo astral é cheio de pensamentos e emoções de outros homens e que tais pensamentos e emoções exercem pressão incessante, bombardeando constantemente cada corpo astral e pondo-o em vibração semelhante à sua.
Ademais, há os espíritos-da-natureza de ordem inferior que se divertem com as grosseiras vibrações da cólera e do ódio e atiram-se em qualquer corrente dessa natureza, intensificando assim as ondulações e levando-lhes vida renovada. As pessoas que se entregam a sentimentos grosseiros podem depender de estar constantemente rodeadas de tais corvos do mundo astral que se empurram mutuamente na ansiedade de participar de uma explosão de paixão que esteja próxima.
Grande parte do mau humor que muita gente sente, em maior ou menor grau, deve-se a influencias astrais estranhas. Embora a depressão possa ser devida a causas puramente físicas, tal como uma indigestão, resfriado, fadigas etc., mais freqüentemente é causada por uma entidade astral que está deprimida e vaga por ali em busca de solidariedade ou na esperança de sugar da pessoa a vitalidade de que carece.
Além disso, um homem que por exemplo está fora de si de raiva, perde temporariamente o domínio de seu corpo astral, tornando-se supremo o desejo elemental. Sob tais circunstâncias, o homem pode ser tomado e obcecado por algum perverso elemental artificial.
O estudante deveria, especialmente, repelir com rigor a depressão, que é a grande barreira para o progresso, e pelo menos deveria tentar que ninguém mais soubesse que está sentindo tal coisa, porque a depressão indica que está pensando mais em si próprio do que no Mestre e torna mais difícil para o Mestre influenciá-lo. A depressão causa muito sofrimento para as pessoas sensíveis e é responsável por muito do terror que as crianças demonstram à noite. A vida interior de um aspirante não pode ser de continua oscilação emocional.
Acima de tudo, o estudante deve aprender a não se preocupar. O contentamento não é incompatível com a aspiração. O otimismo é justificável pela certeza do triunfo definitivo do bem, embora, na verdade, se levarmos em conta apenas o plano físico, não seja fácil manter essa posição.
Sob a tensão de emoções muito poderosas, se um homem se deixa ir longe demais, pode morrer, tornar-se insano ou obcecado. Tal obsessão não será necessariamente o que chamamos mal, embora a verdade é que toda obsessão prejudica.
Uma ilustração desse fenômeno pode ser tirada da “conversão”, numa renovação religiosa. Em tais ocasiões alguns homens são levados a uma tão tremenda excitação emocional que ficam oscilando para além do nível de segurança: podem assim, ser obcecados por um pregador já morto da mesma religião, e então duas almas funcionam temporariamente num mesmo corpo. A formidável energia desses excessos é contagiosa e pode difundir-se rapidamente através de uma multidão.
Uma perturbação astral tem a natureza de um remoinho gigantesco. A ele acodem entidades astrais cujo único desejo é ter sensações: são todos os tipos de espíritos-da-natureza que se deleitam e mergulham nas vibrações de selvagem excitação, sejam de que tipo forem, religiosas ou sexuais, tal como as crianças brincam na quebrada das ondas. Ali se abastecem e reforçam a energia tão temerariamente gasta. Sendo a idéia dominante aquela egoística de salvar a própria alma, a matéria astral é de um tipo grosseiro e os espíritos-da-natureza também são de tipo primitivo.
O efeito emocional de uma renovação religiosa é, assim, muito poderoso. Em alguns casos, um homem pode ser genuína e permanentemente beneficiado pela sua “conversão”, mas o estudante sério de ocultismo deve evitar tais excessos de excitação emocional, que podem ser perigosos para muitas pessoas. “A excitação é alheia à vida espiritual”.
Há naturalmente muitos casos de insanidade que podem ser devidos a defeitos em um dos veículos – físico, astral, mental. Em certos casos, é o resultante de falta de ajustamento exato entre as partículas astrais tanto do corpo etérico como do corpo mental. Em tal caso a sanidade só é recuperada quando o enfermo chega ao mundo celeste, isto é, quando deixar seu corpo astral e passar para seu corpo mental. É raro esse tipo de insanidade.
O efeito de vibrações de um corpo astral sobre outro corpo astral há muito foi verificado no Oriente e é uma das razoes de se considerar imensa vantagem para o estudante a vida na proximidade de alguém mais altamente evoluído do que ele próprio. Um instrutor hindu não só pode prescrever para seu aluno formas especiais de exercício ou de estudo, a fim de purificá-lo, fortalece-lo e desenvolver seu corpo astral, como pode também, mantendo o aluno em sua proximidade física, harmonizar e sintonizar os veículos do aluno com os seus. Um instrutor assim já serenou seus próprios veículos e habituou-os a vibrar em ritmos pouco e selecionados e não em centenas de frenesis promíscuos. Esses poucos ritmos de vibração são muito fortes e firmes, e dia e noite, esteja ele dormindo ou desperto, atuam incessantemente sobre os veículos do aluno e elevam-nos gradualmente ao nível da tônica de seu instrutor.
Por idênticas razões, um hindu que deseje viver uma existência mais alta retira-se para a selva, tal como um homem de outras raças retrai-se do mundo e vive como um ermitão. Ele tem assim, pelo menos, espaço para respirar, e descansa do infindável conflito causado pelo perpétuo colidir, em seus próprios veículos, com os sentimentos e pensamentos de outras pessoas, podendo assim encontrar tempo para meditar com coerência. A calma influência da Natureza também o auxilia nisso, de certa forma.
Algo semelhante são os efeitos produzidos sobre animais que estão intimamente associados com seres humanos. O devotamento de um animal pelo dono que ele ama, e seu esforço mental para compreender-lhe os desejos e agrada-lo, desenvolve enormemente o intelecto do animal e seu poder de devotamento e afeição. Além disso, porém, a atuação constante dos veículos do dono sobre os do animal auxilia grandemente o processo e assim prepara o caminho para que o animal se individualize e se torne uma entidade humana.
É possível, por um esforço da vontade, formar uma concha de matéria astral na periferia da aura astral. Isto pode ser feito com três propósitos: (1) afastar vibrações emocionais, tais como a cólera, a inveja ou o ódio, intencionalmente dirigidas por outra pessoa; (2) afastar vibrações casuais de tipo inferior que podem estar flutuando no mundo astral e se introduzem na aura da pessoa; (3) proteger o corpo astral durante a meditação. Essas conchas não costumam durar muito tempo, mas precisam ser freqüentemente renovadas se forem necessárias mais longamente.
Tal concha, naturalmente, mantém as vibrações tanto “dentro” como “fora”.O estudante deveria, portanto, formar a concha apenas do mais grosseiro material astral, se não deseja manter as vibrações afastadas ou evitar que se projetem para fora, para os tipos superiores da matéria astral.
Em termos gerais, pode-se dizer que o uso da concha para a própria pessoa é, de certo modo, uma confissão de fraqueza, porque, se a pessoa é tudo aquilo que deveria ser, nenhuma proteção artificial desse tipo lhe seria necessária. Por outro lado, as conchas podem ser muitas vezes usadas com vantagem para ajudar outras pessoas que precisem de proteção.
Devemos recordar que o corpo astral de um homem consiste não apenas em matéria astral comum, mas também de uma certa quantidade de essência elemental. Durante a vida do homem essa essência elemental é segregada do oceano de matéria similar que o cerca, e torna-se praticamente durante aquele tempo o que se poderia descrever como uma espécie de elemental artificial, isto é, uma espécie de entidade semi-inteligente, separada, conhecida, isto é, uma espécie de entidade semi-inteligente, separada, conhecida como Elemental-do-desejo. Esse Elemental-do-desejo segue o curso de sua própria evolução descendo para a matéria sem nenhuma referência (ou, realmente, sem nenhum conhecimento) da conveniência ou intenção do Ego ao qual lhe acontece estar ligado. Seus interesses são, assim, diametralmente opostos aos do homem, já que trata da busca de vibrações mais fortes e mais grosseiras. Daí a perpétua luta descrita por São Paulo como “a lei dos membros guerreando contra a lei da mente”. Além disso, descobrindo aquela associação com que a matéria do corpo mental do homem lhe fornece vibrações mais vividas, o elemental se empenha em agitar a matéria mental para que se sintonize com ele, induzindo o homem a acreditar que é ele quem deseja as sensações que o elemental deseja.
Conseqüentemente, torna-se uma espécie de tentador. Contudo, o Elemental-do-Desejo não é uma entidade malévola: não é, de fato, uma entidade em evolução, absolutamente, não tem o poder da reencarnação. É apenas a essência da qual se compõe que está evoluindo. Esse ser indefinido não tem más intenções a respeito do homem, do qual temporariamente é parte. Assim, de forma alguma se constitui um inimigo que deve ser encarado com horror, mas é uma parte da vida divina, como o é o próprio homem, embora em estágio diferente de desenvolvimento.
É um erro supor que, recusando-se a satisfazer o Elemental-do-Desejo com vibrações grosseiras, o homem estará detendo a evolução dele, pois esse não é o caso. Controlando as paixões e desenvolvendo as qualidades superiores, um homem abandona o inferior e ajuda a desenvolver os mais altos tipos de essência: as qualidades inferiores de vibrações podem ser fornecidas por um animal, em alguma ocasião posterior, ainda melhor do que por um homem, enquanto que apenas um homem pode evoluir o tipo superior de essência.
Através de toda a existência o homem deveria positivamente lutar contra o Elemental-do-Desejo e sua tendência para buscar as vibrações inferiores mais grosseiras, reconhecendo bem claramente que a consciência dele, suas simpatias e antipatias, não são as suas próprias. Ele próprio o criou e não deve tornar-se escravo dele, mas aprender a controlá-lo e a compreender-se como separado dele.
Esse assunto será tratado extensamente no capítulo XII.
3. A Vida Mental. – Nosso terceiro e último fator a afetar o corpo astral durante a consciência desperta comum é a vida mental. As atividades mentais têm o efeito de mais amplo alcance sobre o corpo astral, por duas razoes:
(1) Porque o mental inferior, Manas, está de tal modo intimamente vinculado à matéria astral, Kama, que é quase impossível para a maioria das pessoas utilizar uma sem a outra, isto é, poucas pessoas podem pensar sem ao mesmo tempo sentir,ou sentir sem ao mesmo tempo e até certo ponto pensar.
(2) Porque a organização e o controle do corpo estão afetos à mente. Isto é um exemplo do principio geral de que cada corpo é construído pela consciência trabalhando no plano que está logo acima dela. Sem o poder criativo do pensamento, o corpo astral não pode ser organizado.
Cada impulso enviado pela mente ao corpo físico tem de passar pelo corpo astral e produz efeito também nele. Ainda mais, a matéria astral é muitíssimo mais responsiva a vibrações de pensamento do que a matéria física, e o efeito das vibrações mentais sobre ela é proporcionalmente maior do que sobre o corpo físico. Conseqüentemente, uma mente controlada, treinada e desenvolvida tende também a trazer o corpo astral sob controle e a desenvolvê-lo. Quando, contudo, a mente não está controlando ativamente o corpo astral, este último, sendo peculiarmente suscetível à influência das correntes de pensamento que passam, está perpetualmente recebendo esses estímulos externos e animadamente respondendo a eles.
Até aqui tratamos dos efeitos gerais produzidos sobre o corpo astral durante a existência comum, pela natureza da vida física, emocional e mental. Vamos nos ocupar, agora, mas apenas em linhas gerais, do uso das faculdades especiais do próprio corpo astral durante a consciência desperta.
A natureza dessas faculdades, e sua conexão com os vários Chakras do corpo astral, já descrevemos no capítulo V. Por meio dos poderes da própria matéria astral, desenvolvida através do Chakras, um homem está capacitado não só a receber vibrações da matéria etérica, transmitida através do corpo astral para a sua mente, mas também a receber impressões diretas vindas da matéria do mundo astral circundante, sendo essas impressões naturalmente da mesma forma transmitidas através do corpo mental ao real homem interno.
Para receber impressões, porém, dessa maneira direta, e vindas do mundo astral, o homem deve aprender a focalizar sua consciência em seu corpo astral, o homem deve aprender a focalizar sua consciência em seu corpo astral, em lugar de, como é habitualmente o caso, focaliza-la no cérebro físico.
Nos homens do tipo inferior, Kama ou desejo ainda é enfaticamente o aspecto mais saliente, embora o desenvolvimento mental também de alguma forma se tenha processado até certo ponto. A consciência desses homens está centralizada na parte inferior do corpo astral, sua vida é governada pelas sensações relacionadas com o plano físico. Essa é a razão pela qual o corpo astral forma a parte mais destacada da aura de um homem não-desenvolvido.
O homem médio comum também ainda está vivendo quase que inteiramente em suas sensações, embora o astral superior esteja começando a atuar: para ele, a questão principal que orienta sua conduta ainda não é o que seria correto e razoável fazer, mas simplesmente o que ele próprio deseja fazer. Os mais cultos e desenvolvidos estão começando a governar o desejo pela razão: quer dizer, o centro da consciência está gradualmente se transferindo do astral superior para o mental inferior. Lentamente, conforme o homem progrida, ela se move ainda mais para diante e o homem começa a ser antes dominado pelos princípios do que pelo interesse e pelo desejo.
O estudante recordará que a humanidade ainda está na Quarta Ronda, que deveria ser devotada naturalmente ao desenvolvimento do desejo e da emoção; contudo estamos empenhados em desenvolver o intelecto, que deverá ser a principal característica da Quinta Ronda. Devemos isso ao imenso estímulo dado à nossa evolução pela descida dos Senhores da Chama, vindos de Vênus, e ao trabalho de Adeptos, que preservaram para nós essa influência e constantemente se sacrificam para que possamos obter progresso.
A despeito do fato de que, na vasta maioria dos casos, a consciência está localizada no corpo astral, a maior parte dos homens está bastante inconsciente desse fato, nada sabendo absolutamente sobre o corpo astral ou seus usos. Têm atrás deles as tradições e costumes de uma longa série de vidas nas quais as faculdades astrais não foram usadas; ainda assim, durante todo esse tempo aquelas faculdades foram gradual e lentamente crescendo dentro de uma casca, mais ou menos como um pinto cresce dentro de um ovo. Daí um grande número de pessoas terem faculdades astrais de que são inteiramente inconscientes, na verdade muito aproximadas da superfície, por assim dizer, e é provável que em futuro próximo, conforme esses assuntos se tornem mais amplamente conhecidos e compreendidos, em grande número de casos essas faculdades surgirão à tona e os poderes astrais se tornarão então muito mais comum do que são hoje.
A casca de que falamos acima é composta de grande massa de pensamentos autocentralizados, na qual o homem comum está quase que desesperadamente submerso. Isso se aplica, também, e talvez com maior ênfase, à vida do sono, de que trataremos no próximo capítulo.
Falamos, acima, em focalizar a consciência no corpo astral. A consciência do homem pode ser focalizada apenas em um veiculo de cada vez, embora ele possa ter simultaneamente consciência de outros, de uma forma vaga. Analogia simples pode ser tirada da visão física comum. Se um dedo for levantado diante do rosto, os olhos ficam focalizados de forma a ver perfeitamente aquele dedo; ao mesmo tempo o fundo distante também pode ser visto, embora imperfeitamente, pois estará fora de foco. Num momento o foco pode modificar-se, de forma que o fundo é visto perfeitamente, mas o dedo, agora fora de foco, é distinguido apenas enevoada e vagamente.
Precisamente da mesma maneira, se um homem que desenvolveu a consciência astral e mental focalizar-se no cérebro físico das pessoas e ao mesmo tempo verá seu corpo astral e mental, mas somente de forma enevoada. Em muito menos de um instante ele pode mudar o foco de sua consciência de forma a ver o astral inteira e perfeitamente, mas neste caso verá também os corpos mental e físico, mas não em completo pormenor. A mesma coisa acontece com a visão mental e com a visão dos planos superiores.
Assim, no caso de um homem grandemente desenvolvido, cuja consciência já evoluiu para além do corpo (mental superior), de forma que ele pode funcionar livremente no plano búdico e tem igualmente certa consciência quanto ao plano átmico, o centro da consciência fica entre o mental superior e o plano búdico. O mental superior e o astral superior são nele muito mais desenvolvidos do que as seções inferiores e, embora retenha ainda seu corpo físico, retém-no meramente pela conveniência de nele trabalhar e não porque seus pensamentos e desejos estejam fixados nele. Tal homem transcendeu todo Kama que poderia ligá-lo à encarnação e, portanto, seu corpo físico é conservado a fim de que possa servir de instrumento às forças dos planos superiores, e estas possam descer até o plano físico.