A Morte

Enviado por Estante Virtual em seg, 12/12/2011 - 17:53

Como já temos assinalado, o duplo etérico pode, em certas condições, ser separado do corpo físico denso, continuando, no entanto, preso a ele por um fio ou cordão de matéria etérica.

No momento da morte, o duplo retira-se definitivamente do corpo denso. Às vezes se torna visível como uma névoa violácea; esta, ao condensar-se, reproduz exatamente a aparência do moribundo, ligada ao corpo denso por um fio brilhante. No instante da morte, este fio ou cordão magnético se rompe.

Quando sobrevêm a morte, a tela vital búdica, acompanhada do prâna, desprende-se da matéria física densa e recolhe-se no coração, ao redor do átomo permanente.

Átomo, tela búdica e prâna, elevando-se pelo Sushumna-nadi secundário, atingem o terceiro ventrículo cerebral, depois o ponto de junção das suturas parietal e ocipital, e finalmente abandonam o corpo.

A tela vital búdica continua a envolver o átomo permanente físico, no corpo causal, enquanto aguarda o dia em que será formado novo corpo físico.

A retirada do duplo etérico, acompanhado, sem dúvida, do prâna, destrói a unidade integral do corpo físico: desde então este não representa mais do que uma massa de células independentes. A vida destas últimas não sofre interrupção alguma, e a prova disto é dada pelo fato muito conhecido de que às vezes os pelos de um cadáver continuam a crescer.

Já que, com a retirada do duplo etérico, o prâna cessa de circular, as vidas inferiores, isto é, as células, emancipam-se e começam a desagregar o corpo, até então bem organizado.

No momento da morte, o corpo está, pois, mais vivo do que jamais o fôra; vivo em suas unidades, porém morto como organismo. No dizer de Elifas Levi: — "Tranformação atesta movimento, e todo movimento revela vida. O cadáver não se decomporia se estivesse morto; todas as moléculas que o compõem estão vivas e lutam por sua separação". (Isis sem véu, II. )

Quando o duplo abandona o corpo denso definitivamente, não se afasta, mas permanece, em geral, flutuando sobre ele. Constitui então o que se chama o espectro, e aparece às vezes às pessoas que o enxergam como uma figura nublada, fracamente consciente e muda. A não ser que seja perturbada por um desespero ruidoso ou por emoções violentas, o estado de consciência é calmo e sonolento.

Durante a retirada do duplo, e também depois, toda a vida passada do homem passa rapidamente em revista ante a Ego, revelando cada rincão esquecido de memória, todos os segredos, quadro após quadro, acontecimento após acontecimento. Em alguns segundos, o EGO revê toda sua existência, verifica os êxitos e fracassos, amores ódios; nota a tendência predominante no conjunto, e afirma o pensamento diretor de sua vida, determinando a região em que passará a maior parte de sua existência póstuma. Como diz o Kaushitakopanishad, na ocasião da morte, prâna recolhe tudo, e retirando-se do corpo, entrega-o ao Conhecedor, que é o receptáculo de tudo.

Neste estágio, sucede geralmente uma curta fase de tranquila inconsciência, devida à separação da matéria etérica e de sua mistura com o corpo astral, o que impede o homem de funcionar tanto no mundo físico como no astral. Certas pessoas se libertam da envoltura etérica em alguns instantes; outras repousam nele durante horas, dias e até semanas; mas o comum é levar apenas algumas horas.

Com o perpassar dos dias, os princípios superiores desprendem-se pouco a pouco do duplo, e este, por sua vez, torna-se um cadáver etérico que fica nas proximidades do corpo denso, e ambos se decompõem ao mesmo tempo.

Estes espectros etéricos vêem-se frequentemente nos cemitérios, ora como nevoeiros, ora como clarões, violáceos ou branco-azulados, e apresentam frequentemente aspecto desagradável, devido ao estado mais ou menos adiantado de sua decomposição.

Uma das grandes vantagens da incineração é a de, pela destruição do corpo físico, tirar ao corpo etérico seu centro de atração, facilitando sua rápida decomposição.

Se um homem for bastante insensato para agarrar-se à vida física e mesmo ao seu próprio cadáver, a conservação deste pela inumação ou embalsamento constitui, para ele, grande tentação e facilita enormemente suas deploráveis intenções.

A cremação impede totalmente qualquer tentativa de reunir os princípios de modo parcial, anormal e temporário. Além disto, certas formas repugnantes de magia negra, felizmente raras, pelo menos no Ocidente, utilizam-se do corpo físico em via de decomposição. Tudo isto é impossibilitado pela prática higiênica da cremação. É também absolutamente impossível que o defunto sinta a ação do fogo em seu corpo abandonado, pois, se a morte é bem efetiva, as matérias astral e etérica foram completamente separadas do corpo físico denso.

É de todo impossível a um desencarnado regressar inteiramente ao seu corpo morto. Todavia, pode ocorrer que alguém que nada conheça além da vida puramente física e esteja desatinado pelo temor de ficar completamente separado dela, seja capaz, em seus desesperados esforços, de se manter em contacto com o mundo físico, reter em si a matéria etérica do corpo descartado e envolver-se na mesma. Isto pode ser causa de intenso sofrimento, totalmente desnecessário e facilmente evitável pela prática da cremação.

Nos desencarnados que se agarram desesparadamente à existência física, o corpo astral não pode ficar inteiramente separado do corpo etérico, e por isso, ao despertar, estão ainda envolvidos de matéria etérica. Seu estado é então penoso, pois estão excluidos do mundo astral devido ao envoltório etérico e, ao mesmo tempo, devido à perda dos órgãos sensoriais físicos, estão impedidos de gozar plenamente a existência terrestre. Por conseguinte, erram solitários, mudos e aterrorizados, numa bruma espessa e lúgubre, sem relações possíveis com nenhum dos dois mundos.

Com o tempo, apesar de seus esforços, gasta-se a casca etérica, mas, em geral, não antes de haverem sofrido horrorosamente.

Há pessoas caridosas, entre os mortos e outros, que procuram ajudar esses infelizes, mas raramente o conseguem.

O desencarnado que estiver nessas condições, poderá tentar pôr-se em relação com o mundo físico, por intermédio de um médium, embora, geralmente, os guias espirituais deste se oponham com todas as suas forças, pois sabem que o médium se expõe à obsessão ou loucura.

Às vezes, uma médium inconsciente, geralmente moça sensitiva, pode encontrar-se "tomada", porém a tentativa só é bem sucedida quando o EGO da jovem perdeu o seu domínio sobre os veículos, por ter ela se deixado arrastar por pensamentos ou paixões indesejáveis.

Outras vezes também, a alma humana, errando por esse triste mundo, pode chegar a obsedar parcialmente um animal, escolhido entre os menos desenvolvidos, como o gado, porcos, carneiros — embora gatos, cães ou macacos também possam ser utilizados.

Parece que este fato, nos tempos modernos, isto é, na Quinta Raça (a ariana), substitui a horrorosa existência dos vampiros, verificada entre as populações da Quarta Raça (a atlante).

A associação com um animal permite ao defunto libertar-se somente pouco a pouco e mediante consideráveis esforços, efetuados provavelmente durante muitos dias.

A libertação só se dá, em geral, com a morte do animal, e ainda, então, falta ao indivíduo separar-se do corpo astral.

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