Transferência de Energia do Universo Visível para o Invisível

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 01:17

Por conseguinte, quando Van Helmont nos conta que, "embora uma parte homogênea da terra elementar possa ser artificialmente convertida em água", ainda que ele negue "que a mesma coisa possa ser feita pela Natureza, pois nenhum agente natural é capaz de transmutar um elemento em outro", fornecendo como razão o fato de os elementos permaneceram sempre os mesmos - devemos acreditar que ele é, senão um ignorante, pelo menos um aluno atrasado da embolorada "filosofia grega antiga". Vivendo e morrendo em bem-aventurada ignorância das futuras 63 substâncias, o que é que ele ou o seu amigo mestre Paracelso poderiam ter feito? Nada, naturalmente, a não ser especulações metafísicas e malucas, vestidas num jargão ininteligível comum a todos os alquimistas medievais e antigos. Não obstante, comparando-se as notas, encontramos a seguinte na mais recente de todas as obras sobre Química moderna: "O estudo de Química revelou uma notável classe de substâncias, de algumas das quais não se pôde extrais por um processo químico uma segunda substância qualquer que pese menos do que a substância original (...) por nenhum processo quí-mico podemos obter do ferro uma substância que pese menos do que o metal usado na sua produção. Numa palavra, nada podemos extrair do ferro a não ser ferro". Além disso, parece, de acordo com o Prof. Cooke, que "há setenta e cinco anos atrás os homens não sabiam que havia alguma diferença" entre substâncias elementares e compostas, pois nos tempos antigos os alquimistas nunca haviam compreendido "que o peso é a medida do material e que, depois de medido, todo material fica ao alcance da compreensão"; mas, ao contrário, imaginaram que, em experimentos como esses, "as substâncias envolvidas sofressem uma transformação misteriosa (...) séculos", em suma, "foram gastos em vãs tentativas de transformar em ouro os metais mais vis".

Aprendemos, com as suas próprias indicações, que o alkahest induz as seguintes modificações:

"(1) O alkahest nunca destrói as virtudes seminais dos corpos dissolvidos; por exemplo, o ouro, por sua ação, é reduzido a sal de ouro, o antimônio em sal de antimônio, etc., das mesmas virtudes seminais ou caracteres da matéria concreta original.

(2) A substância exposta à sua operação é convertida em seus três princípios - sal, súlfur e mercúrio - e, depois transformada em água clara.

(3) Tudo o que ele dissolve pode tornar-se volátil por um banho de areia quente; e, se depois de o solvente se volatizar, for submetido à destilação, o corpo permanece puro, sob a forma de água insípida, mas sempre igual em quantidade ao original". Mais adiante, constatamos que Van Helmont, o velho, diz que este sal dissolve os corpos mais indóceis em substâncias das mesmas virtudes seminais, "iguais em peso à matéria dissolvida" e, ele acrescenta, "este sal - que Paracelso indicou muitas vezes com a expressão sal circulatum - perde toda a sua fixidez e, a longo prazo, torna-se uma água insípida, igual em quantidade ao sal de que foi feita".

O Prof. T. Sterry Hunt diz em uma de suas conferências: "Os alquimistas procuram em vão um solvente universal, mas sabemos agora que a água, auxiliada em alguns casos pelo calor, pela pressão e pela presença de certas substâncias largamente difundidas, tais como o ácido carbônico e os carbonos de sulfatos alcalinos, dissolverá os corpos mais insolúveis de maneira que ela poderia, afinal, ser considerada como alkahest ou o mênstruo universal tão procurado."

Isto se lê como uma paráfrase de Van Helmont ou do próprio Paracelso! Eles conheciam as propriedades da água como solvente tanto quanto os químicos modernos e nem por isso ocultavam o fato; o que mostra que não era este o seu solvente universal.

"Uma coisa que talvez contribua para salvar luzes sobre a questão (...) é observar que Van Helmont, assim como Paracelso, consideraram a água como o instrumento [agente?] universal da Química e da Filosofia Natural; e a Terra, como a base imutável de todas as coisas - que o fogo foi considerado como a causa suficiente de todas as coisas - que as impressões seminais foram alojadas no mecanismo da Terra - que a água, por dissolver essa terra e fermentar com essa terra, como faz por meio do calor, produz todas as coisas; daí provieram originalmente os reinos animal, vegetal e mineral".

Os alquimistas conheciam perfeitamente essa potência universal da água. Nas obras de Paracelso, Van Helmont, Filaletes, Taquênio e até de Boyle "a grande característica do alkahest, a de "dissolver e modificar todas os corpos sublunares - dos quais se excetua apenas a água", é afirmada explicitamente. E é possível acreditar que Van Helmont, cujo caráter privado era inatacável e seu grande saber era reconhecido universalmente, tivesse solenemente declarado que estava de posse do segredo, se este não fosse apenas uma gabolice inútil!

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