Os Fenômenos Psíquicos Dependem do Meio Físico

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 01:23

Kepler - precursor de Newton em muitas grandes verdades, inclusive na da "gravitação" universal, que ele corretissimamente atribui à atração magnética, embora chame a Astrologia de "a filha insana de uma mãe muito sábia", a Astronomia - partilha da crença cabalística de que os espíritos dos astros não passaram de "inteligências". Ele acredita firmemente em que cada planeta é a sede de um princípio inteligente e que todos são habitados por seres espirituais, que exercem influência sobre outros seres que habitam esferas mais grosseiras e materiais do que a sua própria e especialmente sobre a nossa Terra. Como as influencias estrelares espirituais de Kepler foram suplantadas pelos vórtices do materialista Descartes, cujas tendências ateístas não o impediram de acreditar que havia descoberto um regime que prolongaria sua vida por mais de quinhentos anos, os vórtices deste último e as suas doutrinas astronômicas poderão algum dia dar lugar às correntes magnéticas inteligentes que são dirigidas pela Anima Mundi.

Batista Porta, o sábio filósofo italiano, não obstante seus esforços para mostrar ao mundo a fala de fundamento das acusações de que a Magia é superstição e feitiçaria, tem sido tratado pelos críticos modernos com a mesma injustiça que os seus colegas. Este célebre alquimista deixou uma obra sobre Magia Natural, em que baseia todos os fenômenos ocultos possíveis ao homem na alma do mundo que une todas as coisas entre si. Ele mostra que a luz astral (* Capítulo V) age em harmonia e simpatia com toda a Natureza; que ela é a essência da qual os nossos espíritos são formados; e que, agindo em uníssono com a sua fonte-mãe, nossos corpos siderais se tornaram capazes de produzir maravilhas mágicas. Todo o segredo depende de nosso conhecimento dos elementos afins. Ele acreditava na pedra filosofal, "da qual o mundo tinha uma tão alta opinião que foi alardeada durante tantos séculos e afortunadamente alcançada por alguns. Finalmente, ele emite muitas sugestões valiosas a respeito de seu "significado espiritual". Em 1643, surgiu entre os místicos um monge, Padre Kirche, que ensinou uma filosofia completa do Magnetismo universal. Suas numerosas obras abrangem muitos dos assuntos apenas sugeridos por Paracelso. Sua definição do Magnetismo é muito original, pois ele contradisse a teoria de Gilbert, segundo a qual a Terra é um grande imã. Ele afirmava que, embora toda partícula de matéria, e mesmo os "poderes" invisíveis, sejam magnéticos, não constituem em si mesmo um imã. Existe apenas um ÍMÃ no Universo, e dele procede a magnetização de tudo. Este imã é naturalmente o que os cabalistas chamam de Sol Espiritual Central, ou DEUS. Ele afirma que o Sol, a Lua, os Planetas e as estrelas são altamente magnéticos; mas eles se tornaram assim por indução vivendo no fluído magnético universal. Ele demonstra a simpatia misteriosa existente entre os corpos dos três principais reino da Natureza, e reforça o seu argumento com um catálogo estupendo de exemplos. Muitos destes foram verificados pelos naturalistas, mas ainda muitos cuja autenticidade não foi reconhecida; assim, de acordo com a política tradicional e com a lógica equivoca de nossos cientistas, foram negados. Por exemplo, ele mostra uma diferença entre o magnetismo mineral e o zoomagnetismo, ou magnetismo animal. Ele o demonstra pelo fato de que, exceto no caso da magnetita, todos os minerais são magnetizados pela potência superior, o magnetismo animal, ao passo que este o possui como emanação direta da primeira causa - o Criador. Uma agulha pode ser magnetizada sendo simplesmente segura pela mão dotada de uma vontade poderosa, e o âmbar desenvolve seus poderes mais pela fricção da mão humana do que por qualquer outro objeto; assim, o homem pode transmitir a sua própria vida, e, em certa medida, animar objetos inorgânicos. Isso, "aos olhos dos tolos, é feitiçaria". "O Sol é o mais magnético de todos os corpos", diz ele, antecipando, assim, a teoria do Gen. Pleasonton em mais de dois séculos. "Os filósofos antigos jamais negaram o fato", acrescenta ele, "mas perceberam que o Sol prende todas as coisas a si, e também comunica este poder unificante e outras coisas."

Kirches explica todos os sentimentos humanos como resultado das modificações de nossa condição magnética. Raiva, ciúme, amizade amor e ódio, tudo são modificações da atmosfera que se desenvolve em nós e que emana continuamente de nós. O amor é uma das variáveis, e por isso as suas manifestações são incontáveis. O amor espiritual, o de uma mãe por seu filho, o de um artista por uma arte particular, o amor como pura amizade são manifestações simplesmente magnéticas de sistemas em natureza congênitas. O magnetismo do amor puro é a origem de toda coisa criada. Em seu sentido ordinário, o amor entre os sexos é eletricidade, e ele o chama amor febris species, a febre das espécies. Há duas espécies de atração magnética: simpatia e fascinação; uma é santa e natural, e a outra, má e não natural. À última, a fascinação, devemos atribuir o poder do sapo venenoso que, simplesmente abrindo a boca, atrai o réptil ou o inseto que se precipita nela para a sua destruição. O veado, assim como outros animais menores, são atraídos pelo hálito da jibóia, e são irresistivelmente compelidos a vir ao seu alcance. O peixe torpedo entorpece o braço do pescador por algum tempo, com suas descargas. Para exercer um tal poder com fins benéficos, o homem requer três condições: 1º) nobreza de alma; 2º) vontade poderosa e capacidade imaginativa; 3º) um paciente mais fraco que o magnetizador, senão ele resistirá. Um homem livre dos estímulos e da sensualidade mundanos pode curar dessa maneira as doenças mais "incuráveis", e a sua visão pode tornar-se lúcida e profética.

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