As Origens das Manifestações Mediúnicas

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 01:26

Indubitavelmente, os que acreditam nos fenômenos modernos podem reclamar para si uma grande variedade de vantagens, mas o "discernir espíritos" está evidentemente ausente desse catálogo de dons "espirituais". Falando do "diakka", que uma bela manhã ele tinha descoberto num recanto sombrio da "Summer Land", A.J. Davis, o grande vidente americano, assinala: "Um diakka é um ser que experimenta um prazer insano em pregar peças, em fazer sortes com truques, em personificar caracteres opostos; para quem as orações e as palavras profanas têm o mesmo valor; dominado pela paixão por narrativas líricas (...) moralmente diferente, ele não tem nenhum sentimento de justiça, de filosofia ou de terna afeição. Ele nada sabe daquilo que os homens chamam de sentimento de gratidão; os objetivos do ódio e do amor são os mesmos para ele; seu lema é muitas vezes medonho e terrível aos outros - o EU é tudo na vida particular, e a aniquilação é exaltada com o fim de toda a vida particular. Ontem mesmo um deles, assinando-se como Swedemborg, disse a uma senhora médium o seguinte: "Tudo que é, foi e será, ou pode ser, SOU EU; e a vida particular não passa de fantasmas agregados de palpitações pensantes, correndo em sua elevação para o coração central da morte eterna!"

Porfírio, cujas obras - para emprestar a expressão de um fenomenalista irritado - "emboloram como qualquer outro refugo antiquado nos armários do esquecimento", fala assim desse diakka - se tal é seu nome - redescoberto no século XIX: "É com a ajuda direta desses maus demônios que se realizam todos os atos de feitiçaria (...) é o resultado de sua operações, e os homens que injuriam seus semelhantes pagam freqüentemente grande tributo a esses demônios maus, e especialmente a seu chefe. Estes espíritos passam o tempo enganando-nos, com um grande aparato de prodígios vulgares e ilusões; sua ambição é a de serem tomados por deuses, e seu chefe reclama ser reconhecido como o deus supremo"

O espírito que se assina Swedenborg - citado do Diakka de Davis, e que sugere ser o EU SOU - assemelha-se singularmente a este chefe dos demônios maus de Porfírio.

Nada mais natural do que esse aviltamento dos teurgistas antigos e experiente por certos médiuns, quando encontramos Jâmblico, o expositor da teurgia espiritualista, proibindo estritamente todo esforço para produzir tais manifestações fenomênicas; a não ser depois de um longa preparação de purificação moral e física, e sob a orientação de teurgistas experientes. Quando, além disso, ele declara que, com pouquíssimas exceções, o fato de uma pessoa "surgir alongada ou mais espessa, ou elevar-se no ar" é uma marca segura de obsessão por demônios maus.

A experiências do Sr. Crookes é uma boa evidência de que muitos espíritos "materializados" falam com uma voz audível. Ora, nós demonstramos, com base no testemunho dos antigos, que a voz dos espíritos humanos não é e não pode ser articulada, pois é, como declara Emanuel Swedenborg, "um profundo suspiro". Em qual dessas duas classes de testemunhos se deve acreditar sem medo de errar? É a dos antigos que tiveram a experiência de tantos séculos de prática teúrgicas, ou a dos espíritas modernos, que não têm nenhuma, e que não têm fatos em que basear qualquer opinião, exceto os que foram comunicados pelos "espíritos", cuja identidade não têm meios de provar? Existem médiuns cujos organismos foram utilizados às vezes por centenas dessas pseudoformas "humanas". No entanto, não lembramos de ter visto ou ouvido um só que tenha expresso outras coisas que não as idéias mais ordinárias. Este fato deveria certamente chamar a atenção dos espiritista menos crítico. Se um espírito pode falar, e se o caminho está aberto tanto aos seres inteligentes quanto aos não inteligentes, por que não nos dão eles comunicações que se aproximem em qualidade em algum grau remoto das comunicações que recebemos através da "escrita direta"? Se a mesma espécie de "espíritos" se materializa e produz a escrita direta, e ambas se manifestam através dos médiuns, e uma fala absurdos, ao passo que a outra nos dá com freqüência ensinamentos filosóficos sublimes, por que deveriam as suas operações mentais ser limitadas "pelo horizonte intelectual do médium" num caso mais do que no outro? Os médiuns materialistas - pelo menos até onde se estende a nossa observação - não são menos educados do que muitos camponeses e operários que em tempos diferentes deram, sob influência suprema, idéias profanas e sublimes ao mundo. Quando os espíritos se vêem dotados de órgãos vocais para falar, não lhes é muito difícil exprimir-se de um modo condizente com a hipotética educação, inteligência e posição social que tiveram em vida, em lugar de cair invariavelmente no diapasão monótono de lugares-comuns e, não muito raramente, de banalidades. Quanto à observação esperançosa do Sr. Sargent, de que "pelo fato de a ciência do Espiritismo esta ainda na infância, podermos esperar por mais luz a esse respeito", tememos dever replicar que não é através desses "gabinetes escuros" que a luz algum dia recairá.

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