O significado do termo nazar e nazareno

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:42
Podemos de fato dar crédito a essa amizade entre Pedro e seus antigos correligionários, uma vez que descobrimos em Theodoret a seguinte afirmação: "Os nazarenos são judeus, que veneravam o UNGIDO [Jesus] como um homem justo e que utilizam o Evangelho segundo Pedro". (Theodoret, Haeret. fabul., II,II.) Pedro era um nazareno, de acordo com o Talmude. Ele pertencia à seita dos nazarenos mais recentes, que discordavam dos seguidores de João, o Batista, e que vieram a constituir uma seita rival; a qual - como reza a tradição - foi instituída pelo próprio Jesus.
 
A história diz que as primeiras seitas cristã eram nazarenas, como João Batista, ou ebionitas, entre os quais se acham inúmeros parentes de Jesus; ou essênias (iessaens), os therapeutae, de que os nazarenos eram um ramo. Todas essa seitas, que apenas na época de Irineu começaram a ser consideradas como heréticas, eram mais ou menos cabalísticas. Elas acreditavam na expulsão dos demônios por meio de encantamentos mágicos, e praticavam esse método; Jervis aplica aos nabateanos e a outra seitas similares o epíteto de "errantes exorcistas judeus", significando a palavra árabe nabae "errar" e a hebraica, naba, "profetizar". O Talmude chama indiscriminadamente a todos os cristãos de Nozari. Todas as seitas gnósticas acreditavam igualmente na Magia. Irineu, ao descrever os seguidores de Basilides, diz: "Eles utilizam imagens, invocações encantamentos, e todas as outras coisas que pertencem à Magia". Dunlap, como base na autoridade de Lightfoot, mostra que Jesus era chamado de Nazaraios, por referência a seu exterior pobre e humilde; "pois Nazaraios significa separação, alienação de outros homens".
 
O verdadeiro significado da palavra nazar, é devotar-se ou consagrar-se ao serviço de Deus. Como substantivo, significa uma diadema ou um emblema de tal consagração, uma cabeça assim consagrada. Afirma-se que José era um nazar. "A cabeça de José, o vértice do nazar entre seus irmãos." Sansão e Samuel, Shimshôn e Shemûêl) são descritos como nazars. Porfírio, ao tratar de Pitágoras, diz que este foi purificado e iniciado na Babilônia por Zar-adas, o chefe do colégio sagrado. Não se poderia supor, por conseguinte, que Zoro-Aster era o nazar de Ishtar, tendo Azr-adas ou Na-Zar-Ad o mesmo significado na troca de idiomas? Esdras, era um sacerdote e escriba, um hierofante, e o primeiro colonizador hebreu da Judéia foi Zoro-Bel ou o Zoro ou nazar da Babilônia.
 
As Escrituras judias indicam dois cultos e religiões distintos entre os israelitas; o culto de Baco sob a máscara de Jeová, e o dos iniciados caldeus a que pertenciam alguns dos nazars, os teurgistas, e uns poucos profetas. As sedes de todos esses cultos localizavam-se todas na Babilônia e na Caldéia, onde se reconhecem claramente duas escolas rivais de magos. Aqueles que duvidarem desta afirmação terão nesse caso de explicar a discrepância entre a história e Platão, que, de todos os homens de sua época era, sem dúvida, um dos mais bem informados. Referindo-se aos magos, ele os mostra instruindo os reis persas (a respeito de) Zoroastro, como filho ou sacerdote de Oromasdes; e no entanto, Dario, na inscrição de Behistun, vangloria-se de ter restaurado o culto de Ormasde e de ter destruído os ritos mágicos! Evidentemente, havia duas escolas mágicas distintas e antagônicas. A mais antiga e a mais esotérica de ambas era a que, satisfeita com seus conhecimentos inexpugnáveis e com seu poder secreto, consentia em aparentemente renunciar à sua popularidade exotérica, depondo sua supremacia nas mãos do reformador Dario. Os gnósticos posteriores mostraram a mesma prudente política, acomodando-se em todas os países às formas religiosas predominantes, mas permanecendo secretamente fiéis às suas próprias doutrinas essenciais.

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