O Poder de Criação do Homem. A Magia e suas Manifestações

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 00:26

Assim como Deus cria, também o homem pode criar. Dando-se uma certa intensidade de vontade, as formas criadas pela mente tornam-se subjetivas. Alucinações, elas são chamadas, embora para o seu criador elas sejam tão reais como qualquer outro objeto visível o é para os demais. Dando-se uma concentração mais intensa e mais inteligente dessa vontade, a forma se torna concreta, visível, objetiva; o homem aprendeu o segredo dos segredos; ele é um mago.

Uma força, cujos poderes secretos eram totalmente familiares aos antigos teurgistas, é negada pelos cépticos modernos. As crianças antediluvianas - que talvez brincaram com ela, utilizando-a como os meninos do The Coming Race de Bulwer-Lytton, utilizam o terrível "vril" - chamavam-na "Água de Ptah"; seus descendentes designaram-na como anima mundi, a alma do universo; e mais tarde os hermestistas medievais denominaram-na luz sideral, ou leite da Virgem Celeste, ou magnés, e muitos outros nomes. Mas os nossos modernos homens eruditos não aceitarão nem a reconhecerão sob tais designações; pois ela pertence à Magia, e a Magia é, na sua concepção, uma vergonhosa superstição.

Apolônio e Jâmblico sustentaram que não é "no conhecimento das coisas exteriores, mas na perfeição da alma interior, que repousa o império do homem que aspira a ser mais do que homem". Eles chegaram assim ao perfeito conhecimento de suas almas divinas, cujo poder utilizaram com sabedoria, fruto de estudo esotérico da tradição hermética, herdada por eles de seus ancestrais. Mas nosso filósofos, fechando-se compactamente em suas conchas de carne, não podem ou não ousam dirigir seus tímidos olhares além do compreensível.

Diz um provérbio persa: "Quanto mais escuro estiver o céu, mais as estrelas brilharão". Assim, no negro firmamento da época medieval começaram a surgir os misteriosos Irmãos da Rosa-cruz. Eles não formaram associações, nem construíram colégios; pois, caçados e encurralados como feras selvagens, quando a Igreja Católica os apanhou, eles foram queimados sem cerimônia.

Muitos desses místicos, seguindo os ensinamentos de alguns tratados, preservados secretamente de uma geração a outra, fizeram descobertas que não seriam desprezíveis mesmo em nossos dias das ciências exatas. Roger Bacon, o monge, foi ridicularizado como um charlatão, e é hoje incluído entre os "pretendentes" à arte mágica; mas suas descobertas foram não obstante aceitas, e são hoje utilizadas por aqueles que mais o ridicularizaram. Roger Bacon pertencia, de fato senão de direito, àquela Irmandade que inclui todos os que estudam as ciências ocultas. Vivendo no século XIII, quase como um contemporâneo, portanto, de Alberto Magno e Tamáz de Aquino, suas descobertas - como a pólvora de canhão e os vidros ópticos, e seus trabalhos mecânicos - forma considerados por todos como milagres. Ele foi acusado de ter feito um pacto com o diabo.

Na história legendária do monge Bacon, conta-se que, convocado pelo rei, o monge foi convidado a mostrar algumas de suas habilidades diante de sua majestade, a rainha. Ele então agitou sua mão (seu bastão, diz o texto), e "rapidamente ouviu-se uma belíssima música, que eles afirmaram jamais ter ouvido igual". Ouviu-se em seguida uma música ainda mais alta e quatro aparições de repente apresentaram e dançaram até se dissiparem e desaparecerem no ar. Então ele agitou novamente o bastão, e de repente um odor "como se todos os ricos perfumes do mundo tivessem sido preparados no local da melhor maneira que a arte pudesse fazê-lo". Então Roges Bacon, após ter prometido mostrar a um dos cortesãos a sua amada, apanhou um enfeite do apartamento real vizinho e todos na sala viram "uma criada da cozinha com uma concha nas mãos". O orgulhoso cavalheiro, embora reconhecesse a criada que desapareceu tão rapidamente quanto surgiu, irritou-se com o espetáculo humilhante, e ameaçou o monge com a sua vingança. Que fez o mágico? Ele simplesmente respondeu: "Não me ameaceis, para que eu não vos envergonhe mais; e guardai-vos de desmentir novamente os eruditos!".

Como um comentário a esse respeito, um historiador moderno assinala: "Isto deve ser visto como uma espécie de exemplificação do gênero de exibições que eram provavelmente o resultado de um conhecimento superior das ciências naturais". Ninguém jamais duvidou de que isto foi o resultado de um tal conhecimento, e os hermetistas, os mágicos, os astrólogos e os alquimistas jamais pretenderam outra coisa.

Os seus próprios escritos provam que eles sustentavam passivos, por meio da qual muitos efeitos extraordinariamente surpreendentes, mas no entanto naturais, foram produzidos".

Os fenômenos dos odores místicos e da música, exibidos por Roger Bacon, foram freqüentemente observados em nossa própria época. Para não falar de nossa experiência pessoal, fomos informados por correspondentes ingleses da Sociedade Teosófica que eles ouviram acordes da música mais extasiante não originados de qualquer instrumento visível, e inalaram uma sucessão de odores deliciosos produzidos, como acreditam, pela intervenção dos espíritos. Um correspondente relata-nos que um desses odores familiares - o de sândalo - era tão poderoso que a casa teria sido impregnada com ele por semanas após a sessão. O médium neste caso era membro de uma família fechada, e as experiências foram todas feitas com o círculo doméstico. Outro descreve o que ele chama de uma "pancada musical". As potências que são agora capazes de produzir estes fenômenos devem ter existido e ter sido igualmente eficazes nos dias de Roger Bacon. Quando às aparições, basta dizer que elas são agora evocadas nos círculos espiritistas, e abonadas por cientistas, e a sua evocação por Roger Bacon se torna, portanto, mais provável do que nunca.

Baptista Porta, no seu tratado sobre Magia Natural, enumera todo um catálogo de fórmulas secretas para produzir efeitos extraordinários mediante o emprego dos poderes da Natureza. Embora os "magos" acreditassem tão firmemente quanto os nossos espiritistas num mundo de espíritos invisíveis, nenhum deles pretendeu produzir seus efeitos sob o controle deles ou apenas com o seu concurso. Sabiam muito bem quão difícil é manter à distância as criaturas elementares assim que elas descobrem uma porta aberta. Mesmo a magia dos antigos caldeus era apenas um profundo conhecimentos dos poderes das plantas medicinais e dos minerais. Foi apenas quando o teurgista desejou a ajuda divina nos assuntos espirituais e terrestres que ele procurou a comunicação direta, através dos ritos religiosos, com os seres espirituais. Mesmo para eles, aqueles espíritos que permanecem invisíveis e se comunicam com os mortais através dos seus sentidos internos despertados, como na clarividência, na clariaudiência e no transe, só podiam ser evocados subjetivamente e como resultado da pureza de vida e da oração. Mas todos os fenômenos físicos foram produzidos simplesmente pela aplicação de um conhecimento das forças naturais, embora certamente não pelo método da prestidigitação, praticado em nossos dias pelos ilusionistas.

Se os espiritistas estão ansiosos por se manter rigorosamente dogmáticos em suas noções do "mundo dos espíritos", eles não devem convidar os cientistas a investigar os seus fenômenos como verdadeiro espírito experimental. A tentativa conduziria seguramente a uma redescoberta parcial da Magia antiga - a de Moisés e de Paracelso. Sob a decepcionante beleza de algumas dessas aparições, eles poderiam encontrar, um dia, os silfos e as belas ondinas dos Rosa-cruzes brincando nas correntes da força psíquica e ódica.

Outras páginas interessantes: