O Moderno Espiritismo

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 00:18

Durante muitos anos, vigiamos o desenvolvimento e o crescimento desse pomo de discórdia - O MODERNO ESPIRITISMO. Familiarizados com a sua literatura na Europa e na América, testemunhas estreitas e ansiosamente as suas intermináveis controvérsias comparamos as suas hipóteses contraditórias. Muitos homens e mulheres instruídos - espiritualmente heterodoxos, naturalmente - tentaram compreender o fenômeno profético. Como único, resultado, eles chegaram à seguinte conclusão: qualquer que seja a razão desses fracassos constantes - atribuam-nos quer à inexperiência dos próprios investigadores, quer à Força secreta em ação -, ficou ao final provado que, à medida que as manifestações psicológicas crescem em freqüência e em variedades, a escuridão que cerca a sua origem torna-se mais e mais impenetrável.

Que os fenômenos são efetivamente testemunhados, misteriosos em sua natureza - geralmente e talvez erradamente chamados de espiritistas - é inútil agora negar. Concedendo um grande desconto à fraude inteligente, o que resta é muito sério para exigir o cuidadoso exame da ciência. Precisamos agora da coragem de Galileu para lançá-la ao rosto da Academia. Os fenômenos psicológicos já estão na ofensiva.

A posição assumida pelo cientistas modernos é a de que, sendo embora um fato a ocorrência de fenômenos misteriosos na presença de médiuns, não há provas de que eles não são devidos a algum estado nervoso anormal desses indivíduos. A possibilidade de que eles sejam produzidos por espíritos humanos que retornam não deve ser considerada antes de se dedicar a outra questão. Uma outra exceção se pode registrar quanto a esse posicionamento. Inquestionavelmente, o ônus da prova incumbe àqueles que afirmam a intervenção dos espíritos. Na verdade, a grande maioria das comunicações "espirituais" é de natureza a indignar até mesmo os investigadores de inteligência média. Mesmo quando autênticas, elas são triviais, convencionais e amiúde vulgares. Durante os últimos vinte anos recebemos por intermédio de vários médiuns mensagens diversas que passam por ser de Shakespeare, Byron, Benjamim Franklin, Pedro, o Grande, Napoleão e Josefina, e até de Voltarie. A impressão geral que nos fica é a de que o conquistador francês e a sua consorte parecem ter esquecido a maneira de grafar corretamente as palavras; que Shakespeare e Byron se tornaram bêbados contumazes; e Voltaire se tornou um imbecil. O tráfico de nomes célebres vinculados a comunicações idiotas causou no estômago dos cientistas uma tal indigestão que este não pode assimilar nem mesmo a grande verdade que repousa nos plateaux telegráficos desde oceano de fenômenos psicológicos. Mas poderiam, com igual propriedade, negar que existe uma água clara nas profundezas do mar quando o limo do óleo flutua na superfície. Por conseguinte, se por um lado não podemos em verdade censurá-los por recuarem ao primeiro sinal do que parece realmente repulsivo, nós o fazemos, e temos direito de censurá-los por sua má vontade em explorar mais fundo.

Numa recente obra filosófica, The Unseen World, ao mostrar que a partir da definição mesma dos termos matéria e espírito a existência do espírito não pode ser demonstrada aos sentidos, e que por isso nenhuma teoria está sujeita aos testes científicos, ele desfere, nas seguintes linhas, um severo golpe em seus colegas:

"A prova num caso assim", diz ele, "será, de acordo com as condições da presente vida, para sempre inacessíveis. Ela está completamente fora do âmbito da experiência. Por abundante que seja, não podemos esperar encontrá-la. E, por conseguinte, nosso fracasso em produzi-la não deve suscitar a menor presunção contra a nossa teoria. Assim concebida, a crença na vida futura não tem base científica, mas ao mesmo tempo ela está situada além da necessidade da base científica e do âmbito da critica científica.

Nenhuma exigência é proposta para uma audição das opiniões contidas na presente obra, a não ser a de que elas se baseiam no estudo de muitos anos da antiga Magia e da sua forma moderna, o Espiritismo. A primeira, mesmo agora, quando os fenômenos da mesma natureza se tornaram tão familiares a todos, é comumente descrita como uma hábil prestidigitação. A última, quando a evidência esmagadora exclui a possibilidade de sinceramente declará-la charlatanesca, é designada como uma alucinação universal.

Anos e anos de peregrinação entre mágicos, ocultistas, mesmerizadores "pagãs" e "cristãos" e o tutti quanti das artes brancas e negra, foram suficientes, acreditamos, para autorizar-nos a praticamente considerar esta questão duvidosa e muitos complicada. Nós nos juntamos aos faquires, os homens santos da Índia, e os vimos quando em comunicação com os Pitris (Antepassados). Vigiamos os procedimentos e modus operandi dos dervixes rodopiantes e dançantes; entretivemos relações amistosas com os marabuts da Turquia européia e asiática; e os encantadores de serpente de Damasco e Benares têm pouquíssimos segredos que não tivemos a sorte de estudar. Por isso, quando os cientistas que jamais tiveram uma oportunidade de viver entre prestidigitadores orientais que jamais tiveram um oportunidade de viver entre estes prestidigitadores orientais e que, além disso, só podem julgar superficialmente nos dizem que nada há em suas ações a não ser meros truques de prestidigitação, não podemos deixar de sentir uma profunda tristeza por tais conclusões apressadas. Exigir pretensiosamente uma análise profunda dos poderes da Natureza, e ao mesmo tempo exibir uma negligência imperdível para com as questões de caráter puramente fisiológico e psicológico, e rejeitar sem exame ou apelação fenômenos surpreendentes é fazer mostra de inconseqüência, fortemente tingida de timidez, se não obliqüidade moral.

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