O ciclo da ciência esotérica

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 02:03

A doutrina esotérica, então, ensina, como o Budismo e o Bramanismo, e até mesmo a perseguida Cabala, que a Essência una, infinita e desconhecida existe desde toda a eternidade e que, em sucessões regulares e harmoniosas, ela é passiva ou ativa. Na fraseologia poética de Manu, essas contradições são chamadas o "Dia" e a "Noite" de Brahmâ. Este pode estar "desperto" ou "adormecido". Os Svâbhâvikas, ou filósofos da mais antiga escola de Budismo (que ainda existe no Nepal), especulam apenas sobre a condição ativa dessa "Essência", que eles chamam de Svabhavat, e consideram insensato teorizar sobre o poder abstrato e "incognoscível" em sua condição passiva. Eis por que são chamados de ateus tanto pela Teologia cristã, quanto pelos cientistas modernos nenhum dos dois é capaz de entender a lógica profunda da sua filosofia. Aquela não admitirá nenhum outro Deus que não os poderes secundários personificados que edificaram às cegas o universo visíveis e que se transformou no Deus antropomórfico dos cristãos e o Jeová troando entre relâmpagos e trovões. Por sua vez, a ciência racionalista saúda os budistas e os Svâbhâvikas como os "positivistas" dos tempos arcaicos. Se nos inclinarmos a um ponto de vista parcial da filosofia destes últimos, talvez os nossos materialistas estejam corretos em suas opiniões. Os budistas pretendem que não haja um Criador, mas uma infinidade de poderes criadores, que formam coletivamente a substância única eterna, cuja essência é inescrutável - e, portanto, não é um assunto apropriado para a especulação de uma verdadeiro filósofo. Sócrates recusou-se invariavelmente a discutir o mistério do ser universal, e, entretanto, ninguém o acusaria de ateísmo, exceção feita aos que procuraram a sua destruição. Ao inaugurar um período ativo, diz a Doutrina Secreta, uma expansão dessa essência Divina, que age de dentro para fora, ocorre em obediência à lei eterna e imutável, e o universo fenomenal ou visível é o resultado de uma longa cadeia de forças cósmicas colocadas progressivamente em movimento. Da mesma maneira, quando a condição passiva é retomada, ocorre uma contradição da essência Divina e a obra anterior da criação é aniquilada gradual e progressiva. O universo visível se desintegra, seu material se dispersa - e a "escuridão", solitária e abandonada, recobre uma vez mais a superfície do "abismo". Para empregar uma metáfora que poderia comunicar mais claramente a idéia, uma exalação da "essência desconhecida" produz o mundo e uma inalação o faz desaparecer. Esse processo tem-se repetido desde toda a eternidade e nosso universo atual é apenas um, de uma série infinita que não teve começo, nem terá fim.

Não podemos, por conseguinte, construir nossas teorias baseadas nas manifestações visíveis da Divindade, nos seus fenômenos naturais objetivos. Aplicar a esses princípios viradores o nome de Deus é pueril e absurdo. Também se poderia dar o nome de Benvenuto Cellini ao fogo que funde o metal, ou ao ar que esfria depois de ter passado pelo molde. Se a Essência espiritual íntima sempre oculta, e abstrata para as nossas mentes, que age nessas forças deve ser relacionada com a criação do universo físico, ela só o pode ser no sentido que lhe deu Platão. Ela poderia ser chamada, no melhor dos casos, de edificador do universo abstrato que se desenvolveu gradualmente no Pensamento Divino em que ela jazia em estado latente.

Tentaremos mostrar, o significado esotérico de Gênese e a sua concordância perfeita com as idéias de outras nações. Veremos que os seis dias de criação possuem um significado insuspeitado por muitos comentadores, que exercitam as suas habilidades até o ponto máximo tentando reconciliá-las com a Teologia cristã e a Geologia não-cristã. Por mais desfigurado que possa estar o Velho Testamento, ele ainda conserva em seu simbolismo o suficiente do original, em seus pontos principais, para mostrar sua semelhança com as cosmogonias das nações mais antigas do que a dos judeus.

Reproduzimos aqui os diagramas das cosmogonias hindu e caldaico-judaica. A antigüidade do diagrama dos primeiros pode ser inferida do fato de que muitos dos pagodes bramanicos foram desenhados e construídos com base nessa figura, chamada de Srî-Yantra". E contudo, vemos que os cabalistas judeus e medievais o tinham em grande estima e que lhe deram de "selo de Salomão Seria muito fácil encontrar a sua origem, uma vez que somos lembrados da história do rei-cabalista e das suas relações com o Rei Hiram e com Ophir - o país dos pavões, do ouro e do marfim -, cujas terras devemos procurar na Índia Antiga.

DIAGRAMA HINDUDIAGRAMA CALDAICO

 

EXPLICAÇÃO DOS DOIS DIAGRAMAS

QUE REPRESENTAM:

OS PERÍODOS CAÓTICOS E FORMADORES, ANTES E DEPOIS QUE NOSSO UNIVERSO COMEÇASSE A EVOLUIR.

DO PONTO DE VISTA ESOTÉRICO BRAMÂNICO, BUDISTA E CALDAICO, QUE CONCORDAM EM TODOS OS PONTOS COM A TEORIA EVOLUTIVA DA CIÊNCIA MODERNA.

A DOUTRINA HINDUA DOUTRINA CALDAICA
O Triângulo Superior
Contém o Nome Inefável. É o AUM que só deve ser pronunciado Mentalmente, sob pena de morte. O Parabrahman Não-revelado, o Princípio Passivo; o "mukta" absoluto e incondicionado, que não pode entrar na condição de um Criador, pois este, a fim de pensar, querer e agir, deve ser finito e condicionado (baddha); por conseguinte, em um sentido, deve ser um ser finito.
"ELE (Parabrahman) foi absorvido no não-ser, imperceptível , sem qualquer atributo distinto, inexistente para os nossos sentidos. Foi absorvido no seu sono (para nós) eterno e (para ele) periódico", pois era uma das "Noites de Brahmâ". Portanto, ele não é a Primeira, mas a Causa Eterna. Ele é a Alma das Almas, que nenhum ser pode compreender nesse estado. Mas "aquele que estuda os Mantras secretos e compreende a Vâch (o Espírito ou voz oculta dos Mantras, a manifestação ativa da Força latente) aprenderá a compreendê-lo em seu aspeto "revelado".
O Triângulo Superior
Contém o Nome Inefável. É Ain-Soph, o, Ilimitado, o Infinito, cujo nome só é conhecido pelos iniciados e não pode ser pronunciado em voz alta sob pena de morte. Não mais do que Parabrahman, Ain-Soph não pode criar, pois ele está na mesma condição de não-ser; ele é [Ain] inexistente enquanto se encontra em seu estado latente ou passivo em Olam (o tempo ilimitado e infinito); como tal, não é o Criador do universo visível, nem é o Or (Luz). Transformar-se-à nele mais tarde, quando o período de criação o tiver compelido a expandir a Força dentro de si, segundo a Lei de que é a essência corporificadora. "Aquele que aprende a conhecer, o Merkabah e o la'hash (fala secreta ou encantação) aprenderá o segredo dos segredos ."

 

Tanto "Ele, quanto Ain-Soph, em sua primeira manifestação de Luz, emergindo da Escuridão, podem resumir-se no Svabhavat, a Substância Eterna Auto-existente não-criada que produz tudo; ao passo que tudo o que for de sua essência é produzido por sua própria natureza.

O Espaço que Circunda o Triângulo SuperiorO Espaço que Circunda o Triângulo Superior

Quando a "Noite de Brahmâ" chegou ao fim e soou a hora de o Auto-existente manifestar-Se por revelação, ele tornou sua glória visível ao enviar de sua Essência um Poder ativo, que, feminino no começo, torna-se subseqüentemente andrógino. Ë Aditi, o "Infinito", o Ilimitado, ou antes o "Desmedido". Aditi é a "mãe" de todos os deuses, e Aditi é o Pai e Filho. "Quem nos levará de volta ao Grande Aditi, para que eu possa ver pai e mãe?" É em conjunção com essa Força Feminina que o Pensamento Divino mas latente produz a grande "Profundidade" - água. "A água nasceu de uma transformação da luz (...) e de uma modificação da água nasceu a terra, diz Manu (livro I, 78)."Sóis filhos de Aditi, nascida da água, vós que sóis nascidos da terra, ouvi meu chamado. "Nessa água (ou caos primitivo) o andrógino "Infinito, que, com a Eterna, forma a primeira Tríada abstrata, representada por AUM, depositou a vida universal. É o Ovo Mundano, em que ocorre a gestação de Purusha, ou o Brahmâ Manifesto. O germe que fecundou o Princípio-Mãe (a água) é chamado Nara, o Espírito Divino ou Espírito Santo, e as próprias águas são uma emanação dela, Nârî, enquanto o Espírito que se move sobre as águas é chamado de Nârâyana. "Naquele ovo, o grande Poder permaneceu inativo todo o ano do Criador, a cujo Final, por seu próprio pensamento, fez com que o ovo se dividisse." A metade superior tornou-se o céu, a inferior a terra (ambos em sua forma ideal, não em sua forma manifesta). Assim, essa segunda Tríada, apenas um outro nome para a primeira (nunca pronunciado em voz alta), e que é a Trimûrti secreta e primordial pré-védica verdadeira, consistia de

Nara, Pai-Céu,
Nârî, Mãe-Terra,
Virâj, o Filho-ou Universo.

A Trimûrti, que compreende Brahmâ, o Criador, Vishnu, o Conservador, e Shiva, o Destruidor e Regenerador, pertence a um Período posterior. É uma ilusão antropomórfica, inventada para uma compreensão popular das massas não-iniciadas. O Díkshita, o iniciado, conhecia muito mais e melhor. Assim, essa profunda alegoria - com cores de uma fábula ridícula, dada no Aitareya-Brâhmanam, que resultou nas representações, em alguns templos, de Brahmâ-Nara, sob a forma de um touro, e sua filha, Aditit-Nârî, na de uma bezerra - contém a mesma idéia metafísica da "queda do homem", ou do Espírito na geração - a matéria. O Espírito Divino Que-tudo-impregna, personificado sob os símbolos do Céu, do Sol e do Calor (fogo) - a correlação das forças cósmicas - fecunda Matéria ou Natureza, filha do Espírito. E o próprio Brahmâ se vê forçado a se submeter, e a suportá-la, à penitência das maldições de outros deuses (Elohim) em razão desse incesto. (Ver Coluna correspondente.) De acordo com a lei imutável e, por conseguinte, fatal, Nara e Nârî são ao mesmo tempo Pai e Filha. A Matéria, por suas transformações infinitas, é o produto gradual do Espírito. A unificação de uma Causa Suprema Eterna exigiu essa correlação; e, se a natureza é o produto ou o efeito dessa Causa, ela deve, por sua vez, ser fecunda pelo mesmo Raio divino que produziu a própria natureza. As alegorias cosmogônicas mais absurdas, se analisadas sem preconceito, estão sempre baseadas numa necessidade estrita e lógica.

"O ser nasceu do não-ser" diz um verso do Rig-Veda. O primeiro ser teve de se tornar andrógino e finito, em virtude mesmo da sua criação como um ser. E assim, mesmo a Trimûrti sagrada, que contém Brahmâ, Vishnu e Shiva, terá fim quando a "noite" de Parabrahman suceder ao "dia" atual, ou período de atividade universal. A segunda Tríada, ou antes a primeira - pois a mais suprema é apenas uma abstração pura -, é o mundo intelectual. A Vâch que a circunda é uma transformação mais definida de Aditi. Além da sua significação oculta no Mantra secreto, Vâch é personificada como o poder ativo de Brahmâ que procede dele.

Nos Vedas ela fala de si mesma como a alma suprema e universal. "Trago o Pai sobre a cabeça [da mente universal]; e minha origem está no meio do oceano e, portanto, penetro todos os seres. (...) Dando origem a todos os seres, eu passo como a brida [Espírito Santo]. Estou acima desse céu, além dessa terra; e aquilo que o Grande Ser for, eu o sou". Literalmente, Vâch é a fala, o, poder de despertar, por meio do arranjo métrico contido no número de sílabas dos Mantras, os poderes correspondentes no mundo invisível. Nos mistérios sacrificiais, Vâch desperta o Brahamâ (Brahmâ jinvati), ou o poder que repousa latente na base de toda operação mágica. Ela existe desde toda a eternidade como Yajña (sua forma latente), em estado dormente em Brahmâ desde o "não-começo" e procede dele sob a forma de Vâch (o poder ativo). É a chave da "Traividyâ", a três vezes sagrada ciência que ensina os Yajus (os mistérios sacrificiais). Tendo falado da Tríada não-revelada e da primeira tríada dos Sephiroth, chamada de "mundo intelectual", pouco resta a ser dito. Na grande figura geométrica que tem um triângulo duplo, o círculo central representa o mundo no universo.

O triângulo duplo pertence a uma das mais importantes, senão a mais importante delas, figura mística da Índia. É o emblema da Trimûrti, ou três em um. O triângulo que tem o ápice voltado para cima indica o princípio masculino; voltado para baixo, o feminino; os dois tipificam, ao mesmo tempo, o espírito e a matéria. Esse mundo no universo infinito é o microcosmo no macrocosmo, como na Cabala judaica.

É o símbolo do útero do universo, o ovo terrestre, cujo arquiteto é o ovo mundano dourado. É desse seio espiritual da mãe Natureza que procedem todas os grandes salvadores do universo - os avatares da Divindade invisível.

"Daquele que é e que, portanto, não é, do não-ser, Caída Eterna, nasceu o ser Purusha", diz Manu, o legislador. Purusha é o "macho divino", o segundo deus, e o avatar, ou o Logos de Parabrahman e seu filho divino, que por sua vez produziu Virâj, o filho, ou o tipo ideal do universo. "Virâj inicia a obra da criação ao produzir os dez Prajâpati, `os senhores de todos os seres'". De acordo com a doutrina de Manu, o universo está sujeito a uma sucessão periódica e interminável de criações e dissoluções, períodos de criação que são chamados Manvantaras.

"É o germe [que o Espírito Divino produziu de sua própria substância ] que nunca perece no ser, pois ele se torna a alma do Ser e, no período de pralaya [dissolução], torna a se absorver no Espírito Divino, que repousa desde toda a eternidade em Svayambhû, o Auto-existente'".

Como mostramos, nem os Svâbhavikas - filósofos budistas - nem os brâmanes acreditam numa criação do universo ex nihilo, mas acreditam na Prakriti, as indestrutibilidade da matéria. A evolução das espécies e o sucessivo aparecimento de diversos tipos novos estão claramente mostrados em Manu.

."Da terra, do calor e da água nasceram todas as criaturas, animadas, produzidas pelo germe que o Espírito Divino extraiu de sua própria substância. Assim, Brahmâ estabeleceu as séries de transformações da planta até o homem, e do homem até a essência primordial. (...) Entre elas, cada ser (ou elemento) sucessivo adquire a qualidade do precedente; e, à medida que galga um dos graus, ele é dotado de novas propriedades".

Esta, acreditamos, é a verdadeira teoria dos evolucionistas modernos.

Quando chegou o período ativo, Ain-Soph emitiu, de sua própria essência eterna, Sephirah, o Poder ativo, chamado de Ponto Primordial, e a Coroa, Kether. Foi só através dela que a "Sabedoria Desmedida" pôde dar uma forma concreta ao seu Pensamento abstrato. Dois lados do triângulo superior, o lado direito e a base, são formados de linhas interrompidas; o terceiro, o do lado esquerdo é formado por uma linha pontilhada. É através deste lado que emerge Sephirah. Espalhando-se em todas as direções, ela circunda finalmente todo o triângulo. Nessa emanação do princípio ativo feminino, a partir do lado esquerdo do triângulo místico, pressagia-se a criação de Eva a partir do lado esquerdo de Adão. Adão é o Microcosmo do Macrocosmo e é criado à imagem de Elohim. Na Árvore da Vida, (Etz Haiyim] a Tríada tripla está disposta de maneira que os três Sephiroth masculinos fiquem à direita, os três femininos à esquerda, e os quatro princípios que os unem no centro.

Do Orvalho Invisível que cai da "Cabeça" Superior, Sephirah cria a água primordial, ou o caos assumindo forma. É o primeiro passo para a solidificação do Espírito, que, através de várias modificações, produzirá a terra. "É preciso terra e água para fazer uma alma vivente", diz Moisés.

Quando Sephirah emerge, da Divindade latente, como um poder ativo, ela é feminina; quando assume o papel de um Criador, torna-se masculino; eis por que é andrógina. Ela é o "Pai e a Mãe Aditi" da cosmogonia hindu. Após ter meditado sobre a "Profundidade", o "Espírito de Deus" produz a sua própria imagem na água, o Útero Universal, simbolizado em Manu pelo Ovo Dourado. Na cosmogonia cabalística, Céu e Terra estão personificados por Adão-Cadmo e pelo segundo Adão. A primeira Tríada Inefável, contida na idéia abstrata das "Três Cabeças", era um "nome de mistério". Ela se compunha de Ain-Soph, Sephirah e Adão-Cadmo, o Protogonos, sendo este idêntico ao primeiro, pois que era bissexual. Em toda a Tríada existe um macho, uma fêmea e um andrógino. Adão -Sephirah é a Coroa (Kether). Ele se empenha na obra da criação, produzindo em primeiro lugar Hokhmah, Sabedoria Masculina, uma potência masculina ativa, representada por, Yãh, ou as Rodas da Criação, [Ophanim], das quais procedeu Binah, Inteligência, potência feminina e passiva, que é Yahveh, que vemos figurar na Bíblia como o Supremo. Mas este Yahveh não é o Yod-heva cabalístico. O binário é a pedra angular da Gnosis. Assim como o binário é a Unidade que se multiplica e que é autocriadora, os cabalistas mostram que o Ain-Soph passivo "Desconhecido" faz emanar de si mesmo Sephirah, que, tornando-se luz visível, produz, diz-se, Adão-Cadmo. Mas, no sentido oculto, Sephirah e Adão são uma mesma luz, latente e ativa, invisível e visível. O segundo Adão, como o tetragrama humano, produz por sua vez Eva, em um dos seus lados. É com essa segunda Tríada que os cabalistas se ocuparam, dificilmente fazendo uma referência ao Supremo e ao Inefável e nunca chegando a fazer qualquer declaração escrita. Todo conhecimento relativo a este último foi partilhado oralmente.

É o segundo Adão, então, é a unidade representada por Yod, emblema do princípio cabalístico masculino, e, ao mesmo tempo, ele é Hokhmah, Sabedoria, enquanto Binah ou Yehovah é Eva; o primeiro Hokhmah emanado de Kether, ou o andrógino, Adão-Cadmo, e o segundo, Binah, de Hokhmah.

Se combinarmos com Yod, as três letras que formam o nome de Eva, teremos o divino tetragrama, pronunciado IEVO-HEVAH, Adão e Eva, Jehovah, masculino e feminino, ou idealização da Humanidade corporificada no primeiro homem. É assim que podemos provar que, enquanto os cabalistas judaicos, em comum com os seus mestres iniciados, os caldeus e os hindus, adoravam o Deus Supremo e Desconhecido, no silêncio sagrado dos seus santuários, as massas ignorantes de todas as nações adoravam algo que era certamente menos do que a Substância Eterna dos budistas, os chamados ateus.

Como Brahmâ, a divindade manifestada no Manu mítico, ou o primeiro homem (nascido de Svayambhû, ou o Auto-existente) é finito, assim também Jeová, corporificado em Adão e Eva, é apenas um deus humano. Ele é o símbolo da Humanidade, uma mistura do bem com uma porção do mal inevitável; de espírito caído na matéria. Adorando Jeová, simplesmente adoramos a natureza, corporificada no homem, metade espiritual e metade material, no melhor dos casos: somos panteístas, quando não adoradores de fetiches, como os judeus idólatras, que sacrificavam em lugares elevados, nos bosques, ao princípio masculino e feminino personificado, ignorando IAÔ, o "Nome Secreto" Supremo dos Mistérios Shekinah é a Vâch hindu, adorada nos mesmos termos. Embora seja mostrada na Árvore da Vida cabalística como procedente da nona Sephiroth, Shekinah é o "véu" de Ain-Soph e a "veste" de Jeová. O "véu", que durante longas eras ocultou o verdadeiro Deus supremo, o Espírito universal, e mascarou Jeová, a divindade exotérica, fez com que os cristãos o aceitassem como o "pai" do Jesus iniciado.

Todavia, os cabalistas, bem como os Dîkshita hindus, conheciam o poder de Shekînah ou Vâch e o chamavam de "sabedoria secreta" [Hokhmah nistharah]. O triângulo representou um papel importante no simbolismo religioso de toda grande nação, pois, em toda parte, ele representou os três grandes princípios -espírito, força e matéria; ou o princípio ativo (masculino), passivo (feminino) e o dual ou correlativo que participa de ambos e os mantém unidos.

Era o Arba ou "quaternário" kabiri, sumariados na unidade da Divindade suprema. Encontra-se nas pirâmides egípcias, cujos lados iguais se elevam até se perderem num ponto culminante. No diagrama cabalístico, o círculo central da figura bramânica é substituído pela cruz; a perpendicular celestial e a linha de base horizontal terrestre.

Mas a idéia é a mesma: Adão-Cadmo é o tipo da humanidade como uma totalidade coletiva, na unidade de Deus criador e do espírito universal. "Daquele que é sem forma, o inexistente (também a Causa eterna, mas não a Primeira), nasceu o homem celeste." Mas após ter criado a forma do homem celeste [Adam Illa-ah], ele "usou-a como veículo no qual ele desceu", diz a Cabala. Assim, Adão-Cadmo é o avatar do poder oculto. Após isso, Adão cria ou engendra, pelo poder combinado do Sephiroth, o Adão terrestre.

A obra de criação também é iniciada por Sephirah na criação dos dez Sephiroth (que são os Prajâpati da Cabala, pois eles são igualmente os Senhores de todos os seres).

O Zohar afirma a mesma coisa. Segundo a doutrina cabalística, houve mundos antigos (Zohar, III, p. 292b). Tudo retornará um dia àquilo de onde procedeu. "Todas as coisas de que este mundo consiste, tanto o espírito, quanto o corpo, voltarão ao seu princípio e às razões de onde precederam" (Zohar, II, 218b). Os cabalistas também defendem a indestrutibilidade da matéria, embora sua doutrina seja ainda mais cuidadosamente encoberta do que a dos hindus. A criação é eterna e o universo é a "veste" ou "o véu de Deus" - Shekinah; e este é imortal e eterno como Aquele no seio em que ele sempre existiu. Todo o mundo é estabelecido com base no padrão do seu predecessor, e cada vez mais grosseiro e material que o precedente. Na Cabala, todos eles tinham o nome de centelhas. [Zohar, III, p. 292.b] Finalmente, nosso mundo atual grosseiramente material foi formado.

Na narrativa caldaica do período que precede à gênese de nosso mundo, Berosus fala de um tempo em que nada existia a não ser a escuridão, e um abismo de águas, povoado de monstros horríveis, "produziu um princípio duplo. (...) Naquelas criaturas estavam combinados os membros de todas as espécies de animais. Além delas, havia peixes, répteis, serpentes e outros animais monstruosos, que assumiam as formas e as feições uns dos outros".

 

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