Moisés um iniciado. Os ensinamentos ministrados por Jesus.

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:43

Seja o que for que agora se acredite ter sido Moisés, demonstraremos que ele era um iniciado. A religião mosaica era, na melhor das hipóteses, um culto do Sol e da serpente, diluído, por algumas poucas nações monoteístas, antes que estas fossem introduzidas à força nas chamadas Escrituras inspiradas" por Esdras, ao tempo em que ele pretendia ter reescrito os livros mosaicos. Seja como for, o Livro dos números foi escrito mais tarde; e é tão fácil seguir nele o culto do Sol e da serpente, quanto em qualquer história pagã. O relato das serpentes de fogo é uma alegoria, em mais de um sentido. As "serpentes" eram os levitas ou os ofitas, que formavam a escola de Moisés (ver Êxodo, XXXII, 26); e a ordem do "Senhor" a Moisés, para dobrar a cabeça do povo "diante do Senhor contra o Sol", que é o emblema desse Senhor, não deixa margem e equívocos.

 
Os nazars ou profetas, assim como os nazarenos, eram uma casta oposta ao culto de Baco, de modo que, em comum com todos os profetas iniciados, eles se mantinham fiéis ao espírito das religiões simbólicas e ofereciam uma forte oposição às práticas idólatras ou exotéricas da letra morta. Essa a razão pela qual os profetas foram, com tanta freqüência, lapidados pelo populacho, sob a instigação dos sacerdotes que tinham todo o interesse em favorecer as superstições populares. Ottfried Müller mostra quanto os mistérios órficos diferiam dos ritos populares de Baco, embora os Orphikoi sejam conhecidos por terem seguido o culto de Baco. O sistema de puríssima moralidade e de severo ascetismo promulgado nos ensinamentos de Orfeu, e seguido estritamente por seus partidários, é incompatível com a lascívia e a grosseira imoralidade dos ritos populares. A fábula de Aristeu que persegue Eurídice na floresta, onde há uma serpente que lhe causa a morte, é uma alegoria muito clara, que foi, em parte, explicada nos tempos primitivos. Aristeu é a força bruta, que persegue Eurídice, a doutrina esotérica, na floresta em que a serpente (emblema de todos os deuses solares, e cultuado sob seu aspecto grosseiro mesmo pelos judeus) a mata; ou seja, força a verdade a tornar-se ainda mais esotérica, e a buscar proteção no mundo inferior, que não é o inferno de nossos teólogos. Além disso, a sorte de Orfeu, estraçalhado pelas bacantes, é outra alegoria para demonstrar que os ritos grosseiros e populares são sempre mais bem-vindos do que a verdade divina mais simples, provando a grande diferença que deve ter existido entre o culto esotérico e o popular. Visto que os poemas de Orfeu e de Museu foram perdidos desde os tempos mais recuados, de modo que nem Platão nem Aristóteles reconheceram qualquer coisa autêntica nos poemas que ainda existiam em seu tempo, é difícil dizer com precisão em que consistiam seus ritos peculiares. Temos, no entanto, a tradição oral, e dela podemos tirar várias inferências; essa tradição assinala que Orfeu trouxe sua doutrina da Índia, sendo a sua religião a dos antigos magos - aquela à qual pertencem os iniciados de todos os países, a começar de Moisés, os "Filhos dos Profetas", e os ascéticos nazars (que não devem ser confundidos com aqueles contra os quais trovejaram Oséias e outros profetas) e terminando com os essênios. Esta última seita era composta de pitagóricos, antes que seu sistema tivesse sido mais degenerado do que aperfeiçoado pelos missionários budistas, que, como Plínio nos diz, se estabeleceram nas costas do Mar Morto, muitos séculos antes de seu tempo, "per saeculorum millia (Plínio, Nat. Hist., V. XV)". Mas se, por um lado, esses monges budistas foram os primeiros a estabelecer comunidades monásticas e inculcar a estrita observância das regras monacais dogmáticas, por outro lado, foram também os primeiros a impor e popularizar as severas virtudes exemplificadas por Sâkyamuni (o fundador do Budismo, o Senhor Gautama), e que foram anteriormente exercitadas em casos isolados de bem conhecidos filósofos e seus seguidores; virtudes pregadas dois ou três séculos depois por Jesus, praticadas por uns poucos ascetas cristãos, gradualmente abandonadas e inteiramente esquecidas pela Igreja cristã.
 
Os nazars iniciados sempre obedeceram a essa regra, que havia sido seguida antes deles pelos adeptos de todos os tempos; e os discípulos de João foram apenas um ramo dissidente dos essênios. Por conseguinte, não podemos confundi-los com todos os nazars mencionados no Velho Testamento, e que são acusados por Oséias de se terem separado ou se consagrado a Bosheth; o que implicava a maior abominação possível. Inferir, como o fazem alguns críticos e teólogos, que isto significa abandonar a castidade ou a continência, é perverter seu verdadeiro significado ou ignorar totalmente a língua hebraica. O décimo primeiro verso do primeiro capítulo de Miquéias explica parcialmente o termo, em sua velada tradução: "Passai, ó habitante de Saphir, etc." e no texto original a palavra é Bosheth. Certamente, nem Baal, nem Iahoh Kadosh, com seu Kadeshim, eram deuses de ascética virtude, embora a Septuagint os chame, assim como aos galli - os sacerdotes perfeitos -, de iniciados e consagrados. O grande Sod do kadeshim, traduzido nos Salmos LXXXIX, 7, como "assembléia de santos", não era senão um mistério dos "santificados" no sentido dado a esta palavra por Webster.
 
A seita dos anziretas existiu muito tempo antes das leis de Moisés (Cf. Números, VI,2; Munk, Palestina, p.169), e teve origem entre o povo, em guerra aberta contra os "escolhidos" de Israel, a saber, o povo da Galiléia, a antiga olla-podrida das nações idólatras, onde foi erguida Nazara, a atual Nasra. Foi em Nazara que os antigos naziretas mantiveram seus "mistérios de vida" ou "assembléias" (como figura agora a palavra na tradução), que não passavam de mistérios secretos de iniciação, totalmente distintos em sua forma prática populares que eram realizadas em Biblos em honra de Adónis. Visto que os verdadeiros iniciados da Galiléia desterrada adoravam o verdadeiro Deus e desfrutavam visões transcendentais, o que faziam os "escolhidos" nesse mesmo tempo? Ezequiel no-lo diz (cap. VIII) quando, ao descrever o que viu, ele diz que a forma de uma mão o pegou pelos cabelos e o transportou da Caldéia a Jerusalém. "E lá estavam setenta dos senadores da casa de Israel. (...) `Filho do Homem, viste o que os anciões (...) estão fazendo no escuro?", pergunta o "Senhor". "Na porta da casa do Senhor (...) estavam as mulheres sentadas a chorar por Tamuz" (Adónis). Não podemos realmente supor que os pagãos jamais ultrapassaram o povo "escolhido" em certas vergonhas abominações de que os seus próprios o acusavam com tanta freqüência. Não é preciso ser um erudito em língua hebraica para admitir essa verdade; basta ler a Bíblia na tradução e meditar sobre as palavras dos "santos" profetas.
 
Tal foi a razão do ódio dos nazarenos posteriores aos judeus ortodoxos - seguidores da Lei Mosaica exotérica - externo, aquilo que o vulgo conhece; público, exterior. O oposto a esotérico ou oculto -, que foram sempre acusados de adorar a Iurbo-Adunai, ou Senhor Baco. Passando sob o disfarce de Adoni-Iahoh, (testo original, Isaías, LXI,1), Iahoh e Senhor Tsavaötih, o Baal-Adônis, ou Baco, cultuado nos bosques e nos Jardins ou mistérios públicos, transforma-se enfim, sob a mão polidora de Esdras, no Adonai de Masorah - o Deus Único e Supremo dos cristãos!
 
"Não adorarás o Sol cujo nome é Adunai", diz o Codex dos nazarenos; "cujo nome é também Kadesh [Salmos,XXXXIX,7.] e El-El. Esse Adunai elegerá para si uma nação, a qual se reunirá em multidões [seu culto será exotérico] (...) Jerusalém tornar-se-á o refúgio e a cidade dos Abortivos, que se aperfeiçoarão [circuncidarão] por meio da espada (...) e adorarão a Adunai [Codex nazaraeus, I,p.47]".
 
Os nazarenos mais antigos, que eram os descendentes dos nazars da Escrituras, e cujo último líder proeminente foi João Batista, embora considerados pouco ortodoxos pelos escribas e fariseus de Jerusalém, eram, não obstante, respeitados, nunca tendo sido molestados. Mesmo Herodes "temia a multidão" porque considerava João um profeta (Mateus, XIV, 5). Mas os seguidores de Jesus pertenciam, evidentemente, a uma seita que se tornou um espinho ainda mais exasperante em seu flanco. Ela surgia como uma heresia dentro de outra heresia; pois enquanto os nazars dos tempos antigos, os "Filhos dos Profetas eram cabalistas caldeus, os adeptos da nova seita dissidente revelaram-se reformadores e inovadores desde o início. A grande semelhança observada por alguns crítico entre os ritos e as observações dos cristãos primitivos e os dos essênios pode ser explicada sem a menor dificuldade. Os essênios, como já observamos, eram missionários budistas convertidos que, ao mesmo tempo, invadiram o Egito, a Grécia e mesmo a Judéia, a partir do reino de Asoka, o zeloso propagandista; e ao passo que é evidentemente aos essênios que pertence a honra de terem tido o reformador nazareno Jesus como pupilo, descobrimos que este, no entanto, discordou de seus primeiros mestres quando a inúmeras questões de observância formal. Não podemos chamá-lo de essênio, pelas razões que indicaremos mais adiante, nem de nazar ou de nazário da seita mais antiga. O que Jesus foi podemos descobri-lo no Codex nazaraeus, nas injustas acusações dos gnósticos de Bardesane.
 
"Jesu Mesio é Nebu, o falso Messias, o destruidor da religião antiga", diz o Codex. Ele é o fundador da seita dos novos nazars, e, como o indicam claramente as palavras, um seguidor da doutrina budista em hebraico, a palavra naba, significa "falar com inspiração"; e, nebo é um deus de sabedoria. Mas Nebo é também Mercúrio, e Mercúrio é Buddha no monograma hindu dos planetas. Além disso, descobrimos que os talmudistas afirmavam que Jesus era inspirado pelo gênio de Mercúrio.
 
O reformador nazareno pertencia, sem duvida alguma, a uma dessas seitas; embora seja talvez impossível decidir absolutamente a qual delas. Mas o que é plenamente evidente é que ele pregava a filosofia de Buddha-Sâkyamuni - nome do fundador do budismo o Senhor Gautama -. Denunciados pelos últimos profetas, amaldiçoados pelo Sanhedrim, os nazars - que se confundem com os outros do mesmo nome, "que se consagraram à vergonha" - foram secreta, se não abertamente, perseguidos pela sinagoga ortodoxa. Torna-se então claro por que Jesus foi tratado com tanto desdém desde o começo, e chamado depreciativamente de "o Galileu". Nataniel pergunta - "De Nazaré pode sair algo de bom?" (João, I,46), no início de sua carreira, e apenas porque ele sabe que se trata de um nazar. Não indica isto claramente que mesmo os nazars mais antigos não eram realmente hebraicos, mas antes uma classe de teurgistas caldeus? Além disso, visto que o Novo Testamento é conhecido por seus erros de tradução e falsificações transparentes dos textos, podemos como razão suspeitar que a palavra Nazaré substituiu o termo nasaria ou nazari; e que o texto original rezava: "De um nozari, ou um nazareno pode sair algo de bom?", isto é, de um seguidor de São João Batista, com o qual nós o vemos associado desde o início de sua entrada em ação, após ter estado desaparecido por um período de aproximadamente vinte anos. Os equívocos do Velho Testamento nada são comparados aos dos Evangelhos. Nada mostra melhor do que essas evidentes contradições o sistema da piedosa fraude sobre o qual repousa a doutrina do Messias. "Este é o Elias que deve vir", diz Matheus de João Batista, forçando assim uma antiga tradição cabalística no quadro das evidências (XI, 14). Mas quando, ao se dirigirem ao próprio Batista, eles lhe perguntam (João, I, 21), "És tu o Elias?", ele diz "Não sou!" Quem sabe mais - João ou seu biógrafo? Qual é a revelação divina?
 
O objetivo de Jesus, como foi evidentemente o de Gautama Buddha, consistia em prestar um largo benefício à Humanidade, produzindo uma reforma religiosa que lhe daria uma religião de pura ética; até então, o verdadeiro conhecimento de Deus e da Natureza permaneciam exclusivamente nas mãos das seitas esotéricas e de seus adeptos. Visto que Jesus utilizava óleo e que os essênios nunca usaram senão água pura, não se pode dizer que ele foi um essênio no sentido estrito da palavra. Por outro lado, os essênios foram também "postos de lado"; eles eram curadores (asaya) e habitavam no deserto como todos os ascetas.
 
Mas, embora não se abstivesse de vinho, Jesus poderia se manter um nazareno. Pois no cap. VI de Números, vemos que, após o sacerdote ter agitado a cabeleira de um nazarita em oferenda diante do Senhor, "em seguida, um nazarita pode beber vinho" (VI, 20). a severa reprimenda do reformador ao povo que não se satisfazia com nada é expressa na seguinte sentença: "Veio João, que não come e não bebe, e dizeis: `O demônio está nele'. (...) Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: `Eis aí glutão e beberrão [Lucas, VII,33-4]". Apesar disso, ele era um essênio e um nazareno, pois podemos vê-lo enviando uma mensagem a Herodes para dizer que era alguém que expulsava demônios e que realizava curas, mas na verdade chamando-se a si mesmo de profeta e declarando-se igual aos outros profetas.

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