Espíritos Elementares Tem Medo da Espada

Enviado por Estante Virtual em sab, 17/12/2011 - 12:55

Em Homero, temos Ulisses evocando o espírito do seu amigo, o adivinho Tirésias. Preparando-se para a cerimônia do "festival do sangue", Ulisses saca da sua espada e dessa maneira assusta os milhares de fantasmas atraídos pelo sacrifício. O amigo, o tão esperado Tirésias, não ousa aproximar-se enquanto Ulisses mantém a arma apavorante na mão. Enéias prepara-se para descer ao reino das sombras, e, assim que se aproxima da entrada, a Sibila que o guia dita ao herói troiano o seu conselho e lhe ordena sacar da sua espada e abrir para si uma passagem através da multidão espessa de formas errantes:

Pselo, em sua obra, conta a história de sua cunhada que foi posta num estado muito assustador por um demônio elementar que a possuíra. Ela foi finalmente curada por um conjurador, um estrangeiro chamado Anaphalangis, que começou por ameaçar o ocupante invisível do seu corpo com uma espada nua, até que o desalojou. Pselo apresenta todo um catecismo da demonologia, em que se exprime nos seguintes termos, tanto quanto nos lembramos:

“Tuque invade viam, vaginaque eripe ferrum”.

"Quereis saber", perguntou o conjurador, "se os corpos dos espíritos podem ser feridos por espadas ou por qualquer outra arma? Sim, eles podem. Qualquer substância dura que os golpeie pode causar-lhes uma dor sensível; e, embora os seus corpos não sejam feitos de nenhuma substância sólida ou firme, eles a sentem, pois, em seres dotados de sensibilidade, não são apenas os seus nervos que possuem a faculdade de sentir, mas também o espírito que reside neles (...) o corpo de um espírito pode ser sensível em seu todo, bem como em cada uma das suas partes. Sem o auxilio de qualquer organismo físico, o espírito vê, ouve e, se o tocardes, sente o vosso toque. Se os dividirdes em dois, ele sentirá a dor como qualquer homem vivo, pois ele também é matéria, embora seja esta tão refinada que se torna geralmente invisível aos nossos olhos. (...) Uma coisa, todavia, o distingue do homem vivo; a saber, o fato de que quando os membros de um homem são divididos, as suas partes não podem ser reunidas muito facilmente. Mas cortai um demônio em duas partes, e o vereis imediatamente se recompor. Assim como a água ou o ar se reúnem após a passagem de um corpo sólido, que não deixa nenhum sinal, nada atrás de si, assim também o corpo de um demônio condensa-se novamente, quando a arma penetrante é retirada da ferida. Mas cada incisão feita nele não lhe causa menos dor. Eis por que os demônios teme a ponta de uma espada ou de qualquer arma pontiaguda. Que aqueles que os queiram ver sangrar façam a experiência".

Um dos eruditos mais sábios deste século, Bodin, o demonólogo, é da mesma opinião: os elementares humanos e cósmicos "são extremamente medrosos de espadas e de adagas". Também esta é a opinião de Porfírio, de Jâmblico e de Platão. Plutarco menciona-o várias vezes. Os teurgos praticantes sabiam-no muito bem e agiam de acordo com a sua informação; e um grande número deles afirma que "os demônios sofrem com qualquer incisão que seja feita em seus corpos".

Outras páginas interessantes: