A Doutrina dos Pitris Planetários

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 00:33
Assim, a doutrina dos pitris planetários e terrestres foi revelada totalmente na Índia antiga, como a conhecemos em nosso dias, apenas no momento da iniciação e aos adeptos dos graus superiores. São muito os faquires que, embora puros e honestos e devotados, nunca viram a forma astral de um pitri humano puro (um ancestral ou pai), senão no momento solene da sua primeira e última iniciação. É na presença de seu instrutor, o guru, e só antes que o vatu-faquir seja enviado ao mundo dos vivos, com sua vara de bambu de sete nós para sua proteção, que ele é colocado repentinamente face a face com a PRESENÇA desconhecida. Ele a vê e se prostra aos pés da forma evanescente, mas não lhe é confiado o grande segredo da sua evocação; pois ele é o mistério supremo da sílaba sagrada. O AUM contém a evocação da Tríade védica, a Trimûrti Brahmâ, Vishnu e Shiva, dizem os orientalistas; ela contém a evocação de algo mais real e objetivo do que essa abstração trina - dizemos nós, contradizendo respeitosamente os eminentes cientistas. É a Trindade do próprio Homem, em vias de se tornar imortal por meio da união solene do seu EGO - o corpo exterior, grosseiro, não sendo o invólucro levado em consideração nessa trindade humana. É quando essa Trindade, antecipando a reunião final triunfante além das portas da morte corpórea, torna-se durante alguns segundos uma UNIDADE, que o candidato é autorizado, no momento da iniciação, a contemplar seu Ego futuro. É assim que devemos interpretar o Desâtîr persa quando ali se fala do "Resplendente"; os filósofos-iniciados gregos, do Augoeides - a brilhante "visão sagrada que reside na luz pura"; em Porfírio, quando diz que Plotino se uniu ao seu "deus" quatro vezes durante a sua vida.
 
"Na Índia antiga, o mistério da Tríade, conhecido apenas dos iniciados, não podia, sob pena de morte, ser revelado ao vulgo", diz Brihaspati.
 
Acontecia o mesmo nos mistérios da antiga Grécia e da Samotrácia. O mesmo acontece hoje. Ele está nas mãos dos adeptos e deve continuar sendo um mistério para o mundo, enquanto o erudito materialista o considerar uma falácia indemostrável, uma alucinação insana e enquanto o teólogo dogmático o condenar como uma armadilha do Diabo.
 
A comunicação subjetiva com os espíritos humanos, divinos, dos que nos precedem na terra silenciosa da bem-aventurança é dividida na Índia em três categorias. Sob a orientação espiritual de um guru ou sannyâsin, o vatu (discípulo ou neófito) começa a sentir a presença deles. Se não estivesse sob a tutela imediata de um adepto, ele seria controlado pelos invisíveis e estaria completamente a sua mercê, pois, entre essas influências, ele é incapaz de discernir o bom do mau. Feliz do sensitivo que estiver seguro da pureza de sua atmosfera espiritual!
 
A esta consciência subjetiva, que é o primeiro grau, acrescenta-se, após algum tempo, o da clariaudiência. Este é o segundo grau ou estágio do desenvolvimento. O sensitivo - quando não foi submetido a um treinamento psicológico - agora ouve claramente, mas ainda é incapaz de discernir; é incapaz de verificar as suas impressões e está desprotegido contra os poderes astuciosos do ar que freqüentemente o enganam com vozes e palavras. Mas há a influência do guru; ela é o escudo mais poderoso contra a intrusão dos Bhûtnâ (demônio?) na atmosfera do vatu (discípulo ou neófitos), consagrado aos pitris puros, humanos e celestiais.
 
O terceiro grau é aquele em que o faquir ou qualquer outro candidato sente, ouve e vê; e em que ele pode produzir, quando quiser, os reflexos dos pitris no espelho da luz astral. Tudo depende dos seus poderes psicológicos e mesméricos, que sempre são proporcionais à intensidade da sua vontade. Mas o faquir nunca controlará o Âkasa, o princípio espiritual da vida, o agente onipotente de todo fenômeno, no mesmo grau em que o faria um adepto da terceira e mais elevada iniciação. E os fenômenos produzidos pela vontade desses últimos geralmente não circulam pelos mercados a satisfação dos investigadores clamorosos.
 
A unidade de Deus, a imortalidade do espírito, a crença na salvação apenas por nossos atos, mérito e demérito - esses são os principais artigos de fé da religião-sabedoria e as bases do Vedismo, do Budismo, do Parsismo; e constatamos que também o foram para o antigo Osirismo quando nós, abandonamos o deus-sol popular ao materialismo da ralé.
 
"O PENSAMENTO escondia o mundo no silêncio e na escuridão. (...) Então o Senhor que existe por Si mesmo, e que não deve ser divulgado aos sentidos externos do homem, dissipou a escuridão e manifestou o mundo perceptível."
 
"Aquele que pode ser percebido apenas pelo espírito, aquele que escapa aos órgãos dos sentidos, aquele que não tem nenhuma parte visível, que é eterno, a lama de todos os seres, aquele que nenhum pode compreender exibiu todo o Seu esplendor."
Este é o ideal do Supremo, no pensamento de todo filósofo hindu.
 
"Dentre todos os deveres, o principal é adquirir o conhecimento da alma suprema [O Espírito]; esta é a primeira de todas as ciências, pois só ela confere imortalidade ao homem."
 
E os nossos cientistas falam do Nirvana de Buddha e do Moksha de Brahmâ como uma aniquilação completa! É assim que alguns materialistas interpretam os seguintes versos.
 
"O homem que reconhece a Alma Suprema em sua própria casa, como também na de todas as criaturas, e que é igualmente justo para todos [homens ou animais], obtém a mais feliz de todas as sortes, a de ser finalmente absorvido no seio de Brahmâ."
 
A doutrina do Moksha e do Nirvana, tal como foi compreendida pela escola de Maz Muller, não pode ser comparada com os inúmeros textos que se lhe poderiam opor, se desejasse, como uma refutação final. Há, em muitos pagodes, esculturas que contradizem totalmente essa acusação. Pedi a um brâmane que vos exprime o Moksha, dirigi-vos a um letrado budista e solicitai-lhe que vos defina o significado de Nirvana. Ambos responderão que em nenhuma dessas religiões o Nirvana representa o dogma da imortalidade do espírito. Que alcançar o Nirvana significa a absorção na grande Alma Universal, e que esta representa um estado, não um ser individual ou um deus antropomórfico, como alguns concebem a grande EXISTÊNCIA. Que um espírito, ao chegar a esse estado, se torna uma Parte do Todo integral, mas nunca perde a sua individualidade. Doravante, o espírito vive espiritualmente, sem temor de modificações posteriores de formas; pois a forma pertence à matéria, e o estado de Nirvana implica uma purificação completa e um livramento final até mesmo da partícula mais sublime de matéria.
 
Essa palavra absorvido, quando se demonstra que os hindus e os budistas acreditam na imortalidade do espírito, deve significar necessariamente união íntima, nunca aniquilação. Que os cristão os chamem de idólatras, se ainda ousam fazê-lo, em presença da ciência e das últimas traduções dos livros sagrados sânscritos; eles não têm o direito de apresentar a filosofia especulativa dos sábios antigos como uma inconsistência e os próprios filósofos como loucos ilógicos. Com muito mais razão, poderíamos acusar os judeus antigos de niilismo. Não há uma única palavra nos Livros de Moisés - ou dos profetas - que, tomada
literalmente, implique a imortalidade do espírito. Entretanto, todos judeu devoto espera ser "recolhido no seio de A-Braham".

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